Como o assistente social pode atuar na pandemia

Autor: Barbara Carvalho - Jornalista

A pandemia de Covid-19 confirmou um fato muitas vezes mascarado pela sociedade que, diante de uma situação de adversidade, os que mais sofrem são as pessoas com poucos recursos e carentes. De acordo com o Instituo Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil em 2020 foi de 14,1%, a mais alta desde 2012. Isso fez com que milhares de pessoas tivessem que recorrer a recursos como o auxílio emergencial, benefício concedido pelo Governo Federal.

Quando famílias perdem suas rendas, elas dependem mais de ajudas sociais do governo para sobreviver. E para deixar essa situação mais grave, é árduo o caminho para conseguir auxílios ou qualquer tipo de ajuda que a população possa. Este é um exemplo de que, além da própria doença, a pandemia contribuiu para o aumento da pobreza, escancarando outro lado dramático, quando conseguir o que é seu por direito depende de uma batalha para a qual a maioria das pessoas não tem o conhecimento necessário para ganhar. Surge então a necessidade de uma ajuda capacitada que garanta que a sociedade seja mais justa e igualitária. O assistente social é um dos atores sociais que confrontam as autoridades para que isso aconteça.

Márcia Lopes é um dos grandes nomes quando o assunto é Serviço Social. Natural de Londrina (PR), ela trabalha neste ramo desde 1979 e tem uma grande trajetória, sendo referência nacional e internacional. Oriunda de um forte movimento estudantil da época, Márcia viveu os resquícios da ditadura militar durante o ensino superior e participou do Congresso da Virada (1979), um marco importante para a área, pois foi neste congresso que o Serviço Social brasileiro passou a produzir análises teóricas, atuando em uma perspectiva de totalidade, criticidade e historicidade. Ainda, nos anos de 2010 e 2011, Márcia atuou como ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

“Falar dos aspectos éticos neste momento é a gente começar a pensar que somos uma profissão na divisão sociotécnica do trabalho, nós temos uma história também permeada por experiências, nós estudamos isso na história do Serviço Social no Brasil, que é recente”, explica Márcia.

A primeira escola de Serviço Social no Brasil data de 1936, em São Paulo. No início, o curso se voltava a ser um departamento de ação social, se adequando a novas perspectivas com o passar dos anos. Em 1948 surge o primeiro código de ética profissional do Assistente Social, elaborado pela Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS). Em 1965, um novo Código é aprovado, passando a ter um caráter legal, assim como as demais reformulações dos anos de 1975, 1986 e 1993.

“O código do assistente social tem uma base crítica, justamente por causa do tempo histórico no qual foi construído. O que tem de diferente na nossa postura é que somos profissionais críticos e por isso a necessidade da leitura da realidade, portanto o nosso código de ética não é uma letra morta, ele está sempre vivo porque os princípios postos quando são colocados no nosso dia a dia são as nossas armas para poder combater determinadas situações diversas do cotidiano, assim como esse desafio novo que é a questão da pandemia”, pontua a tutora dos cursos de Pós-Graduação na área de Serviço Social da Uninter, Relly Amaral Ribeiro.

O momento atual agravou diversos setores que já passavam por problemas anteriores. Crises sanitárias, econômicas, sociais e políticas se agravaram em consequência da pandemia, e esses setores passaram a necessitar de recursos que antes já estavam escassos. Para Márcia, é essencial que os movimentos sociais estejam atentos as mudanças do século 21, destacando a importância de o assistente social estar presente para facilitar todo o processo de enfretamento de crises.

Márcia ressalta que o assistente social não pode ficar parado diante do descaso à vida dos mais necessitados. E para o enfrentamento da pandemia que estamos vivendo, ela lista sete pontos que podem ajudar o assistente social a melhorar o seu desempenho no ao exercício da profissão:

  1. Refletir como que o assistente social pode enfrentar os problemas;
  2. O olhar aos fundamentos teóricos e metodológicos da profissão;
  3. Desenvolver a capacidade de ler a realidade, a conjuntura e a realidade institucional;
  4. Entender a mudança necessária na forma de atendimento do profissional a população;
  5. Que o profissional da assistência social cobre os planos de contingência dos gestores dos municípios;
  6. Não se intimidar diante da postura antidemocrática;
  7. Fazer uso da tecnologia a fim de manter a população ciente dos seus direitos.

“Aspectos éticos na atuação profissional do assistente social no enfrentamento à pandemia” foi o tema do webinar realizado pela Pós-Graduação na área de Serviço Social da Uninter na última terça-feira (23.fev.2021). A palestra encontra-se disponível na plataforma online Univirtus.

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Autor: Barbara Carvalho - Jornalista
Edição: Mauri König


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