COMUNICAÇÃO

Sinal digital muda o mundo da televisão

O Brasil está desligando gradativamente o sinal analógico de televisão, pondo fim a um ciclo no setor de telecomunicações. O processo começou em 2017 (veja onde já mudou) e segue até o fim deste ano (veja onde e quando vai mudar). Cerca de 80 milhões de brasileiros já dispõem da programação dos canais abertos pelo sinal digital. Para continuar assistindo aos programas, todas as residências precisam ter uma antena digital e um aparelho de televisão preparado para receber o sinal digital.

“Mais do que um avanço tecnológico, a aproximação entre a televisão e o digital coloca em contato duas culturas midiáticas distintas. A simples conversão do conteúdo audiovisual para o padrão binário não confere à televisão a classificação como mídia digital, sendo o paradigma da interatividade potencialmente determinante para essa classificação”, observa o pesquisador Sergio Mari Jr. em artigo publicado na Revista Uninter de Comunicação (RUC), uma das sete publicações científicas da Uninter.

Apesar de representar uma significativa mudança e promover alterações com um certo potencial de impactar no comportamento de uma parcela da população, a TV digital é só uma outra etapa para um processo bem maior. Processo no qual quer se converter para a linguagem binária, mesma usada nos computadores, todas as plataformas midiáticas conhecidas atualmente.

Lúcia Santaella, uma das principais divulgadoras da semiótica no Brasil, classifica o receptor das mídias digitais como “leitor imersivo” e aponta a prontidão sensorial, a não-linearidade e a interatividade como suas principais características. “A autora apresenta esse tipo de leitor como alguém ‘em estado de prontidão’, que age ‘conectando-se entre nós e nexos, num roteiro multilinear, multisequencial e labiríntico que ele próprio ajudou a construir ao interagir com os nós entre palavras, imagens, documentação, música, vídeo etc”, aponta o pesquisador.

Sergio Mari Jr. salienta ainda que na mídia digital a mensagem passada atinge um novo patamar, pois o seu leitor precisa empregar sua parte sensorial de uma forma mais ampla, fazendo com que esse mesmo leitor se veja imerso em uma experimentação da relação mídia e mensagem. “Em programas interativos, como no caso videogames, fica evidente a transformação do espectador (passivo), em usuário (ativo), nesse tipo de experiência midiática, o espectador transforma-se, enfim, num experimentador quando se insere no mundo virtual de imagens em terceira dimensão” destaca.

Em consequência, a não- linearidade da leitura promove um rompimento com qualquer lógica de leitura ou cronologia. As mensagens se encontram dispersas e prontas para serem pescadas e encontradas em qualquer lugar, e o leitor é quem vai escolher sua ordem ou quando desejar.

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Autor: Igor Ceccatto - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Banco de Imagens

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