Tecnologias de informação e comunicação transformam a mobilidade de cidades inteligentes

Autor: Rafaela Aparecida de Almeida*

Nos tempos atuais, o uso de smartphones e de diferentes tecnologias faz parte do nosso dia a dia nas cidades e é possível ver cidadãos do mundo todo solicitando viagens de carro ou consultando horários e itinerários do transporte público via aplicativo. Usar algum tipo de sistema GPS para traçar rotas é habitual já faz alguns anos. E, em paralelo, câmeras de segurança estão espalhadas pelas cidades registrando os movimentos que ocorrem no espaço urbano. Todas essas simples ações do cotidiano geram dados que são trabalhados e transformados em informações, servindo de base para tornar as cidades cada vez mais inteligentes.

O conceito de cidades inteligentes, ou Smart Cities, está associado à capacidade de responder às necessidades dos cidadãos de forma eficiente, sustentável, e atua como um sistema de redes inteligentes. Pedro Junqueira, chefe executivo no Centro de Operações Rio, destaca que são consideradas Smart Cities aquelas que possuem a capacidade de gerir melhor seus recursos, com mais eficiência, a partir do amplo uso de monitoramento e de cruzamento de informações, com o objetivo de melhor atender seus cidadãos e formular políticas públicas mais eficazes.

De acordo com estudos apresentados no livro “Transformando Cidades Tradicionais em Cidades Inteligentes”, de Janaina Camile Pasqual Lofhagen, uma Smart City é concebida a partir de seis dimensões: governança, pessoas, economia, vida, ambiente e mobilidade. Tais cidades inteligentes devem tratar as dimensões de forma integrada, implementando soluções que visam otimizar a sua infraestrutura, aumentar sua sustentabilidade e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.

A governança inteligente está associada ao uso da tecnologia para facilitar e apoiar o planejamento e tomada de decisões nas cidades. A dimensão das pessoas inteligentes compreende fatores como a qualidade da aprendizagem ao longo da vida e a participação cidadã na vida pública. Já a economia inteligente está focada na prestação de serviços públicos com excelência, desde assistência médica e sistema educacional de alta qualidade à população até o incentivo ao empreendedorismo.

Uma vida inteligente está relacionada à capacidade da cidade de adquirir e aplicar conhecimentos sobre seus habitantes e seu entorno, a fim de cumprir as metas de conforto e eficiência, alinhando cidadãos, poder público e inteligência artificial. O ambiente inteligente, por sua vez, consiste na utilização de dispositivos que podem se adaptar às atividades humanas, com foco principal no monitoramento e proteção ambiental, eficiência energética e gestão sustentável de recursos. E a mobilidade inteligente volta-se para a gestão do trânsito e das muitas formas de percorrer a cidade, tendo como objetivo otimizar e reduzir os movimentos urbanos de pessoas e de cargas. Por consequência, há a mitigação dos impactos ambientais. Dentre as seis dimensões essa última vem ganhando destaque (Smart Mobility).

Por exemplo, aqui no Brasil, o Estatuto da Cidade prevê que municípios com mais de 500 mil habitantes contemplem em seus planos diretores a elaboração de um plano de transporte urbano integrado. No caso das Smart Cities, esse plano setorial cumpre muito mais do que orientar, instituir diretrizes para a legislação local e regulamentar a política de mobilidade urbana. Além disso, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são utilizadas na Smart Mobility para a extração de dados que, quando processados, tornam-se fonte de informação para tomada de decisão quanto à gestão do trânsito, redução de efeitos negativos da mobilidade (como emissões de poluentes) e a otimização dos veículos.

Há muitos exemplos do uso dessa tecnologia na mobilidade urbana. Podemos citar a utilização de semáforos, que analisam o fluxo de veículos das vias e, assim, determinam os tempos de parada e liberação do trânsito. Ou a análise dos pontos de congestionamento para aplicar alternativas como alterações nos sentidos das vias ou abrir pistas exclusivas para o transporte público. Ou ainda a análise dos fluxos de pessoas, a partir de estudos de origem e destino, para determinar a inclusão de novas linhas de transporte público. E aqueles usos já conhecidos de aplicativos para compartilhamento de caronas e aluguel de bicicletas.

Sabe porque se usa tanto o termo “inteligente”? É simples: o uso das TICs tem permitido aos gestores públicos a análise de dados gerados pela própria cidade, e pelos seus cidadãos, o que leva a um planejamento urbano e decisões de gestão focadas na melhoria da qualidade de vida da população. Tudo o que queremos para ocupar nossos espaços públicos com segurança, praticidade e satisfação.

* Rafaela Aparecida de Almeida é doutoranda em gestão urbana e docente na Escola de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter.

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Autor: Rafaela Aparecida de Almeida*
Créditos do Fotógrafo: Agência Brasília


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