Idosos institucionalizados, distanciamento social e tecnologia

Autor: Tatiane Calve*

Em decorrência da escassez de tempo e ausência de familiares devido à saída para a jornada laboral, acometimento por patologias associadas ao envelhecimento que causam dependência e dificuldades financeiras são alguns dos motivos que levam os idosos à institucionalização.

Esses fatores, unidos às necessidades regionais, fizeram com que inúmeras instituições destinadas a cuidar de idosos fossem fundadas em nosso país (Calve, 2016).

A Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), denominação sugerida pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e implantada pela legislação vigente da RDC no. 283 de 26 de setembro de 2005, tem por objetivo o acolhimento de idosos com idade igual ou superior a 60 anos de idade, e podem ser de caráter governamental e não governamental.

Segundo o Estatuto do Idosos, tal instituição tem a obrigatoriedade de manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades dos idosos, tais como alimentação regular, padrões de higiene e conforto, proporcionar cuidados à saúde e promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer.

O atendimento ao idosos na ILPI deve ser multiprofissional, oferecendo assistência social, psicológica, médica, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de enfermagem, de odontologia, educação física e outras atividades específicas para esse público (Christophe; Camarano, 2010).

Idosos que residem em ILPIs, em sua maioria, são mais dependentes e sofrem maior impacto das características do envelhecimento e do próprio processo de institucionalização, reduzindo a mobilidade e motivação de viver. Assim, para minimizar os impactos do processo de institucionalização, se faz necessária a intervenção, com aplicação de atividade física regular, atividades de socialização, recreativas e de lazer.

O lazer e as atividades recreativas são, além de direito constitucional, consideradas como necessidades humanas básicas. Para Moura, Souza (2013), prática do lazer inclui, entre outras funções, a oportunidade de usufruir de inúmeras manifestações culturais, como esportes, jogos, brincadeiras, atividades artísticas, festas, eventos comemorativos, passeios e viagens.

Com a chegada da pandemia e, consequentemente, distanciamento social, as atividades de visitas, de recreação e de lazer foram reduzidas, no intuito de evitar contaminação das instituições e contágio dos residentes, uma vez que são extremamente vulneráveis ao vírus.

Para que os idosos não ficassem ainda mais isolados da sociedade e pudessem vir a serem acometidos por crises depressivas, muitas instituições tomaram como alternativa o uso de tecnologia da informação para entretenimento, atividades recreativas e de lazer, o que inclui visitas virtuais, com o intuito de alegrar seus dias solitários.

Além dos aplicativos e redes sociais convencionais, outra atividade que poderia ser uma boa iniciativa nas ILPIs brasileiras neste momento que estamos atravessando é a sugestão de Guerreiro (2020), que iguais aos condomínio para idosos em Portugal, implantar robôs sociais que possuem um simulador de diálogo e conseguem, mediante a inteligência artificial (IA), detectar emoções e interagir com os idosos da comunidade.

A tecnologia da informação, principalmente o computador, tablet e celular, incluindo seus aplicativos e softwares para ampliar a comunicação com amigos e familiares, vem sendo grande aliada no combate à solidão de idosos institucionalizados, ofertando-os, de maneira virtual, uma vida social mais ativa, saudável e feliz.

* Tatiane Calve é doutora em Ciências da saúde e professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de licenciatura e de bacharelado em Educação Física da Uninter.

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Autor: Tatiane Calve*
Créditos do Fotógrafo: Sabine van Erp/Pixabay


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