Evento discute baixa representatividade da mulher na política e diplomacia

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo

A política e a diplomacia brasileiras ainda são territórios eminentemente masculinos. Dados e investigações acadêmicas que comprovam essa constatação foram apresentadas em novembro passado durante o ENFOC (Encontro de Iniciação Científica e Fórum Científico), evento realizado pela Uninter com a participação de pesquisadores e investigadores de várias instituições de ensino superior do país.

Os trabalhos da área da ciência política buscaram refletir sobre assuntos emergentes na política brasileira. Um dos temas que se destacaram foi a análise sobre a diplomacia no Brasil, com investigações sobre a representatividade dentro do Itamaraty. “O recrutamento da diplomacia constata que existe uma forte prevalência de homens brancos ocupando os cargos, sem espaço para mulheres ou negros”, afirma Doacir Gonçalves, coordenador do grupo de iniciação científica na área dos Estudos Políticos.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), 366 mulheres integravam o quadro de diplomatas do Itamaraty em 2019, composto de 1.576 servidores (23% do total).

Outra constatação feita pelos pesquisadores diz respeito à representatividade feminina na política. Em levantamento feito pela União Interparlamentar sobre a participação feminina na política, o Brasil ocupa a posição de número 140 num total de 192 países investigados.

Já dados obtidos pela Agência Câmara de Notícias mostram que as mulheres ocupam somente 15% dos cargos políticos na Câmara dos Deputados. O cenário é ainda pior no Senado, onde o percentual de mulheres em cargos é de 12%. Além disso, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas eleições de 2020.

Os temas do evento

O curso de Ciência Política da Uninter se destaca pelo incentivo à pesquisa acadêmica, ajudando a formar jovens pesquisadores que contribuem para o desenvolvimento do campo. Muitos desses acadêmicos dão seus primeiros passos no tradicional evento de iniciação científica da instituição, o ENFOC.

Além de coordenar o grupo de iniciação científica na área dos Estudos Políticos, Doacir é professor dos cursos de Direito, Ciência Política e Relações Internacionais, e também atua junto ao mestrado em Direito. Ele conta que para esta edição do evento científico foram aceitos 21 trabalhos nesta área, tanto de estudantes da Uninter quanto de outras instituições. “Foram abordados temas como a comunicação política no mundo digital, a elaboração de políticas públicas, a gestão pública, entre outros”, ressalta.

 Aprendendo a pesquisar

Além de Doacir, outros membros docentes na área dos Estudos Políticos trabalham junto aos alunos no desenvolvimento de pesquisas de iniciação científica. É o caso da professora Karolina Mattos e do professor André Barsch.

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federa do Paraná (UFPR), Karolina conta que vários de seus alunos estiveram apresentando uma pesquisa pela primeira vez. “A gente busca analisar como a política é e não como deveria ser”, afirma. Entre os assuntos abordados por seu grupo de pesquisa está a análise da organização partidária a partir dos fundos eleitorais disponíveis.

Já Barsch é mestre em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e leciona nos cursos de Ciência Política, Relações Internacionais e Administração Pública da Uninter.

Também responsável por coordenar alunos que participaram do evento, ele conta que os temas de pesquisa foram escolhidos no início do ano letivo. “Os temas foram variados. Eles pesquisaram sobre o desempenho de candidatos jovens nas eleições municipais, as causas da abstenção eleitoral, os efeitos do fim das coligações nas eleições proporcionais, entre outros”, ressalta.

Para ele, o resultado foi bastante positivo. “Acho que o mais importante para os alunos foi a experiência científica, desde o aprendizado dos métodos de pesquisa à compreensão da importância da formatação dos trabalhos de acordo com a normas e a experiência de apresentar uma pesquisa em um evento científico”, conclui.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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