Pandemia impõe novos obstáculos à erradicação da pobreza

Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo

A Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável definiu em 2015 uma série de metas de colaboração mundial a serem atingidas até 2030. São 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) que contemplam 169 propósitos diversificados, divididos em quatro dimensões: social, ambiental, econômica e institucional.

Em 17.out.20, a Uninter realizou uma maratona de palestras sobre todas essas demandas sustentáveis. As professoras dos cursos de pós-graduação de Serviço Social Talita Cabral e Relly Amaral apresentaram os principais aspectos do primeiro ODS, que trata da erradicação da pobreza, “em todas as suas formas, em todos os lugares”.

O Brasil, enquanto signatário do acordo de desenvolvimento sustentável, adotou todas as medidas. O contexto social específico do país exigiu uma readequação dos tópicos originalmente propostos, como forma de elaborar estratégias mais práticas para o enfrentamento da pobreza.

O ponto inicial discutido na transmissão foi a meta 1.4, a qual estipula que todas as pessoas tenham acesso a infraestruturas sociais essenciais. Serviços de eletricidade, água, coleta de lixo e rede de esgoto constituem o grupo básico de atendimento.

Relly explica que esses serviços auxiliam no combate à pobreza quando bem fornecidos. Com medidas de saneamento básico, a contração de doenças cai em determinado local; assim, uma vida mais saudável exige menos gastos e melhora o desempenho no trabalho.

“Tudo isso interfere na questão da renda”, diz a tutora. “A pobreza é um fenômeno […] multifacetado. Não é algo simplesmente vinculado à renda. Existem outros fatores.”

Embora tenham sido firmados há cinco anos, os ODS ganharam mais visibilidade com a pandemia do coronavírus. Outros itens, como o acesso a tecnologias da comunicação e serviços financeiros, tiveram sua disponibilidade discutida durante o isolamento social. São ferramentas que substituíram a interação humana em diferentes formas: trabalho, transações bancárias, estudo e compras de produtos e serviços.

A meta 1.5 serve como complemento à anterior e define indicadores para a redução da vulnerabilidade ocasionada por eventos extremos, como desastres econômicos, sociais e ambientais. Novamente, a crise sanitária trazida pela Covid-19 chama atenção ao tema.

Com base no relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o cumprimento dos ODS neste ano, Talita destaca que os apuros surgidos com a pandemia não afetam todos do mesmo modo. As pessoas em situação de vulnerabilidade social são as mais atingidas pelos fatores de ordem econômica, social e sanitária. O estudo evidencia a situação de crianças, idosos, deficientes, migrantes e refugiados.

Outra questão trazida à tona pela publicação é o agravamento da disparidade entre homens e mulheres durante a pandemia. Segundo o estudo, a linha de frente do combate do coronavírus é composta majoritariamente por mulheres: elas são 70% dos profissionais de saúde e assistência social que põem em risco suas vidas diariamente. Além disso, com a suspensão das escolas e a perda de emprego ou mudança para teletrabalho, as mulheres acumulam três vezes mais o serviço doméstico do que os homens.

A readequação de empregos com a pandemia forçou o fechamento de empresas no mundo todo. A diminuição da renda é capaz de colocar 71 milhões de pessoas na linha da pobreza extrema em 2020, acréscimo que não era visto desde 1998.

“Em relação à erradicação da pobreza, os números não são animadores. A possibilidade de se alcançar a meta, eu acredito que seja mínima”, comenta Talita. “Hoje, não é só a questão de trabalhar a que já existia, mas de trabalhar a pobreza que está crescendo, por conta de todo esse desemprego e subemprego que tem acontecido durante a pandemia.”

Ambas as professoras acreditam que o momento exige uma mudança de mentalidade, com foco em novas oportunidades. A capacitação profissional por meio de especializações e mudanças na área de atuação podem ser diferenciais no contorno da crise. “É um momento de buscar a manutenção do seu lugar no mercado de trabalho, e a gente está aqui para isso. A Uninter está trabalhando muito para atualizar os nossos cursos e deixar o melhor possível para os nossos alunos”, finaliza Relly.

A maratona Transformando o Mundo: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é uma organização da Pró-reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Uninter. Você pode conferir todas as apresentações no canal da instituição no YouTube. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.

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Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Marcelo Bello/Creative Commons


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