Atividade física e saúde mental: mais é menos ou menos é mais?

Autor: Rafael Luciano de Mello*

Que a atividade física traz benefícios à saúde, não é novidade para quase ninguém, certo? No entanto, menos ênfase é dada à saúde mental.

Ao nos exercitarmos, uma série de adaptações fisiológicas ocorrem no organismo, tanto de maneira aguda, quanto crônica, e são essas alterações que proporcionam os benefícios adquiridos pela prática regular de atividade física. Pensando na saúde mental, em especial, é importante compreender o efeito dos neurotransmissores, dopamina, noradrenalina e serotonina, por exemplo, em relação ao humor, sensação de prazer e distúrbios mentais, como ansiedade e depressão. Mas como tirar o melhor proveito do exercício físico?

Para que a atividade física afete a concentração destas substâncias, é necessário pensar em alguns pontos:

  • Atividade física, exercício físico ou ambos?
  • Quantas vezes por semana?
  • Qual o tipo de exercício?
  • Qual será o tempo (volume)?
  • Qual será a carga ou velocidade (intensidade)?
  • Quantas vezes de cada exercício (séries)?

Enfim, é o gerenciamento destas variáveis que determinará o sucesso da prescrição. Em geral, as recomendações de atividade física para indivíduos com ansiedade ou depressão, não diferem de adultos saudáveis e, mesmo que a sensação de bem-estar possa ocorrer logo após a prática (efeito agudo), os resultados mais relevantes são adquiridos ao longo do tempo (efeito crônico). Com isso, é importante que o praticante tenha aderência, sendo que a intensidade e o método de treino, influenciam a manutenção do exercício.

A caminhada é a atividade física mais praticada, de simples execução e intensidade moderada. Por outro lado, existem exercícios intensos, como o “famoso” treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT). Mas afinal, qual exercício escolher pensando na saúde mental, sentimento de bem-estar e prazer?

Essa resposta deve ser individualizada, embora possamos apontar algumas características relevantes:

  • O exercício físico é dose-dependente, ou seja, maiores volumes e/ou intensidades podem trazer maiores benefícios;
  • Embora a caminhada seja um “ponta pé inicial” e possa ser muito útil, com a melhora da condição física, é necessário progredir para que o organismo se adapte ao novo estímulo;
  • O aumento da intensidade deve ser planejado, pensando em aspectos fisiológicos e psicológicos;
  • Estudos que medem resposta afetiva e prazer no exercício, apontam que o HIIT pode ser mais efetivo, desde que as séries sejam curtas (60 segundos) e o intervalo compatível (60 segundos ou mais), em comparação ao exercício moderado e intenso contínuo.

Como a atividade física deve ser regular, o primeiro passo é traçar estratégias de aderência. O ideal é que a atividade realizada seja prazerosa, independente do público. Em relação aos acometidos por depressão e ansiedade, isso se torna ainda mais importante, afinal, o sentimento de tristeza, baixa autoestima e estresse, acompanham esses indivíduos no dia a dia. Assim, atividades intervaladas de alta intensidade, podem ser alternativas às contínuas de alta intensidade, que apresentam os piores escores afetivos e de prazer.

* Rafael Luciano de Mello é especialista em treinamento desportivo e prescrição do exercício físico e gestão em esportes e fitness, professor da área de linguagens cultural e corporal nos cursos de licenciatura e de bacharelado em Educação Física da Uninter.

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Autor: Rafael Luciano de Mello*
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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