Veja os sinais da ansiedade antes que ela saia do controle

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Middle aged man practicing yoga on mat in park

Em tempos de isolamento, crises de ansiedade se tornaram um problema comum. Privadas do contato humano e da liberdade de circulação, muitas pessoas sofrem com o desequilíbrio emocional. A ansiedade é algo que a criança, o adolescente, o jovem e todos nós temos, independente da idade ou fase da vida. É uma emoção que a gente traz junto com o estresse, uma emoção normal do ser humano, que passa por nós o tempo inteiro.

“No trabalho a gente passa muita ansiedade, ficamos pensando se vamos conseguir cumprir os objetivos, os prazos. Temos ansiedade antes de uma prova ou dos desafios do dia a dia, pensando nos objetivos a médio e a longo prazo. No entanto, a ansiedade pode se tornar uma doença, um distúrbio de ansiedade, se não tratado”, comenta a psicóloga Cristina Barros.

A ansiedade está atrelada ao estresse. “O estresse é um elástico, como o elástico do pijama, por exemplo. Você vai usando, lavando, e ele vai perdendo a elasticidade, ele vai até um certo ponto, passou desse ponto, ele se rompe, e com a ansiedade e o estresse é a mesma coisa. Se toda vez eu extrapolar o nível de ansiedade e de estresse, isso acaba virando algo comum, e atinge um índice muito alto”, afirma.

A psicóloga alerta para alguns sinais de que a ansiedade está saindo do controle:

  • Enxergar perigo em tudo
  • Assaltar a geladeira ou descontar no “docinho”
  • Alterações de sono
  • Sofrer com tensão muscular
  • Ter medo de falar em público
  • Preocupar-se em excesso
  • Fica à beira de um ataque nervoso
  • Conviver com medos irracionais
  • Apresentar inquietação constante
  • Pensamento obsessivo
  • Problemas digestivos

É importante pensar em estratégias para controlar o estresse e a ansiedade. É fundamental cuidar da saúde mental e não ter receio de procurar ajuda. Ir ao psiquiatra ou buscar uma sessão de psicoterapia são opções de ajuda profissional que podem contribuir nesse objetivo. Também é recomendável praticar atividades físicas, ouvir música e buscar atividades do seu gosto, que façam bem. Esses momentos são importantes para aliviar a tensão, para espairecer. É um momento de virar a chave também, de tirar aquela seriedade do trabalho e dos problemas que surgem no dia a dia.

“Ter uma vida espiritual é algo que todos devemos buscar, independente da igreja que você vá ou do caminho que você escolheu. Você tem que ter uma vida espiritual para você acreditar e entender algumas perguntas que nós procuramos, de onde viemos, para onde vamos”, acrescenta Cristina.

É fundamental aceitar sua família e aceitar quem você é. É natural  na adolescência e na juventude ter um estresse com a família, pois esta é a fase em que se começa a questionar as coisas. As crianças são aquilo que a família é, só depois, com o passar do tempo, na fase de adolescência e juventude, ocorrem os questionamentos em busca de uma identidade.

Outro fator importante é ter uma boa convivência, conviver bem em grupos e no trabalho. “Não é utopia. Há dois anos nós estamos em uma luta e acabamos nos separando e não chegando a consenso nenhum, mas acima de tudo devemos ter o respeito, aceitar o outro do jeito que ele é. Conviver bem em grupo é conviver bem no trabalho também. Cada um tem uma realidade, as pessoas são únicas, mas podemos crescer e aprender com o outro, e respeitar as diferenças, porque as pessoas são diferentes”, conclui Cristina.

Cristina Barros tratou do assunto na live “Ansiedade e meditação: as coisas que você só vê quando desacelera”, um dos eventos que fizeram parte do programa “Bate-papo com o Polo Garcez”, realizados entre os dias 31 de maio e 2 de junho. Participaram ainda as professoras Ketlyn Sabadini e Maria de Freitas. As transmissões foram ao vivo, pelo Google Meet.

Contribuições da literatura

A literatura pode apresentar caminhos para se buscar o bem-estar e o equilíbrio emocional. A professora Maria de Freitas dá a dica de dois livros. “São livros que falam o óbvio, mas o óbvio às vezes passa batido. Um deles é ‘As coisas que você só vê quando desacelera’, de Haemin Sunim. Livro que trata realmente sobre desacelerar e prestar atenção nas pequenas coisas. O outro é ‘O monstro das cores’, de Anna Llenas”, ela recomenda.

“Esses livros começaram a me mostrar que as nossas emoções e os nossos sentimentos são meio bagunçados, e é muito importante tentar desembolar essas emoções e os sentimentos para tentar identificar e controlar. São ótimos livros que me ensinaram muito”, afirma.

Meditação

A professora Ketlyn Sabadini recomenda a prática da meditação para alcançar o equilíbrio. “Meditar significa tomar consciência. Nós estamos constantemente sendo bombardeados de informações, de tudo aquilo que precisamos realizar durante o dia e aquilo que ainda não realizamos. A meditação vem com o intuito de tomar consciência, do corpo, da mente e de quem é você, onde você se encontra no meio desse turbilhão de emoções”, explica.

Ela deu algumas dicas de como meditar:

  • Sente-se confortavelmente.
  • Respire profundamente, sinta o ar entrando e saindo do corpo.
  • Comece aos poucos, por pouco tempo, não exagere no início.
  • No início os pensamentos virão, mas não tente dominá-los. Deixe-os passar por você. Com a prática, o barulho interior cessará.
  • Após completar o processo meditativo, não se levante de imediato, analise o efeito da prática no seu corpo.

A meditação faz com que nossa mente fique “limpa”. Ketlyn conta que não é algo imediato, é um passo de cada vez. “Não começamos a meditar do dia para a noite, nós temos uma trajetória de desenvolvimento importante e a meditação acompanha esse processo. Nossa mente está sempre inquieta, remoendo situações felizes ou conflituosas, e a ansiedade é um motor, nós precisamos dela para ter uma ação, mas tudo na vida é equilibrado, e a meditação se encaixa nisso. Ela vem para educar a mente e permitir que vivamos o presente”, afirma.

É preciso planejar o nosso futuro e nos orientar olhado para o passado, para não repetir erros, mas precisamos estar aqui e agora. Ketlyn acredita que a meditação é algo que faz com que se olhe para dentro: “Existem várias formas de meditar, pensando em baixar a ansiedade, temos que parar, respirar e olhar para dentro, devemos cuidar da respiração que é uma das partes mais importantes da meditação. Não é somente para relaxamento, é para percepção e reconhecimento de si”, completa.

Para encerrar, Ketlyn deixou uma mensagem de Monja Coen: “A ansiedade exagerada nos tira do agora. Sofremos por um momento que ainda não chegou. Enquanto isso, o presente fica esquecido. Precisamos lembrar em qual tempo é possível fazer escolhas, sentir, viver… No futuro ou no presente?”

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Senivpetro/Freepik


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