Futuro do mercado de trabalho precisa ser inclusivo e antirracista

Autor: Madson Lopes - Estagiário de Jornalismo

Para garantir igualdade de oportunidades e direitos, o futuro do mercado de trabalho tem de ser diverso, inclusivo e antirracista. Essa foi a síntese da edição de 03 de setembro do Papo Castiço, da TV Uninter. Para discutir como gênero e raça impactam a carreira profissional, o programa recebeu Cintya Santos, que é professora da Uninter e CEO da Casp Desenvolvimento Humano,

Conduzida pela apresentadora Juliana Telesse, da Central de Notícias Uninter, a conversa abordou a perpetuação de desigualdades estruturais para mulheres, pessoas negras, povos originários e outras minorias sujeitas a salários inferiores e menor acesso a cargos de liderança. 

Para Cintya, pensar sobre ascensão profissional implica analisar esses recortes sociais que atravessam a sociedade brasileira. “Quando eu tenho recortes étnicos, raciais, eu tenho vivências, experiências específicas que talvez a grande maioria da população não viveu. Estereótipos, conceitos, pré-conceitos, definições estruturais da sociedade que me afetam”, afirmou. 

São vivências como as do filho dela, um jovem negro que já sofreu episódios de racismo sutilmente velados, mas não menos violentos, como o olhar atravessado do segurança do shopping e a discreta perseguição nos corredores de supermercados. Situações que, segundo ela, não passam batidas por quem as vivenciou, mas repercutem na forma como esses indivíduos se comportam em determinados espaços. 

E é com essa bagagem que muitos jovens chegam ao mundo do trabalho. Segundo Cintya, para se destacarem nesse meio, eles deverão buscar, sobretudo, um autoconhecimento capaz de entender suas qualidades e motivações. “Precisamos entender que o nosso autoconhecimento e a nossa autoestima também têm contribuição social. Eu posso, eu me percebo, eu me reconheço”, afirma, destacando que, por conta de uma baixa autoestima, algumas pessoas rejeitam promoções e o reconhecimento devido. 

Com 17 anos trabalhando na área de desenvolvimento humano, ela mesma vivencia na pele o desafio de ser uma mulher preta ocupando um espaço de liderança historicamente reservado a homens brancos e cis. Aos poucos, esse cenário vem mudando, mas às custas dos esforços dessa população, que cada vez mais rejeita a romantização do sofrimento e o mito da meritocracia como consequência única do sucesso. 

Cintya afirma que o momento atual é de fortalecer políticas públicas que realmente confiram igualdade e considerem o contexto de vida de cada pessoa. “A gente precisa parar de romantizar o sofrimento. A gente precisa olhar [para o mercado de trabalho] como se fosse uma corrida onde uns estão apostando com uma bola de ferro no pé. Alguns estão livres, com uma condição física boa, bem alimentados, estão correndo, mas alguns estão com uma bola de ferro”, exemplificou. 

O programa também abordou os dados alarmantes apresentados no Fórum Econômico Mundial de 2023, que destacou a urgência de acelerar a integração das mulheres no mercado de trabalho e a paridade de gênero nos cargos de liderança. O relatório mostrou que para alcançar essa igualdade são necessários mais de 131 anos. Frente a esses dados alarmantes, Cintya lembrou que metade dos lares brasileiros são chefiados por mulheres (cerca de 49,1%, segundo dados do IBGE de 2022). 

Essa mudança de estrutura familiar, no entanto, não foi seguida pelo mercado, que permanece privilegiando homens. “Temos ali três pessoas buscando uma oportunidade: uma mãe solo, uma mulher negra e um homem hétero branco e cis […] puxa, essa mulher solo, com quem ela vai deixar o filho? E essa mulher negra, quem é essa mulher? Será que ela vai ter competência suficiente para chegar lá e conversar com todo mundo que precisa conversar para representar a empresa?”, disse, ilustrando questões levantadas somente quando o lado entrevistado é uma mulher. 

Ela conclui reafirmando que não adianta torcer o nariz para as cotas de gênero, pois elas devem equilibrar essa balança nos próximos anos e garantir reparação histórica. Assista à entrevista completa no canal do YouTube da TV Uninter. Também é possível acompanhar Cintya Santos todas as quintas-feiras, às 19 horas, na apresentação do programa Momento Carreira, no mesmo canal. 

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Madson Lopes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Reprodução Youtube


1 thought on “Futuro do mercado de trabalho precisa ser inclusivo e antirracista

  1. Investir nas qualidade de vida das pessoas, resulta em maior desenvolvimento para as Organizações. Promover inclusão e reduzir desigualdade é dever de todas Instituições.

Deixe uma resposta para Eva de Fátima Costa Bravo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *