Futebol se adapta à pandemia e surge nova modalidade: o New Fut

Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia

Você já pensou em uma partida de futebol onde cada jogador possui o seu próprio espaço definido, um número de toques na bola limitado, e que ainda assim – mesmo de um jeito um pouco diferente – mantém a dinâmica do esporte?

Essa é proposta do New Fut, criado na academia Strak Sports, em Curitiba, por Carla Bernardi e Gustavo Wurlitzer durante a crise da Covid-19, sendo uma alternativa para aqueles que querem continuar praticando o esporte dentro das recomendações do Ministério da Saúde, e também com as limitações que esse período exige.

O assunto foi abordado no programa Cenários do Esporte, da Rádio Uninter, onde ambos os desenvolvedores foram entrevistados e explicaram mais sobre a modalidade. A mediação foi realizada por Emerson Micaliski, professor de Educação Física da Uninter.

“A principal questão foi que as quadras de futebol e complexos esportivos em Curitiba estavam inativos há algum tempo, e pensando em toda essa dificuldade, nós tivemos a preocupação de achar uma solução e oferecer algo seguro ao nosso cliente, além de reativar o setor”, explica Carla.

Além de cada um precisar permanecer em seu quadrado demarcado no chão, algumas regras do New Fut que o diferenciam do futebol tradicional são:

  1. O jogador tem um tempo determinado para passar a bola, podendo permanecer no máximo até cinco segundos com ela. Isso deixa o jogo mais dinâmico.
  2. O goleiro é o único que pode dar quantos toques forem necessários na bola. No meio-campo, são permitidos dois toques, enquanto na linha de ataque só é permitido um, e ele pode passar ou chutar para o gol. Ou seja: o passe é fundamental.
  3. Um rodízio é realizado a cada gol, muito parecido com o voleibol, fazendo com que o mesmo jogador jogue em diferentes posições.
  4. São permitidos até seis jogadores por time.

As mudanças propostas por essa novidade não tiveram total aceitação no começo. Por isso, Gustavo comenta que a adaptação nos primeiros momentos do jogo pode ser um pouco mais difícil.

“No começo todo mundo sofre um pouquinho. Nos primeiros 5 e 10 minutos de New Fut é difícil entender a dinâmica do jogo, mas depois que você entende, se torna viciante. Depois disso, uma hora é pouco, todo mundo quer jogar duas ou três horas”, explica.

Segundo ele, duas categorias foram criadas: a série ouro e a série prata, sendo a primeira para profissionais (com as regras mencionadas acima), e a outra para os jogadores que ainda estão se desenvolvendo na nodalidade. Nesta, os que estão na linha de defesa podem tocar até três vezes, podendo dominar, ajeitar e passar a bola.

A demarcação de espaço imposta como regra não é considerada uma limitação na questão de dinamismo, pois é necessário que o jogador se desloque bastante dentro dele para receber e passar a bola, sendo fundamental o domínio.

“Você vai suar, treinar, e o jogo fica até mais emocionante quando você domina os fundamentos, pois os passes, chutes e gol ficam melhores. O goleiro é o jogador que mais ‘sofre’, pois é tiro direto o tempo todo”, explica Gustavo.

Benefícios fora da pandemia

Ao desenvolverem o projeto com a ajuda de várias pessoas – incluindo jogadores de futebol – e fazerem jogos experimentais, Carla e Gustavo também viram a oportunidade de aplicar o New Fut em outros lugares, como escolas de futebol. O objetivo então é o de melhorar habilidades, já que o rodízio proposto permite isso.

Entre crianças que estão iniciando no esporte, por exemplo, a modalidade pode ser bastante efetiva para que elas desenvolvam uma especialização precoce, obrigando-as a cumprir várias funções e adquirir múltiplas aptidões.

Além disso, sem o corpo-a-corpo, o risco de se machucar é bem menor, permitindo assim que pessoas que já passaram por cirurgias no joelho, por exemplo, também possam praticar o futebol novamente. As maiores exigências do New Fut são o domínio de bola, o passe e a inteligência.

“Nós ficamos quase 35 dias testando a modalidade, vendo, mudando e ajeitando até ficar como achamos que seria o ideal. A balança sempre tende para o futebol tradicional, mas se o jogador não tem essa opção, ele vem para o New Fut. Quando experimenta, ele volta, porque é uma forma de manter o condicionamento físico que é importante para um jogador. É uma forma de lazer”, explica Carla.

Qualquer centro esportivo pode adotar a atividade, porém é necessário antes assinar um termo de compromisso para garantir que as regras serão aplicadas corretamente, assim como as medidas protetivas. A preparação para o jogo começa antes mesmo de entrar na quadra, e há exigências a serem cumpridas, como o uso obrigatório de máscara, os jogadores não podem realizar trocas nos vestiários, entre outras. O jogo também é feito em grama sintética para diminuir as chances de contágio.

A modalidade tem feito bastante sucesso até então, apesar de no momento não estar sendo realizada na cidade de Curitiba por causa das medidas mais rígidas de isolamento social, impostas recentemente. Porém, outras cidades e estados também estão adotando o New Fut, que foi noticiado até mesmo internacionalmente.

Na cidade de Irati (PR), por exemplo, essa modalidade esportiva foi permitida pela prefeitura, desde que fosse feito o uso do álcool em gel, respeitassem o horário determinado, o distanciamento entre uma pessoa e o uso das máscaras. A pretensão é de que o New Fut permaneça como um novo estilo de jogo até mesmo após a pandemia.

Para acessar o programa completo, clique aqui.

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Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução Facebook Strak Sports


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