Que a força esteja com a economia criativa

Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo

É muito provável que você já tenha assistido a algum filme série “Star Wars”. Mas o bordão “que a força esteja com você” é conhecido até por quem nunca assistiu ao clássico cinematográfico. Você sabia que, com essa sequência de histórias, nós podemos aprender sobre muito mais do que efeitos especiais?

A professora Giselle Dziura, coordenadora dos cursos de pós-graduação em Arquitetura e Design da Uninter, convidou o estatístico Everson Henequi e o professor Sergio Czajkowski para uma conversa sobre o tema “Star Wars e a força da economia criativa”. Ao classificarem os principais fatores que fazem a sequência de Guerra nas Estrelas ser tão grandiosa, a professora elenca o senso de justiça e a intuição. “Lá no fundo é algo que diz para ir por esse caminho, e não por aquele”, exemplifica.

Já Everson destaca a ética e o senso de pertencimento, dando destaque à famosa jornada do herói vivida pelo protagonista. E, por fim, Sérgio acredita que o foco da narrativa tem conexão com a perseverança e a superação. “Tempos atrás, os gregos já faziam isso com Aquiles e Hércules”, revela, comentando sobre a jornada do herói de Anakin Skywalker.

Os profissionais concordam que a mensagem de destaque é a de trilhar o próprio caminho. “No Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca, tem toda uma questão de ser artesão. O sabre não era comprado em uma lojinha, o próprio personagem produzia. Isso mostra que é preciso se virar e dar um jeito de fazer o seu próprio caminho. E aqui nós já podemos dar um pontapé no empreendedorismo”, conta Everson.

A vida imita a arte ou o inverso?

A economia criativa nada mais é que todo o capital intelectual de produção social. “A produção está relacionada à indústria criativa, que precisa de motivação para que gere negócios em várias escalas”, complementa a coordenadora.

Esses negócios não são apenas os consagrados, os gigantescos. Pequenos empreendimentos também podem trabalhar com os conceitos da economia criativa. A força de um negócio não está na magnitude externa, mas no interior. Assim como o Mestre Yoda – pequeno por fora, grande por dentro.

Neste aspecto, o professor Sergio destaca uma passagem do filme que calha com o assunto. “No Império Contra-Ataca, eu gosto muito quando o Mestre Yoda diz para o Luke o seguinte: ‘faça ou não faça. Tentativa não há’”, descreve. Aqui também está um dos maiores ensinamentos da trilogia: tenha foco.

Quando o Mestre Yoda diz para o Luke que ele falhou por não crer, assim são as pequenas empresas ou ideias ainda em progresso. De nada adianta ter todas as ferramentas na mão se você não acreditar naquilo que está se propondo a fazer.

Há uma assimilação muito interessante sobre a força ser luz ou laser. Ambos os raios brilham, mas apenas o laser corta. E por que isso acontece? Por que apenas um deles consegue realizar essa missão? Por conta do foco. Essa é a grande sacada da economia criativa.

O professor Sergio deixa um questionamento interessante: “Por que os brasileiros são tão criativos, mas nem toda essa criatividade nós conseguimos transpor em inovação?”. A resposta você já deve saber.  Pois para a criatividade se tornar inovação é preciso foco. E muitas vezes é isso que está em falta em empresas e profissionais hoje em dia.

Como mudar essa situação?

Para não dar nenhum tiro no pé, o professor elenca dois fatores que irão te ajudar a ter um negócio bem alinhado:

1. Viabilidade Técnica: O que estou projetando é possível de ser feito?

2. Viabilidade Mercadológica: As pessoas vão comprar dentro do valor que eu quero vender?

“Nós só vamos conseguir dar um salto se seguirmos o conselho do Mestre Yoda – ter uma ideia e canalizá-la dentro desses dois parâmetros e, aí sim, conseguir deslanchar um negócio de sucesso”, explica Sergio.

Outro item que é fundamental termos em mente são os planos extras. Nem sempre é na primeira tentativa que tudo dará certo (é muito raro que isso aconteça!). Por isso, devemos ter alternativas caso alguma coisa saia dos trilhos, pois isso ajuda a evitar maiores dores de cabeça. E essa ideia também está lá no Star Wars: “Muitos planos dentro da saga não deram certo, e os personagens tiveram que realizar um contorno para sair daquela situação”, relembra Everson.

Essa estratégia, para os empreendedores, se chama pivotar uma ideia. Isso significa estar aberto a criar soluções diferentes até que os astros/planos se alinhem. Ela é muito usada no começo de um projeto. Afinal, essa etapa exige certo jogo de cintura para encaixar o rumo da empresa ou negócio onde você gostaria que estivesse.

Para resumir como a economia criativa funciona: é uma ideia que mantém o foco no projeto e que deve atender às necessidades dos clientes.

Tem lições para colaboradores?

Star Wars não deixou ninguém de fora. E para você que não é empreendedor, George Lucas, diretor dos filmes, deixou uma dica também.

Para que a economia criativa dê certo, quem vai impulsionar o projeto (gestor, administrador) deve mesclar hard skills (ser bom do ponto de vista técnico, conhecer o mercado) e soft skills (empatia, resiliência e, principalmente, trabalho em equipe). “É como vemos no Anakin, ele tinha tudo da técnica Jedi, mas ele não soube trabalhar as emoções”, pondera Sergio.

O que as empresas estão buscando não são pessoas com hard skills apuradas, mas aquelas que consigam lapidar suas soft skills. O trabalho em equipe, por exemplo, tem se mostrado cada vez mais requisitado. Até porque hoje não existe mais “aquilo que é meu”. Tudo é construído e transformado em conjunto.

Diversos autores já falam sobre isso. Pierre Lévy criou o termo inteligência coletiva, que significa a construção de pensamentos em comunidade. Outra referência sobre o assunto é Steve Jonhson, que diz que você só pode ter “meia ideia”: depois disso, é preciso encontrar alguém que pense na outra metade.

Isso tudo parece muito complicado? Lembre-se que “o Anakin pegou o caminho mais curto. E muitas vezes esse pode ser o caminho da ilegalidade e de alianças escuras”, alerta o estatístico.

Como podemos ver, Star Wars sempre foi um universo de aprendizado. E com o passar dos anos, o filme adotou certas mudanças graças aos pedidos da sociedade por inovação. Por exemplo, nas últimas gravações o número de mulheres protagonistas cresceu. O público consumidor das narrativas pedia por mais representatividade feminina. E assim se fez.

Isso é Star Wars se modernizando para atender às demandas dos clientes. Clientes que possuem uma jornada do consumidor cada vez mais exigentes, mais preocupada com a solução do seu problema. É por isso que os grandes casos de sucesso dentro do empreendedorismo possuem o foco no comprador/consumidor.

A conversa entre Giselle, Everson e Sérgio aconteceu na última edição do programa “Segredos da Arquitetura”, transmitida no dia 22.fev.2021 pela Rádio Uninter. Você pode conferir o conteúdo na íntegra, clicando aqui.

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Autor: Poliana Almeida - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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