Meninas nas ciências de ontem são as mulheres cientistas de hoje
Autor: Maria Vitória Alves da Silva - Assistente de Comunicação Acadêmica
O incentivo à presença feminina nas ciências ganhou um novo capítulo em 2025 com a retomada do projeto “Seja uma mulher cientista, meninas nas ciências”, aprovado na chamada nacional CNPq/MCTI/MMulheres nº 31/2023. A iniciativa prevê, ao longo de três anos, um conjunto de atividades voltadas a alunas da rede pública, com o objetivo de aproximá-las de áreas historicamente marcadas pela desigualdade de gênero, como as ciências exatas, engenharias e computação.
Desde fevereiro, oficinas temáticas e encontros periódicos têm movimentado a rotina das estudantes. No dia 16 de setembro, por exemplo, elas participaram da palestra com a professora Márcia Cristiane Kravetz Andrade, professora da Uninter há 15 anos e atualmente doutoranda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Márcia, que além de pesquisadora representa a Uninter no programa, relata que participar desse processo é também uma forma de inspirar. “É sempre um privilégio estar aqui representando a Uninter, meu programa de doutorado e mostrando que ser uma mulher cientista é um caminho possível e gratificante.”
Ao longo de sua fala, a professora compartilhou sua trajetória acadêmica e profissional, reforçando que os desafios fazem parte do caminho, mas não impedem que cada jovem conquiste seu lugar na universidade “a trajetória nem sempre é fácil, mas vale a pena estudar e acreditar que ocupar uma universidade, seja pública ou privada, é possível”, afirmou.
Coordenado pelas professoras da UTFPR, Maurici Del Monego e Larissa Kummer, o projeto recebeu investimento de R$ 597.920,00, valor destinado às oficinas e às bolsas fomentadas pelo CNPq, que contemplam todas as estudantes e professoras participantes. Cada edição, com duração aproximada de dez meses, contempla quatro escolas da rede pública. Ao fim de 2027, o programa terá passado por 12 instituições de ensino.
Neste ano, fazem parte do ciclo o Colégio Estadual Ângelo Volpato, Colégio Estadual Teotônio Vilela, Colégio Estadual Domingos Zanlorenzi e o Colégio Estadual Olavo Del Claro.
Segundo a coordenadora, cerca de 50% das meninas envolvidas são negras. O dado, embora não esteja previsto como critério de cota no edital, reforça o caráter inclusivo e representativo da iniciativa. Para a professora Maurici, o impacto do projeto vai além das participantes diretamente atendidas “São 60 meninas contempladas ao longo dos três anos, mas o alcance é ainda maior, pois muitas atividades podem ser replicadas em sala de aula pelas próprias estudantes e professoras bolsistas”, explica.
A programação inclui oficinas quinzenais em laboratórios da UTFPR, onde as alunas experimentam práticas em química, eletrônica e construção de currículo científico. Além disso, quatro estudantes selecionadas vivenciam períodos em regime de iniciação científica, atuando diretamente em laboratórios e conhecendo de perto a rotina da pesquisa acadêmica. Essa experiência funciona como porta de entrada para futuras carreiras em ciência e tecnologia, incentivando vocações desde o ensino básico e mostrando que o universo da ciência pode, sim, ser feminino.
O impacto da presença dessas jovens nesses espaços já pode ser percebido em resultados concretos. Nas redes sociais do projeto (@meninasnascienciasutfpr), foram divulgados depoimentos de três ex-participantes que hoje cursam graduações em áreas científicas. São exemplos que confirmam a força transformadora da iniciativa e a importância de criar condições para que sonhos acadêmicos se tornem realidade
A mensagem reforça o lema que acompanha o projeto “As meninas nas ciências de ontem são as mulheres cientistas de hoje”, mais do que um slogan, a frase resume o propósito de garantir que sonhos acadêmicos não sejam interrompidos por barreiras sociais, econômicas ou de gênero. Ao unir oficinas práticas, bolsas de incentivo e o compartilhamento de trajetórias pessoais, o projeto busca não apenas despertar vocações, mas também contribuir para transformar o cenário de sub-representação feminina em áreas estratégicas do conhecimento.
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Ketlyn Laurindo da Silva







