Entenda por que Curitiba foi eleita a cidade mais empreendedora do Brasil

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Painéis solares instalados no teto da Prefeitura. Curitiba, 21/05/2019. Foto: Pedro Ribas/SMCS

Curitiba (PR) é a cidade mais empreendedora e urbanista do Brasil, de acordo com o Connected Smart Cities 2021, realizado pela empresa de consultoria Urban Systems. Ainda segundo o estudo, divulgado no dia 1.set.2021, a capital paranaense também se encontra em 3º lugar no ranking geral das cidades mais inteligentes e conectadas do país, atrás apenas de São Paulo (SP) e Florianópolis (SC).

“Uma cidade inteligente é fundamentalmente uma cidade que dá boa qualidade de vida para todas as pessoas”, diz Jacob Koch, mestre em planejamento urbano e responsável pela área de sustentabilidade da Bloomberg Philanthropies, uma consultoria que oferece serviços gratuitos para prefeitos ao redor de todo o mundo, para chegar em uma cidade com melhores ideias e práticas sustentáveis.

Segundo o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, que é especialista em cidades inteligentes, a conquista no eixo do empreendedorismo se dá principalmente após o início da pandemia, quando as discussões regionais se fortaleceram, com a oferta de consultorias gratuitas e apoio a microcrédito aos empreendedores da cidade. O fomento oferecido se deu através de um fundo de aval, no valor de R$ 10 milhões, “para que os empresários pudessem ter a prefeitura como avalista e pegar recurso no mercado para sobreviver ao momento difícil”.

“Temos 10 subprefeituras na cidade, 10 espaços empreendedores, onde os mais de 160 mil pequenos e microempreendedores fazem inscrição e damos toda a capacitação. Temos a maior porcentagem entre capitais”, afirma o vice-prefeito.

Para Jacob, Curitiba continua sendo um modelo e possui muitas lições para ensinar para outras cidades do mundo. Por meio da implantação de políticas e programas, é possível que as práticas se espalhem para outros locais, com uma troca de experiência e conhecimento entre governos, que podem adaptar as ideias para a própria realidade.

Pimentel pontua algumas ações de melhoria para a cidade que colaboram para manter a capital entre os três primeiros lugares do ranking geral de Smart Cities desde 2015. O Fala Curitiba, por exemplo, é um programa em que os cidadãos podem sugerir prioridades de melhoria nos bairros, nas regiões e, por último, em uma audiência final geral da cidade, em que as 30 mais votadas entram para o orçamento público do ano seguinte. Segundo o governante, “nos últimos anos, mais de 85% dessas votações foram executadas, um grau de retorno para a cidade muito grande”.

Agora, o vice-prefeito diz que há um investimento massivo na nova matriz energética da cidade. O palácio central da prefeitura, inclusive, já é iluminado por 426 painéis solares (foto). “Energia gratuita, já otimizando nossas luminárias, economizando energia e gerando de forma sustentável. Faremos isso na rodovia da cidade e nos cinco maiores terminais de transporte público da cidade. Gera economia e, lá na frente, pode gerar economia na tarifa, porque é de recurso público em conta de luz”, garante.

Além disso, existe um projeto para construção de uma usina solar, em um antigo aterro sanitário, desativado, onde não se pode construir outros prédios. “Vai capitar energia para metade dos prédios públicos da cidade de Curitiba”, completa. Pimentel lembra que “hoje, os bancos, principalmente internacionais, só financiam projetos em que a cidade esteja comprometida com o desenvolvimento sustentável, com o cuidado com o meio ambiente”. O que possibilita algumas ações que serão realizadas pela gestão da cidade.

A primeira, segundo Pimentel, é o bairro novo da Caximba que se encontra em situação irregular. Através de recursos da Agência Francesa, 50 milhões de euros serão utilizados para a revitalização no rio Barigui e mais de 2 mil famílias serão reassentadas acima do leito do rio.

Além disso, terá a implantação de um parque linear para lazer e esporte para a juventude local. “A maior revolução habitacional da história de Curitiba. É um grande projeto social, com recurso internacional, que a cidade só pegou porque está comprometida com a pauta do desenvolvimento”, comenta.

Outro projeto é a do Inter 2, uma linha de ônibus que circula por 28 bairros. A ideia é a requalificação do trajeto, que cruza e liga a cidade de um canto a outro, em que haverá uma linha específica para ônibus. Mudar o ônibus para um maior, com mais espaço, conforto e rapidez. Além de, nos próximos 20 anos, mudar a matriz energética do transporte, que hoje é à diesel, para ônibus elétrico.

“É uma mudança que não é fácil, é cara, mas está no planejamento. A cidade está comprometida com o agora, que é a preocupação de levar avanço para a sociedade”, diz o vice-prefeito.

Pensando na qualidade de vida da população, Jacob aponta que é preciso focar a política e os investimentos públicos dos vulneráveis, aqueles que mais precisam, e nas partes da cidade que historicamente receberam menos investimentos por uma variedade de questões. “Muito do meu trabalho é pensar em como determinada política ou programa que tentar chegar em um objetivo de redução de emissões, alguns riscos climáticos”.

Os profissionais debateram sobre Cidades contemporâneas: dilemas e soluções na segunda noite do Global Meeting, realizado pelo Grupo Uninter entre os dias 8 e 10 de setembro de 2021. O bate-papo foi mediado pelo professor Rodrigo Mathias Rangel, que atua da Escola Superior de Educação (ESE) do cento universitário. O coordenador da área de Humanidades da ESE, Cícero Bezerra, também participou da abertura do evento, que segue disponível para livre acesso.

Em um segundo momento da live, a professora Giselle Dziura mediou os bate-papos sobre Governança para integrar e extrair benefícios dos novos modais de mobilidade urbana e A experiência do projeto e a experiência enquanto co-criar a inovação do usuário, apresentados pelas arquitetas e urbanistas Luisiana Paganelli, mestre em planejamento e gestão urbana, e Tyeme Bando, gerente de projetos na Paraná Projetos Governo do Estado do Paraná.

O momento cultural, de intervalo entre as conversas, foi apresentado pela professora Florinda Pimentel. O estudante de Artes Visuais Anderson Bolcato fez uma composição artística de desenho e pintura para ilustrar a ópera Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Pedro Ribas/SMCS


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