Dia Nacional da Saúde, eu e a minha máscara

Autor: Willian Barbosa Sales*

O dia 5 de agosto é instituído como o “Dia Nacional da Saúde”, conforme preconizado pela Lei nº 5.352, de 8 de novembro de 1967, com uma finalidade ímpar: a de promover a educação sanitária e despertar no povo a consciência do valor da saúde. Tão romântico e tão filosófico quanto o conceito de saúde definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de doenças”, embora esse conceito já tenha sofrido alterações nas últimas décadas.

Essa data também serve para homenagear o cientista, pesquisador e médico Oswaldo Cruz (foto). Homem fantástico com pensamento à frente para pessoas de sua época, que foi responsável pelas erradicações de perigosas epidemias que perpassavam pelo Brasil no final do século XIX e início do século XX. Epidemias como a peste bubônica, febre amarela e a varíola, que de tempos em tempos assolada a população brasileira.

Mas afinal, o que a data efeméride e a homenagem a Oswaldo Cruz tem a ver com o atual momento? Ora essa relação é um retrato histórico do que estamos vivendo novamente enquanto sociedade. A história insiste em nos mostrar que prevenção e cuidados sanitários são imprescindíveis, mas nos recusamos a ver, até que um dos nossos afetos ou amores sucumba pelo vírus, esse ser microscópico capaz de prostar nações inteiras e colocar toda sua intrincada tecnologia em cheque.

Promoção da educação sanitária foi um dos árduos trabalhos de Oswaldo Cruz, ao tentar conscientizar a população que a peste bubônica era transmitida pelas pulgas dos ratos que conviviam em extrema harmonia com pessoas aglomerados nos cortiços sem saneamento básico. O mesmo ocorre quando Oswaldo Cruz, em 1904, torna obrigatória a vacinação em todo território nacional, episódio que ficou conhecido como a revolta da vacina. O povo sentia mais medo de tomar a vacina contra vontade do que ver a morte das pessoas queridas.

Esse recorte histórico se repete agora, no século XXI, em reportagem transmitida instantaneamente pela sua maravilhosa Smart TV 4K. A história dá um salto de século, do papel impresso direto para nossa realidade, mas com os mesmos problemas sanitários em conflito com problemas políticos. Uma história romântica com final trágico, contabilizada por aproximadamente mais de 550 mil mortes por um vírus que poderia ter sido contido em sua grande maioria pela Lei nº 5.352 de 1967, com a finalidade de promover a educação sanitária, e com a disseminação do uso da máscara.

Mas onde eu enfio minha máscara? Sua máscara deve ser tratada igual a sua roupa íntima. Afinal, ela protege agora uma parte importante do seu corpo que é composta de tecido mucoso igual aos órgãos genitais. Não vejo qualquer um colocando sua roupa íntima em cima da mesa do restaurante ou de um café. Não vejo também retirando, amassando, colocando no bolso e depois recolocando sua roupa íntima. Não vejo alguém tirando sua roupa íntima ao entrar em seu carro e colocando ela novamente ao sair dele, muito menos repetindo esse procedimento ao entrar e sair de lugares fechados.

A relação desses comportamentos com o “Dia Nacional da Saúde” está na própria educação sanitária, em que regras básicas de higiene evitam a propagação de doenças infecto contagiosas, como o uso da máscara. Não fique colocando e tirando sua máscara como se fosse um casaco. Cada vez que você a tira, está exposto. Não satirize as pessoas que andam de carro sozinhas usando máscara, elas só estão sendo higiênicas, evitando manipular a proteção física de forma desnecessária. Seja elegante, higiênico e inteligente. Faça sua parte ao se proteger e ao proteger os demais, reforçando o aprendizado que deveria ter sido realizado há mais de 100 anos.

* Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em saúde e meio ambiente, coordenador dos cursos de pós-graduação área da saúde da Uninter.

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Autor: Willian Barbosa Sales*


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