O encontro de papa Francisco com Maria

Autor: Waliston Alves - Estagiário de Jornalismo

No primeiro capítulo do seu Evangelho, Lucas narra que, após o anúncio do anjo Gabriel, “Maria partiu em viagem para o monte e chegou apressadamente à cidade de Judá”. Apressadamente… atitude de quem está disposto a desprender-se imediatamente, sem reservas, e levar um pouco de si aos outros.

Maria, “discípula, missionária, mulher de ação, de movimento”, decide dar o primeiro passo: não permanece inerte, muito menos à espera de que outros tomem alguma iniciativa por ela. Assim que o anjo lhe anuncia a Boa-Nova, não hesita: vai ao encontro de sua prima Isabel por livre e espontânea vontade, colocando-se a seu dispor.

Mari Bueno, artista plástica, não só entendeu a atitude de Maria como também externou a profundidade dessa experiência em uma bela obra artística entregue ao papa Francisco no último 24 de março.

Ao saber do interesse do papa por uma obra de arte que retratasse a pessoa de “Maria em movimento”, Mari resolveu dar início à pintura. Em 2019, a artista viajou a Roma para participar de uma mostra individual intitulada “Amazônia”, realizada simultaneamente ao Sínodo dos Bispos. Queria aproveitar a ocasião para levar a pintura e entregá-la ao pontífice.

Como nem tudo está isento de contratempos e imprevistos, a entrega da obra prevista para aquela oportunidade não se concretizou devido a outros compromissos. “Logo veio a pandemia, então tudo parou. Na semana passada, entraram em contato para ver se eu tinha previsão de ir a Roma nas próximas semanas. Disse que não. Então, como disseram que era um bom momento para entregar a obra, foi organizado para que assim acontecesse”, conta a artista.

Maria da acolhida, do silêncio, da prontidão, do serviço. “Maria às pressas!” Assim a autora transmite através de traços e cores a atitude dessa “Mulher” que surpreende e motiva tantas “Marias de hoje” a se libertarem de seus confortos, se colocarem a caminho, e serem especialistas do “primeiro passo”.

A paixão pela arte

A menina nascida no Paraná buscava sua fonte de inspiração na mãe artesã. Os “cheiros, as formas, os materiais, as paisagens da região e os costumes dos povos” transportariam mais tarde a pequena Mari para um mundo de sonhos não muito distante, que se tornaria realidade através de aquarelas, tintas e pincéis.

Em 1979, mudou-se juntamente com a família para Sinop (MT) e, a partir dos 12 anos, dedicou-se a diversos cursos com o intuito de se aperfeiçoar em técnicas de pintura. Mas foi só aos 27 anos que decidiu se dedicar totalmente à arte.

Em 2000, Mari abriu seu próprio ateliê, onde inicialmente dava aulas e vendia suas obras. “Vários acontecimentos me levaram para a arte. Comecei com um pequeno ateliê, com exposições na minha cidade e região e depois vieram os convites para exposições em outros estados e países”, explica.

Na busca por se profissionalizar, ela se especializou em Arte Sacra, Espaço Litúrgico Celebrativo, Mariologia e atualmente está cursando o último ano do bacharelado em Teologia Católica na Uninter, o que contribui para fundamentar ainda mais as suas obras sacras. “A base da arte sacra é a teologia e a liturgia, então a faculdade de teologia vem agregar muito ao meu trabalho como artista sacra”, pondera.

Como não bastasse tamanha bagagem teórica, tornou-se membro da Pastoral do Artista Sacro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e professora da pós-graduação em Mariologia, na Faculdade Dehoniana e Academia Marial de Aparecida (SP).

Vislumbrando novos cenários e horizontes, dedicou-se ao estudo das técnicas de mosaico, pintura, desenho e iconografia em terras italianas. Seus feitos artísticos não param por aí! Mari, além de expor no Brasil e no exterior, já recebeu 26 premiações nacionais e em países europeus. Entre os museus que contam com obras de sua autoria estão nada menos do que o Museu de Arte Sacra e Etnologia, no Santuário de Fátima, e o Museu Tesouro da Misericórdia, em Viseu, ambos em Portugal.

Responsável pela execução de 3.000 m² de arte sacra em diversos murais e painéis de igrejas e paróquias por todo o território nacional, Mari contribui com relevantes obras que retratam as características e raízes do povo brasileiro.

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Autor: Waliston Alves - Estagiário de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal Mari Bueno


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