O que é e como iniciar uma startup

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Com o passar dos anos, a palavra “startup” passou a ser cada vez mais ouvida. E mesmo quem ainda não tem familiaridade com o termo certamente já presenciou, em seu dia a dia, alguma das facilidades que essas empresas trouxeram para a sociedade. As startups são empresas jovens e inovadoras, que buscam soluções para problemas dos mais diversos. Através do desenvolvimento de projetos, procuram atrair investidores para florescer no mercado. Hoje, muitos jovens empreendedores sonham em colocar suas ideias em prática, mas a tarefa não é tão simples.

O que é uma startup?

O termo surgiu nos anos 1990, no Vale do Silício, região da Califórnia (EUA) que concentra empresas especializadas em tecnologia e inovação. E apesar de ser um termo recente, é bastante conhecido e usado no mundo todo. Algumas pessoas pensam que startup é um termo para se referir a uma empresa no seu período inicial, mas não é bem assim. Logicamente, a maioria das startups estão começando, mas não é só isso que as define.

Uma definição correta para startup é: uma empresa que possui um modelo de negócios repetível e escalável, que são inovadoras e normalmente fazem o uso da tecnologia para o seu funcionamento, mas não necessariamente a utilizam para seu funcionamento. São compostas por pessoas com o perfil empreendedor e inovador. E uma startup não precisa necessariamente ser uma empresa de tecnologia.

No Brasil, nós temos o Marco Legal das Startups, projeto de lei aprovado no último dia 01.jun.2021, e vai entrar em vigor em 02.set.2021. Segundo a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), o objetivo é facilitar e criar um ambiente de incentivo para essas empresas. “A Lei Complementar nº 182/2021, conhecida como Marco Legal das Startups, tem como objetivo fomentar e incentivar o empreendedorismo inovador no país, trazendo um novo ambiente regulatório e de desenvolvimento para as pequenas empresas da área de tecnologia”, explica a ANPEI.

Sobre o Marco Legal, Armando Kolbe Jr., coordenador do curso de Gestão de Startups da Uninter, diz que o texto ainda está bem aquém do que deveria ser para atender às necessidades das empresas. “As startups precisam de algo ágil, limpo, e o Marco Legal ainda está um pouco longe disso, apesar de ser muito importante”, afirma.

A formalização da empresa é uma etapa que precisa de muita atenção, é preciso avaliar a situação e ver qual opção se enquadra melhor para o seu negócio. “O marco legal coloca algumas características para enquadrar as empresas enquanto startup. Tem que ser empresário individual (EI), empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli), sociedades empresariais ou sociedades simples”, explica o coordenador.

“Deve possuir uma receita bruta de até R$ 16 milhões no ano anterior. Se for uma empresa com menos de um ano, a receita deve ter em torno de R$ 1,3 milhões multiplicado pelo número de meses que a atividade tem no setor, ou seja, R$ 1,3 milhão por mês. Tem que ter até dez anos de inscrição no cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ) e utilizar modelos de negócios inovadores para gerar produtos ou serviços, ou ainda pertencer a um regime especial, o Inova Simples, que estimula as startups”, ressalta Armando.

Startup ou empresa tradicional?

A startup é um tipo de empresa voltada para inovação e rapidez, com crescimento escalável e foco maior em mercados não explorados. As empresas tradicionais têm uma estrutura mais rígida, com base na experiência e atendem uma demanda que já existe. Armando afirma que muitas empresas tradicionais estão construindo departamentos de inovação, com a cultura de startups. “Nada contra a estrutura tradicional, a diferença é que nas startups a estrutura é mais horizontal, o que faz com que a comunicação entre todos os envolvidos seja muito mais rápida, muito mais dinâmica”, salienta.

A burocracia é importante, mas em uma empresa tradicional acaba ocorrendo em excesso, o que atrasa o processo de evolução das inovações. “Muitas vezes, as pessoas que trabalham dentro de uma empresa tradicional têm uma boa ideia, mas até chegar na pessoa certa, quanto tempo demora para evoluir essa ideia? Isso é algo que atrapalha”, conta Armando.

As startups adotam a inovação de uma maneira fundamental no seu modelo de negócio e atuam no campo da incerteza, em mercados pouco explorados. As empresas tradicionais focam na estruturação e na consolidação, mesmo que leve mais tempo para lucrar no mercado, devido à competição.

Nesse ambiente da tecnologia e inovação, existem vários termos diferentes que estão sendo incorporados ao vocabulário. Um deles é “pivotar”, uma expressão usada para se referir à facilidade de mudança. Dentro de uma startup, quando um caminho não está legal, é possível mudar sem dificuldade. O modelo de gestão é focado na velocidade e na visão de futuro, e quanto mais rápido tiver respostas e resultados, mais rápido se pode tomar uma outra atitude. Por isso as startups nascem com a necessidade de automatizar os processos e integrar ferramentas em todos os níveis.

O professor Everton Luiz Vieira lembra de uma analogia para definir as diferenças entre startup e empresas tradicionais: “As empresas tradicionais são como um navio, e as startups são como um jet ski. Para um navio mudar o rumo, mudar de direção, é muito complexo e demorado. Já para um jet ski é rápido e fácil. Essa comparação é feita para ressaltar a questão da diferença na agilidade dos processos”, explica.

As dificuldades para abrir e manter uma startup

Armando afirma que a legislação muitas vezes é um empecilho para a abertura de empresas dessa natureza, que precisam se desenvolver com velocidade. “A questão da legislação dificulta a criação das empresas em geral, precisaria haver uma melhora nesta questão legal. Porém, a maior dificuldade de uma startup, por incrível que pareça, é transformar uma ideia em um produto. Quando você tiver uma boa ideia, é preciso anotar na hora, pois as ideias boas surgem o tempo todo, e também é fácil de esquecê-las”, ressalta.

A tomada de crédito é outra questão que pode atrapalhar. “Os juros são muito altos, o dinheiro no Brasil é caro demais. Conseguir recursos para investir na sua startup é um grande desafio. Além disso, a definição de cultura organizacional é muito importante. A partir do momento da ideia do negócio, é necessário definir visões, valores e atitudes comportamentais que vão ser aceitas pelo consumidor e sociedade em geral, pois é importante ter uma equipe alinhada”, complementa Armando.

A falta de sócios qualificados também é um aspecto negativo que vale a pena ser lembrado. “Começar um negócio sozinho é possível, mas é bem mais difícil, então a ideia é procurar outros profissionais qualificados para auxiliar nesse processo e enfrentar o desafio ao seu lado. O problema é saber se essa pessoa tem as qualificações necessárias. A maior falha é trazer pessoas que não estejam preparadas e que não tenham a qualificação necessária”, descreve.

Everton Vieira lembra do programa de incentivo Vale do Pinhão e comenta sobre as formas de apoio às startups. “Aqui em Curitiba temos o programa Vale do Pinhão, e a própria prefeitura tem um programa com incubadoras e aceleradoras para startups. Uma incubadora traz a startup para dentro, para que possa desenvolver suas ideias. Já as aceleradoras promovem eventos de capacitação para que a empresa, depois de consolidada, passe a ser acelerada”.

Unicórnios

A figura mitológica, imagem de um cavalo com um chifre na testa, é usada para representar aquelas empresas que conseguiram chegar a um bilhão de dólares em valor de mercado, antes de abrir o seu capital na bolsa de valores. É o caso da Uber. Existem também empresas Decacórnio, que possuem valor acima de dez bilhões de dólares, como por exemplo a Space X e AirBnB. Essas são algumas das empresas que conseguiram atingir esse altíssimo valor de mercado de uma maneira impressionante.

As startups não só buscam inovar e trazer soluções para as pessoas como “puxam a fila” para empresas tradicionais buscarem melhorias e acompanharem a evolução. “A Uber revolucionou o mercado. Antigamente, para comprar uma placa de táxi, era preciso pagar de R$ 150 a R$ 200 mil. A AirBnB proporcionou a todas as pessoas que quisessem ter uma renda maior a chance de disponibilizar a sua casa, seu quarto desocupado, para aluguel. São empresas que revolucionaram o mercado. O Pix é um sistema que foi criado com base nas necessidades de soluções para atender o mercado. O iFood é um outro ótimo exemplo também, e quando esse setor alimentício foi se saturando, surgiram empresas entregando remédios, por exemplo. É isso que é a agilidade das startups”, diz Armando.

Por fim, o coordenador deixa dicas para quem está querendo colocar as ideias em prática. “Coloque sua ideia no papel, mande um e-mail para você mesmo com sua ideia, mas não deixe passar. Você precisa ter um plano de negócio, para ter uma visão sobre seus objetivos. Algumas informações primordiais são: quem são seus clientes, quais seus concorrentes, metas de curto e longo prazo e quais suas projeções financeiras para isso. Você deve elaborar estratégias de uma forma inicial e intermediária, porém nem tudo que está descrito no plano de negócio poderá ser seguido à risca”, sugere.

“Também é importante definir um nicho de atuação e conhecer bem esse mercado, conhecer a sua persona, que é o seu cliente. Você tem que promover a sua startup, inclusive para os seus sócios, eles têm que comprar essa ideia. Explore o potencial das redes sociais, faça networking e crie essa rede. Devemos ser eternamente aprendizes, precisamos estar nos atualizando sempre e buscar as novidades, pois é uma constante renovação. E, sempre, tenha os pés no chão”, conclui Armando.

Armando Kolbe Junior e Everton Luiz Vieira debateram o assunto durante edição do programa GERIR, da Escla Politécnica da Uninter. Você pode conferir a gravação completa do evento na página oficial da Escola Politécnica da Uninter no Facebook.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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