Mulheres negras: memórias da trajetória de luta

Autor: Ana Oliveira - Estudante de Jornalismo

Retomar a história de luta do movimento de mulheres negras no Brasil, esse foi o desafio proposto por Marisol Guilherme de Souza, autora do artigo O movimento de mulheres negras e a luta antirracista e antissexista no Brasil,  publicado na última edição do Caderno da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança. No texto, Souza realiza uma análise histórica do Movimento Feminista Negro e do Movimento de Mulheres Negras no Brasil. A autora destaca como o feminismo negro pode ser diferenciado das outras vertentes do feminismo, aborda seu surgimento e crescimento no contexto brasileiro e sua organização nas últimas décadas, com foco no seu papel na construção de políticas públicas antirracistas e antissexistas.

Dentre as vertentes do movimento feminista, existe aquele que foca nas especificidades próprias das mulheres negras, denominado de Movimento Feminista Negro. Nesse contexto, tem início o Movimento das Mulheres Negras e, como consequência, do feminismo negro no Brasil, na década de 1960, a partir da percepção de que faltava uma abordagem conjunta das pautas de gênero e raça pelos movimentos sociais da época.

Os movimentos sociais são transformados pelo tempo histórico. Hoje está claro que o feminismo possui várias vertentes e linhagens. Mulheres não-brancas, mais especificamente na análise proposta pela autora, as negras, sempre tiveram um fator a mais de desigualdade que as coloca num patamar diferente daquele das mulheres brancas.

Historicamente, as reivindicações pelos direitos das mulheres negras com relação ao trabalho tiveram suas primeiras manifestações na década de 1930. O trabalho doméstico era e ainda é a área que mais abrange mulheres, principalmente as negras, por uma questão histórica de falta de oportunidades que coloca essas mulheres em serviços operacionais. Foi a partir de todo esse processo de reconhecimento de grupos que reivindicam pautas específicas que surgiram organizações de lideranças negras femininas.

A autora conclui reafirmando a necessidade de pensar o feminismo em suas particularidades e desigualdades. O movimento de mulheres negras no Brasil trouxe uma visão abrangente, incorporando mais variáveis, mostrando a complexidade de que somos feitos e como ela não se resume unicamente à questão do gênero. Sousa finaliza com as palavras da ativista Aparecida Sueli Carneiro (foto): “Alcançar a igualdade de direitos é converter-se em um ser humano pleno e cheio de oportunidades para além de sua condição de raça e gênero. Esse é o sentido final dessa luta”.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Ana Oliveira - Estudante de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: USP


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *