O trabalho remoto veio para ficar

Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo

O evento Impacto Digital, organizado pela Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter, reuniu profissionais de várias áreas do mercado em quatro encontros que ocorreram entre os dias 03 e 06.nov.2020. O terceiro encontro, realizado no dia 05.nov.2020, teve como temática principal a Gestão de Pessoas na Era Digital (confira a live na íntegra aqui).

Elton Schneider recebeu três convidados especiais: Valéria Neves, Gerente de Pessoas e Cultura da Randon; Gerson Gonçalves, Gerente de RH da FGVTN Brasil; e Vanessa Latini, Gerente de RH Corporativo da LafargeHolcim. “Vamos discutir a temática de RH, para poder entender o que está acontecendo no mercado como um todo. A tecnologia hoje é a base do processo de transformação, mas o segredo do sucesso são as pessoas. Quais os desafios do gestor de pessoas nas organizações?”, indagou o apresentador, na abertura do evento.

Várias competências são exigidas do profissional que deseja estar inserido no contexto digital, entre elas: criatividade, pensamento crítico, flexibilidade cognitiva, execução inovadora, conhecimento do comportamento humano. E os gestores também precisam reformular sua forma de atuação ao lidar com equipes de trabalho virtuais, negócios inteiramente digitais, criatividade e inovação e novas estratégias, com visão, metas e objetivos claros.

O cenário que se desenha é desafiador. A Uninter, desde 2017, oferece cursos nas áreas de gestão com foco no mundo digital. O trabalho remoto, algo que era visto como uma realidade futura pelos gestores de RH, teve que ser implementado rapidamente. Os resultados atingidos durante a pandemia são interessantes, mas ainda demandam reflexão: “83% dos empregados da Uninter não devem voltar a trabalhar em escritório físico. E hoje percebemos uma melhoria de 20 a 30% na produtividade dos funcionários trabalhando de casa”, pontua Elton.

Sobre as novas necessidades dos colaboradores, Vanessa mostra que o home office já poderia ser aplicado antes da pandemia, mas encontrava resistência dos gestores por eles ainda estarem apegados a um modelo de controle presencial. “[O home office] é bom para o empregado e para a empresa. Mas a situação que vivemos está atípica. As famílias estão todas dentro de casa. Temos ouvido questionamentos em relação ao espaço de trabalho. Só depois que passar essa fase é que poderemos ter uma noção do real impacto do home office”, explica.

Gerson ressalta a necessidade de um comum acordo entre o colaborador e a empresa. “Não podemos impor essas mudanças, pois muitas vezes o colaborador não tem como trabalhar em casa. Às vezes a casa é pequena, não tem um espaço próprio. Tem que ser bom para ambos, senão ele não vai render como nós desejamos”. E Valéria complementa: “As pessoas ainda estão se adaptando. Alguns gostam de trabalhar em casa, outros querem voltar para o trabalho pois é a única interação social que eles têm. Acredito em um modelo híbrido. Algumas equipes funcionam melhor [no trabalho remoto] que outras, não podemos negar os aspectos pessoais. Administrar isso é complexo”.

As gerações que atuam no mercado de trabalho se adaptam de formas distintas à situação atual e cabe ao gestor de RH observar essas questões. “Os novos profissionais estão bem adaptados à tecnologia. O desafio está na condução de alguns gestores mais velhos. Houve muita mudança no sistema de acompanhamento [dos colaboradores], de empregados em casa, tecnologias e ferramentas novas que facilitaram o trabalho à distância”, explica Vanessa.

Gerson pontua que o processo de inserção das empresas no mundo digital é algo contínuo: “As dificuldades vão surgindo a cada inovação. O RH tem que, aos poucos, desenvolver, buscar essa capacitação, e isso não é fácil. A todo momento a tecnologia está avançando. Na medida do possível as empresas vão adotando e absorvendo as ferramentas que otimizam o tempo, mas nós temos que capacitar esses profissionais”.

Para Valéria, o gestor de RH tem que encontrar formas de despertar as habilidades naturais dos colaboradores. “As competências estão nas pessoas e o que devemos é despertar essas habilidades. Tem muita novidade e ficam algumas questões: como fazer a transformação da geração mais antiga, que normalmente são maioria nas empresas. Como apoiar esses líderes para que eles tragam a sua experiência, entender essa transformação sem deixar ninguém para trás. Essa é uma perspectiva importante da liderança”, diz Valéria.

Durante a live, Elton ressaltou a necessidade de autogerenciamento dos colaboradores nas empresas, visto que o ambiente pessoal e profissional agora são os mesmos. “É preciso saber se educar para o home office. De vez em quando tem colaboradores que às nove e meia da noite estão mandando mensagens de trabalho. O fato de estar em casa faz com que seja preciso administrar a rotina. A reclusão de todo mundo é um fator importante. Isso gera uma série de preocupações para todos”.

Ao final da live, os convidados deram dicas para quem deseja ingressar em cargos de gerência, não só de RH, mas em outras áreas também. “A especialidade da área, principalmente para cargos de gestão, é cada vez menos relevante. Tem que aprender a ser um profissional múltiplo, que entenda de pessoas, gestão, negócios, entre outros aspectos. Essas competências serão mais valorizadas do que o conhecimento técnico”, diz Valéria.

Para Vanessa, o perfil multidisciplinar facilita a adaptabilidade necessária em um mundo que se transforma rapidamente. “Claro, nunca dispensando os conhecimentos técnicos, mas esse perfil será muito visto nas empresas. É uma competência importantíssima a se trabalhar”. E Gerson explica que ser líder significa encarar de frente todos os desafios, sem medo do trabalho: “Experimente de tudo, isso amplia o seu conhecimento e com ele é mais fácil chegar onde você quer. Estude sempre, busque ter um bom relacionamento com todos, independentemente da tecnologia você continuará lidando com pessoas. Aproveite todas as oportunidades”, finaliza o convidado.

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Autor: Fillipe Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Elly Fairytale/Pexels


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