A bússola do comandante Osny

 

Mauri König – Jornalista

Poucas invenções mudaram o mundo como a bússola. Embora sua origem seja imprecisa, em data incerta na China, é fato que sua chegada à Europa no fim do século 13 deu início a uma revolução comercial no mundo. Permitiu aos viajantes do mar determinarem a sua direção de dia ou à noite, sob quaisquer condições climáticas. Potências marítimas à época, Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra já não precisavam perder um sem-número de navios à deriva nas águas bravias dos sete mares.

No mundo pós-moderno, uma empresa é como um navio tentando se manter estável entre as marolas e os tsunamis do mercado financeiro. A bússola moderna neste caso atende pelo nome de Business Intelligence (BI), conjunto de ferramentas que dão eficiência aos negócios. Agora, imagine um transatlântico empresarial sem bússola nas mãos de um comandante e seus dois mil tripulantes, a quem foi confiada uma carga valiosa da qual dependem quase 200 mil pessoas. Às cegas, não tardaria a ir a pique.

Com seu jeitão sereno e boa-praça, Osny Augusto Junior comanda à frente de sua bússola BI uma das maiores organizações de ensino do Brasil. De seu gabinete na sede corporativa da Uninter, em Curitiba, ele dá os rumos que asseguram águas tranquilas para os dois mil colaboradores e os mais de 470 polos da instituição presentes rigorosamente em todos os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Isso assegura também um porto seguro aos mais de 180 mil alunos da instituição em todo o país.

Osny não começa o expediente sem um sagrado café e uma consulta à sua bússola. Diante dos seus olhos passam 350 milhões de linhas de informações num único dia. São elas que dizem o rumo a tomar. Ler linha por linha levaria 22 mil dias, ou 44 anos de leitura sem trégua nem para um cafezinho, sem a folga de sábado e domingo. Ninguém seria maluco a tal ponto. Nesse momento entra em cena o imediato do comandante Osny, o supervisor do setor de informações gerenciais Daniel Bitencourt.

Os dados extraídos dos mais diversos sistemas e setores da empresa são apresentados na forma de vistosos gráficos apresentados instantaneamente na tela de Osny, já transformados em indicadores que vão mexer os ponteiros da bússola BI. Supervisionado por Daniel e seu braço direito Leonardo, o setor responsável pelo BI acompanha e valida todo esse processo para que o diretor-executivo tenha à disposição informações de faturamento, gastos, orçamento, inadimplência, alunos, cursos, polos etc. Dá tempo de intervir ao menor sinal de tendência negativa. “Melhor trabalhar na prevenção do que na correção”, ensina Osny.

Toda empresa de grande porte precisa de indicadores-chaves de performance para nortear suas decisões. A Uninter, por exemplo, usa o software Microsoft Datazen desde 2013 para gerenciar as suas informações estratégicas. Desde então, armazena bilhões de linhas de informações. Nesse período, Daniel desenvolveu 180 dashboards (telas) conforme iam surgindo as necessidades. Hoje, 30 telas bastam. “Não se mede uma empresa pela quantidade de indicadores. Eles têm de ser poucos, mas efetivos”, diz o diretor-executivo.

Osny se incorporou à Uninter como gerente de processos em 2007, depois de 23 anos na multinacional norte-americana Blount Industrial. Ascendeu ao cargo de diretor financeiro em 2010 e concluiu ser necessário trocar o software de gerenciamento de informações. Identificou com Daniel a necessidade de um novo meio de apresentar as informações. Coincidiu de a Microsoft recém comprar e disponibilizar o software Datazen, que, para o modelo de negócio com a Microsoft, não gerou custos e ainda permitiu disseminar essas informações para outros setores da Uninter.

Diretores, gerentes e supervisores têm acesso a determinado nível de indicadores, aqueles necessários para as decisões de cada área. Esse sistema segue uma lógica de fluxo reverso, ou seja, há os indicadores macros da empresa que vão sendo fracionados de cima para baixo, da diretoria-executiva ao nível de supervisão. Osny explica que é preciso fracionar para analisar cada uma das áreas individualmente. O sistema é chamado reverso porque a soma de cada parte vai dar o resultado final do todo.

Embora cada setor tenha poder decisório segundo o seu nível na estrutura organizacional, cabe ao diretor-executivo as decisões de maior relevância. Não é pouca coisa, tendo em conta o impacto que uma decisão errada pode ter na vida de 2 mil colaboradores e de um outro tanto de gente em mais de 470 polos por todo o país. E, claro, na vida de mais de 180 mil estudantes Brasil afora. “Algumas decisões tiram o sono da gente”, diz.

Não é para menos. É como acordar toda manhã, abrir um Kinder Ovo e esperar a surpresa diante da instabilidade política e econômica do país. O planejamento do dia, do mês e mesmo do ano pode ter de ser revisto de última hora. É quando a bússola BI de Osny se faz mais necessária. Como seria sem ela? “Seria a mesma coisa que você estar no navio e com o céu nublado. Você quer chegar a um lugar, mas como chegar se você não tem referências de onde está?”.

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