O que faz um diplomata brasileiro

Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo

A carreira de diplomata é cercada por inspiração e receio. Sua complexidade temática e profissional parece atrair e afastar possíveis aspirantes na mesma medida. Em novembro de 2020, o curso de Relações Internacionais da Uninter recebeu o diplomata Marcílio Falcão para esclarecer o que compete a esse grupo de profissionais e quais as formas de ingressar na área.

O diplomata é um representante do Brasil diante de outros países, diretamente com uma única nação ou em organizações multilaterais. Suas atividades são alinhadas aos interesses brasileiros, tanto de Estado quanto de governo. Há também a prestação de serviço consular, que ocorre geralmente em embaixadas e consulados, com o objetivo de atender cidadãos brasileiros no exterior.

Para que essas articulações ocorram, o diplomata precisa dominar diferentes assuntos, como educação, direitos humanos, finanças e meio ambiente. A variedade também se nota entre os critérios de admissão diplomática, pois qualquer formação de ensino superior habilita o interessado ao processo inicial do concurso. Outros pré-requisitos são obrigatórios: ser brasileiro nato, ter no mínimo 18 anos, dispor dos direitos políticos e estar em dia com as obrigações eleitorais e do Serviço Militar (quando for o caso de postulantes do sexo masculino).

A efetivação no exame se dá pelo CACD (Concurso de Admissão à Carreira Diplomática), realizado pelo Instituto Rio Branco. O órgão é vinculado ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). Quando aprovado no concurso, o diplomata recebe o título de terceiro-secretário e ingressa em um curso de formação integral entre um e dois anos de duração. A indicação de Falcão é que o interessado tente o quanto antes a aprovação, uma vez que a carreira diplomática é formada por diferentes níveis de ascensão, sendo embaixador o grau mais alto.

O CACD é realizado desde a década de 1940. Sua aplicação é anual e distinta a cada edição, variando o número de fases, mas mantendo a estrutura das provas iniciais com questões objetivas, e as seguintes com questões dissertativas. A última prova foi realizada em 2019, com duas fases. A primeira contava com 73 questões divididas em duas avaliações, cada uma com três horas de duração. Já a segunda tratava da redação, conhecimentos específicos e linguísticos. As informações completas estão no site do Itamaraty.

Falcão, jornalista de formação, é diplomata há 13 anos. Hoje está lotado em Angola, onde é chefe do setor de Administração e Consular da Embaixada Brasileira no país africano. Também é fundador do grupo Ubique, voltado à orientação de alunos para o CACD. O corpo técnico da organização envolve cerca de 20 profissionais, com foco nas áreas cobradas no concurso: história, geografia, política internacional, direito, economia, línguas estrangeiras e portuguesa.

O direcionamento vai além da resolução desses assuntos, tratando também de aproximar o pretendente da área e do ministério. Tanto a dedicação teórica quanto a atuação prática de um diplomata são os tópicos de esclarecimento da plataforma, explica Falcão.

O diplomata destaca que a formação em comunicação foi uma importante base para sua aprovação no Instituto Rio Branco, “já que essa habilidade da escrita é muito cobrada em todas as matérias, sobretudo nas etapas discursivas”. Além de conhecimentos técnicos, Falcão enfatiza a necessidade de se preparar para a prova como uma atividade de competência geral, não só de estudo.

“Eu gosto muito de pensar que tirar uma nota alta em uma prova subjetiva ou discursiva como essa é um exercício de persuasão, de convencimento do examinador. Vai muito além de você dominar o conteúdo e ‘vomitar’ a informação na prova e achar que aquilo vai ter um efeito avassalador sobre o examinador, que ele não vai ter como te dar uma nota alta. A qualidade da comunicação vale muito nessa prova”, diz.

A rotina de trabalho varia em cada posto consular ou embaixada. A dinâmica depende do tipo da relação do país em que o profissional atua com o Brasil e do perfil de cada chefe de repartição. De acordo com Falcão, cada responsável pelo setor valoriza diferentes aspectos diplomáticos, o que abre possibilidades riquíssimas aos servidores. Atualmente, mais de 1.500 diplomatas representam o Brasil, segundo a Associação dos Diplomatas Brasileiros.

O bate-papo foi realizado em 9.nov.20, no Facebook do curso de Relações Internacionais da Uninter e com mediação do professor André Frota. Para conferir a apresentação na íntegra, clique aqui.

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Autor: Arthur Salles - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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