Educador social luta pela regulamentação da profissão

Autor: Daniela Mascarenhos – Estagiária de jornalismo

No cenário atual, marcado pela crise sanitária que produziu uma série de impactos na vida das pessoas mais carentes da nossa sociedade, a atuação dos assistentes e educadores sociais tem ganhado relevância. São estes profissionais que lidam com as dificuldades cotidianas da população mais humilde, das crianças que precisam de apoio para crescer e sobreviver.

No entanto, esse profissional não tem o reconhecimento merecido pelo trabalho que exerce. Esse foi o ponto de partida da última edição do Programa Humanidades, transmitido pela Rádio Uninter no dia 16.jun.2021, que recebeu a professora e coordenadora do curso tecnólogo de Educador Social, Jandi Lopes. O tema do programa foi “A causa da regulamentação da profissão de educador social”. Outro convidado foi José Pucci Neto, educador social há 25 anos, funcionário da prefeitura de Curitiba e presidente do Fórum de Educadoras Sociais do Paraná.

Jandi começou falando sobre sua trajetória pessoal na área. “O fato de estar aqui hoje, falando para todos vocês, na coordenação de um curso, o primeiro curso superior tecnológico em educador social, acredito que tem a ver com essa efervescência política na qual eu fui convidada a nascer, ou seja, em 1962”. A década de 1960 ficou marcada na história do país pelas lutas democráticas e populares, sufocadas pelo golpe militar de 1964. Foi nas periferias de Recife (PE), nas décadas de 70 e 80, que Jandi descobriria como a educação social se faz tão necessária para mudar os rumos de nossa sociedade.

Os palestrantes alertaram para o problema da precarização do papel do educador social. Originalmente, o educador social era o profissional atuante no sistema socioeducativo. No entanto, com o passar do tempo e com a falta de regulamentação da profissão, surgiram as figuras do socioeducador e do cuidador-social. “Hoje se contrata um cuidador social pagando menos da metade do que ganha um educador social, e para fazer basicamente a mesma coisa, com uma ou outra diferença”, comenta Pucci Neto.

O curso de Educador Social da Uninter apresentou recentemente à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados uma carta em apoio à regulamentação dessa profissão no Brasil. O documento defende a necessidade de que a formação profissional seja em nível superior. A demanda está na comissão de educação e, se passar por todos os trâmites, pode vir a ser votada no Senado.

Jandi destaca que o texto da proposta, em seu artigo 7, prevê que “a partir da entrada em vigor da lei, educadores e educadoras sociais apenas com ensino médio terão o prazo de dez anos para realizar a formação superior própria e específica em educação social, e isso pode favorecer a criação de novos cursos na área da educação social.”

Hoje existem vários cursos de pós-graduação ofertados na área, mas não há muitas opções de graduação. “Por isso a importância de trazer os educadores sociais quem têm ensino médio a fazerem uma graduação, seja um tecnólogo, seja um bacharelado, seja uma licenciatura, na área de educação social. Essa é nossa defesa, é nossa contribuição”, enfatiza Jandi.

A falta de regulamentação da profissão de educador social teve impactos severos durante a pandemia. Apesar de atuarem em contato direto com pessoas em condição de vulnerabilidade social, apenas recentemente tiveram acesso à vacina contra a Covid-19. “Tivemos colegas, no Brasil todo, que chegaram a vir a óbito por pegar Covid, e alguns contaminados em seu local de trabalho. E aí, qual foi a entidade ou órgão que defendeu esse profissional?”, questiona Pucci Neto, destacando a falta de representatividade da profissão.

“Não é o texto da lei que diz que é uma profissão, a profissão acontece, o fazer já acontece e agora precisa ser reconhecido socialmente, perante a lei, e ter a redistribuição material, seja em nível de salário, seja em nível de conteúdos acadêmicos cada vez maiores. Essa é a nossa defesa”, conclui Jandi.

Você pode assistir à palestra completa clicando aqui.

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Autor: Daniela Mascarenhos – Estagiária de jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Projeto Eu Sou/Hélio Rodrigues


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