Técnicos de futebol e o aperfeiçoamento além das quatro linhas

Autor: Daniela Mascarenhos - Estagiária de Jornalismo

O que é necessário para se tornar técnico de futebol? Não um simples técnico, mas alguém como Abel Ferreira, que operou milagres quando assumiu o Palmeiras, ou como Dorival Jr., que conseguiu transformar o Santos em uma máquina de gols – como a imprensa chamava em 2010.

“A principal função do treinador é desenvolver o atleta e a equipe. Ele é aquele que potencializa o atleta além da sua capacidade”, comenta o educador físico Fábio Ferreira. Ele acrescenta que “o atleta por si só, quando é muito determinado, ele vai se desenvolver, o ponto é quando o treinador é capaz de elevar isso”. Segundo ele, é aí que surge a diferença de um treinador comum para um grande técnico.

O bacharel de Educação Física, por exemplo, está mais do que habilitado a ser treinador no aspecto formal. Licenças e especializações em futebol vão desenvolver as partes técnicas, tática e cognitiva do jogo. Ele cita como exemplo de aspecto informal a ser adquirido a vivência de campo que os jogadores possuem e posteriormente se tornam técnicos.

“Eu costumo dizer que aí você não está apenas treinando, mas entrando na linha de desenvolvimento de um talento. Você está explorando e tirando dali o máximo que muitas vezes o atleta não perceberia sozinho”, diz. “Um exemplo de jogador com desenvolvimento é o Cristiano Ronaldo. Ele é um atleta nato, parece que nunca quer parar, não quer ter um limite. Se ele fez três gols, ele quer quatro, mas só por querer? Não, porque ele trabalha pra isso. E isso eu chamo de exploração do talento.”

Criação do elenco – qual a contribuição do técnico?

“A primeira coisa pro técnico analisar é qual o contexto do clube. Qual o modelo de jogo? A partir disso, qual a concepção de jogo que o treinador tem?”, explica. O educador comenta que ter esse mapeamento garante que não sejam contratados atletas que não condizem com o modelo de jogo do clube ou a necessidade dele no momento.

Para ele, não fazer isso seria como ter várias peças de quebra-cabeças misturadas. “Você tem as peças, mas elas não vão encaixar nunca”, diz. Não basta fazer uma excelente contratação em termos de nome, por trazer um “craque”, mas sim ter consciência de táticas e modelo de jogo.

A base dos treinadores

Segundo o educador, precisamos de técnicos no Brasil, mas qualificados para tanto. “Não dá mais pra trabalhar com a visão de ‘distribuir colete e vamos jogar bola’”, afirma.

“Outra coisa, o ‘vamos treinar correndo o campo’ ou até ‘vamos dar 100 voltas no campo’, por acaso alguém vai ser maratonista? Não, nós precisamos de jogadores inteligentes”, enfatiza. Mas para chegar nesses jogadores, segundo ele, é necessário que os treinadores possuam algumas habilidades:

  1. Busca constante pelo conhecimento: “não só do futebol, mas de áreas humanas, científicas, físicas, matemáticas. O Guardiola, por exemplo, foi estudar xadrez para desenvolver o jogo posicional”;
  2. Resiliência: “o treinador precisa saber se adaptar a diversas situações, estar em constante contato com pessoas que te ajudem a crescer, precisa de humildade, capacidade de aprender com os outros”;
  3. Autocrítica: “humildade, de novo, pensar em como melhorar, como aprimorar, encarar os erros com mentalidade de corrigir aquilo, de crescer com aquilo”.
  4. Autoconfiança no seu trabalho: “aquilo tá dentro do que você espera? Era assim que você planejava? Então bola pra frente que está no caminho certo”.

Os detalhes para a capacitação e aperfeiçoamento técnico para treinadores de futebol no Brasil foi tema do programa Entre no Jogo, transmitido pela Rádio Uninter. Você pode assistir ao programa completo clicando aqui.

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Autor: Daniela Mascarenhos - Estagiária de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Kampus Production/Pexels


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