Cleberton passa 55 dias correndo 5 mil km inspirado no “Deus desconhecido” do apóstolo Paulo

Autor: Valéria Alves – Assistente Multimídia

Em 490 a.C., o soldado grego Fidípides correu 42 km da cidade de Maratona até Atenas para anunciar a vitória dos gregos contra os persas, morrendo de exaustão logo após dar a notícia. É o que a diz a lenda que inspirou a realização da modalidade esportiva que conhecemos hoje como maratona, em que os corredores percorrem uma distância de 42.195 km, sendo a primeira delas realizada em 1896 em homenagem ao soldado.

Foi em Atenas que tudo começou, e também onde o ultramaratonista Cleberton Souza ergueu sua taça pela primeira vez após ter conquistado o terceiro lugar no 15º Festival Internacional de Ultramaratona, que durou 55 dias, 1 hora, 43 minutos e 16 segundos de corrida. Ao todo, foram 5 mil km percorridos. Cleberton era o único das Américas participando da competição, e ele contou um pouco mais sobre sua trajetória no programa Entre no Jogo! Da Rádio Uninter do dia 15.mar.2021, com mediação de Evandro Tosin.

Correr por tanto tempo não é uma tarefa fácil nem para um ultramaratonista, e é por essa razão que exercitar a mente é tão importante quanto treinar o físico. Por isso, Cleberton compartilhou uma inspiração durante essa corrida, que está diretamente ligada ao local em que estava e a sua fé: o Areópago, local em que ele levantou a taça pela primeira vez, e onde o apóstolo Paulo proferiu o discurso do Areópago, falando para as pessoas que serviam ao “Deus desconhecido”. Estima-se que em Atenas havia mais de 30 mil deuses, e ali havia um altar com esse nome. Segundo relatos bíblicos, Paulo teve o espírito comovido e pregou a palavra de Deus nesse lugar.

“Eu acabei subindo lá com o meu treinador e, quando vi a placa escrito Areópago, entrei em êxtase”, diz Cleberton. “Fiquei muito louco, muito emocionado, e aí veio toda a inspiração: ‘Eu vou correr 5 mil km e vou dedicá-la ao Deus desconhecido’. Eu corri 55 dias com isso na cabeça: ‘Eu não vou levantar o troféu quando eu receber na prova, só vou levantar esse troféu lá no Areópago’”, comenta. E assim o fez.

Mas, para que Cleberton pudesse correr 5 mil km, muita coisa aconteceu antes em sua vida. Hoje ele tem 42 anos, mas desde pequeno se identifica e gosta do esporte. Quando era menor, por exemplo, já percebia que conseguia correr um pouco mais rápido do que outros colegas, e com 16 anos teve a oportunidade de participar de uma corrida de 1.600 metros na escola, na qual ficou em segundo lugar. Em 2016, já havia feito corridas de 5 km a 16 km, até o momento em que sobrou uma inscrição para a Maratona do Rio.

“Eu treinei um pouco e terminei a maratona completamente destruído. Eu fiquei muito agoniado porque terminei muito mal, com muitas dores, não conseguia andar direito. Então falei: ‘No ano que vem eu tenho que me superar’. Eu me inscrevi para outra ultramaratona de 80 km em montanha, eu nunca tinha corrido em uma montanha, muito menos em uma ultramaratona, e fiquei em terceiro lugar, perdendo apenas para dois atletas que são reconhecidíssimos no Brasil. Não é vergonha nenhuma chegar depois deles, e eu falei: ‘Eu sou ultramaratonista’”.

Para Cleberton, a corrida vai muito além das pistas. Afinal, além de atleta, ele também é empresário e gestor do polo da Uninter de Itaboraí (RJ). Sendo assim, os treinos são realizados nas horas vagas para não atrapalhar seu tempo dedicado a outras atividades essenciais.

“Quando comecei a treinar para provas mais longas, treinava um pouquinho de manhã e um pouquinho à noite quando saía do trabalho. As sextas-feiras eu costumava fazer os “longões”, que é um treino que a gente corre bastante tempo por uma longa distância. Eu ia para a praça da cidade em que tinha muito bar aberto, restaurante, policiamento, uma praça que tem 300 e poucos metros, e passava a madrugada toda rodando lá, porque era um tempo que eu sabia que não tinha que trabalhar”, explica Cleberton.

Fazendo isso, ele conseguia treinar sem tirar o tempo do seu trabalho ou da sua família, e ainda com o sentimento de segurança por causa do policiamento. “Recentemente eu coloquei uma esteira em casa, e agora eu treino muito dentro de casa mesmo, aí você está junto com a família, filhos, então ficou um pouco mais fácil”, afirma.

Há muito o que celebrar. Além da conquista em Atenas, Cleberton também é o primeiro sul-americano a correr 1.000 km oficialmente em uma competição, título que conseguiu na corrida 1000km Brasil, na qual segundo ele, conseguiu participar depois de muita insistência. O aprendizado de Cleberton durante esse percurso foi compartilhado no livro Como treinei, corri, venci e me recuperei da 1000 Km Brasil.

Ainda há um segundo livro por vir, dos 5 mil, que irá conter orientações de treino, nutrição, cardio, imagens, QR code para acessar vídeos que irão complementar a leitura, e muito mais. “Em muito pouco tempo ele vai estar lançado. Além de ser um material único, não tem nada parecido, tem uma história extraordinária. Eu acredito que vai ser um livro gostoso de ler para todo mundo”, afirma.

Enquanto isso, Cleberton já tem algumas metas traçadas. “Quebrar recordes, mostrar que o esporte serve para todos e que dá para fazer história andando”, conclui.

A diferença da maratona para a ultramaratona é a distância, sendo ela definida por qualquer corrida que ultrapasse 42 km. Para acessar o programa na íntegra, clique aqui. Você pode acessar as outras matérias sobre a saga de Cleberson neste link e neste link.

 

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Autor: Valéria Alves – Assistente Multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Reprodução Facebook


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