Black Friday 2020: qual é a tendência?

Autor: Shirlei Miranda Camargo*

Trabalhei durante alguns anos com previsão de vendas em uma grande empresa de cosméticos. Confesso que, apesar de adorar aquele trabalho, ele era meio ingrato. Fazer previsões de vendas é como ser “goleiro”: quando não toma gol, não faz mais do que a obrigação; mas leve um “frango” para ver o que acontece! Da mesma forma, quando as previsões se concretizam, ok. Mas quando elas não saem como o esperado, levando à falta ou sobra de produtos, já viu, né! Na época, para os “cobradores” de plantão, eu tinha uma resposta na ponta da língua: faço previsão de vendas, mas não tenho bola de cristal!

Continuo não tendo bola de cristal, mas agora tenho o Google Trends, uma excelente ferramenta para analisar tendências, pois mostra os termos mais procurados num passado recente. Claro, é uma “proxy”, como falamos em pesquisa, ou seja, é uma aproximação da realidade, pois a simples busca por uma palavra no Google não acarreta necessariamente em uma ação concreta, como uma compra. Mas já serve como um termômetro. Observe na imagem abaixo que, nos últimos cinco anos, a busca pela palavra “blackfriday” vem caindo aqui no Brasil. Temos uma tendência de queda, que pode ser causada tanto por questões econômicas, ou até mesmo pela decepção do brasileiro com as “blackfraudes” que infelizmente não foram raras.

Além disso, temos pesquisas divergentes: algumas afirmam que a Black Friday será melhor neste ano (ex.: Ebit-Nielsen); e outras que indicam justamente o contrário (ex.: Cuponation). Portanto, analisando este gráfico e a falta de convergência nas pesquisas, eu recomendo um pouco de cautela. Já vi reportagens de empresas que estão apostando todas suas fichas nesta data, e aumentando consideravelmente seus estoques. Perigoso!

Por outro lado, estamos em 2020, um ano em que tudo pode acontecer. Mesmo contra minhas previsões, pode ser que, por conta da pandemia, as vendas online superem todas as expectativas. Seja porque os consumidores aprenderam a comprar online, seja porque não querem participar de aglomerações, fazendo as vendas no geral, aumentarem. Aliás, as lojas físicas precisarão ser muito cuidadosas com o seu planejamento em tempos de pandemia para evitar aqueles tumultos que costumamos ver todos os anos nessa época.

Enfim, a tendência é de queda, mas repito, estamos em 2020. E, neste caso, até Taffarel correria o risco de levar um frango.

* Shirlei Miranda Camargo é tutora do curso de Gestão Comercial da Uninter.

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Autor: Shirlei Miranda Camargo*


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