Luana quebra barreiras e enfrenta preconceitos em busca de um sonho

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo

De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio caracterizado pelo desenvolvimento atípico do indivíduo, por manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, além de padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados.

A análise divulgada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no início de dezembro, nos Estados Unidos, mostra que uma em cada 44 crianças de 8 anos de idade foi identificada com o transtorno naquele país. Os sinais podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, com o diagnostico estabelecido entre os 2 a 3 anos de idade, sendo que a maior parte dos diagnósticos são em indivíduos do sexo masculino. A pessoa diagnosticada enfrenta muitas dificuldades, seja pela falta de acessibilidade do mundo a sua volta ou pelo próprio preconceito que ainda existe na sociedade, que associa essa condição a estigmas como a falta de capacidade.

“Eu descobri ser autista aos 21 anos”, conta Luana Stephani Pereira Coelho. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, ela sonhava em cursar Ciência Política desde a infância. “Eu sempre gostei de eleições e campanhas eleitorais nas ruas e na TV, e esse ano será produtivo para mim porque será o ano eleitoral”, diz.

Ela conta que, durante a vida escolar, sofreu muito com o bullying devido ao seu comportamento particular, quando ainda não tinha o conhecimento de que possuía o transtorno. “Naquela época, ninguém falava sobre o autismo, e por isso que eu sofri calada todas as humilhações”, diz.

Poucas são as instituições que conseguem acolher autistas de maneira eficiente e humanista, muito pela falta de capacitação de professores e outros profissionais envolvidos. “Estudei em salas com muitas pessoas, o que dificultou muito meu desenvolvimento escolar”, afirma.

Foi só em 2018 que as perspectivas de Luana mudaram completamente. Querendo realizar seu sonho de se tornar uma cientista política, ela teve contato com a Uninter e prestou o vestibular, sendo aprovada logo em seguida no polo de Itaboraí (RJ), na região metropolitana da capital.

Ela ressalta a qualidade da EAD da Uninter e como isso a ajudou em sua caminhada. “Eu estudei sozinha no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), vendo vídeos, fazendo atividades e tirando minhas dúvidas com os tutores. Muitos falam que a EAD não funciona, mas para mim foi fundamental”, destaca.

Durante o período na Uninter, Luana conquistou também os colaboradores de seu polo, como foi o caso de Elaine Ferreira. “Eu sou suspeita para falar porque sou apaixonada por ela”, diz. Elaine conta que Luana chegou muito confiante para se matricular na Uninter, mesmo tendo medo devido ao que já havia passado em outras instituições. “Quando ela ia ao polo para fazer uma prova, se sentava na recepção e revisava todo o conteúdo enquanto preparávamos o laboratório para ela”.

Inspirada pelo curso, Luana criou o canal Raridades Eleitorais, no YouTube, onde posta raridades da TV brasileira ligadas à política nacional. Também desenvolveu um blog de mesmo nome, espaço em que realiza pesquisas e conta histórias sobre as eleições no Brasil. Em 2021, aos 28 anos, concretizou seu sonho, se tornando enfim uma politóloga. “A melhor coisa [que fiz] foi estudar a EAD da Uninter”, conclui.

De mãe para filha

Filha única, Luana foi criada pela mãe, Vera Lúcia Pereira Coelho. O total apoio da genitora fez com que ela pudesse investir naquilo que sempre foi importante para ela. “Minha filha sempre seguiu os sonhos dela. Eu a ajudei porque ela sempre gostou de política”, diz.

Vera contou a CNU que Luana sempre foi muito esforçada e engajada em temas políticos. “Ela sempre gostou de ler e pesquisar sobre isso”, ressalta.

Inclusão

Segundo o artigo 53 do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), “A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente exercer seus direitos de cidadania e de participação”.

Atualmente, entidades buscam proporcionar essa inclusão e lutam para que a acessibilidade dessas pessoas na sociedade se torne uma realidade. Uma delas é a Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça), que trabalha junto aos diagnosticados “com finalidade de defender os direitos e promover a cidadania plena das pessoas com autismo e de suas famílias”.

A história de Luana representa todas essas pessoas. É a luta para garantir um ambiente saudável e acolhedor para todos, priorizando o respeito e a diversidade em todos os ambientes sociais.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo
Edição: Arthur Salles


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