O papel de cada um na logística reversa do descarte de medicamentos

Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica

 

Os resíduos de medicamentos são gerados nos hospitais, residências e na indústria farmacêutica. Mas quando não acontece o descarte correto de remédios, ele pode ser prejudicial ao meio ambiente e à saúde. Sabemos da importância e como os fármacos são fundamentais na promoção da saúde, manutenção e qualidade de vida.

Os medicamentos são considerados uma revolução na saúde pública, com função terapêutica, auxiliando no tratamento de doenças. Entre os inúmeros benefícios dos medicamentos, também devemos refletir sobre o descarte inadequado de medicamentos no meio ambiente.

Com o fácil acesso aos medicamentos por parte da população, o crescimento de resíduos em toda a cadeia farmacêutica é diretamente proporcional. Mudanças climáticas, desastres na natureza estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, o que aponta a necessidade do uso consciente dos recursos naturais, garantindo o futuro das novas gerações. Nunca se ouviu tanto o conceito de sustentabilidade, e precisamos todos praticá-la diariamente.

Se você tem o hábito de guardar medicamentos em excesso e ter um estoque pessoal, procure não descartar em lixos domésticos ou rede de esgoto, assim pode contribuir com a saúde pública e ambiental. As “farmácias caseiras” são compostas por medicamentos que podem ser utilizados em caso de emergência, em sua maioria: antitérmicos, analgésicos e antigripais.

Os fármacos acumulados em residências, geralmente são sobras de produtos por tratamento interrompido, compras em excesso, automedicação e armazenados até a data de validade – visto que após o vencimento, perde-se a eficácia do tratamento, o que pode causar intoxicação e reações adversas ao paciente.

Quando descartados em lixões ou na rede pública de esgotos, os fármacos podem provocar doenças por meio de vetores que se multiplicam nestes ambientes ou seres vivos que façam o uso destes resíduos a alimentação. Além de que os remédios não são removidos em tratamentos convencionais de água, já que sua composição possui alto grau de bioacumulação (a contaminação pode ocorrer via oral, pele, respiratória ou por meio da cadeia alimentar) e baixa biodegrabilidade.

Relatório produzido pela consultoria IQVIA e apresentado pela Abradimex Conecta 2020-2021 mostrou o cenário do mercado hospitalar no mundo. Entre os países, o Brasil movimentou US$ 20,1 bilhões em 2019, ocupando a 10ª posição no ranking, em um mercado que alcançou um US$ 1,3 trilhões mundialmente. A projeção é de que em 2024, o país seja o 6º colocado, perdendo em comercialização somente para os EUA, China, Japão, Alemanha e França.

O problema foi discutido no artigo A logística reversa no descarte de medicamentos, publicado no Caderno Saúde e Desenvolvimento repositório de publicações científicas da Uninter. A autoria é de Eliel de Oliveira, aluno do curso de Pós-graduação em Vigilância Sanitária da Uninter e do professor Célio Luiz Banaszeski.

A logística reversa é uma saída?

A logística reversa utiliza o trajeto contrário da logística tradicional, o que diminui os impactos negativos do setor industrial no meio ambiente. Produtos com defeito, com fim da vida útil devem ser consertados ou reaproveitados pela empresa, ou ter o destino adequado. E a logística reversa também pode ocorrer com medicamentos que tiveram o fim de sua vida útil. Para que a prática funcione de maneira eficaz, é necessário fiscalizar governos e indústrias.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelecida pela lei 12.305/2010, foi elaborada com base no princípio dos 3Rs (Redução, Reutilização e Reciclagem), suas estratégias e objetivos buscam reduzir o volume de resíduos, e diminuir o impacto na saúde e no meio-ambiente envolvendo a cadeia de consumo – do fabricante ao consumidor-final, alinhando o planejamento do ciclo de vida de produtos e o com sistemas de logística reversa.

O decreto nº 10.388/2020 orienta que a participação no sistema de logística reversa de medicamentos deve contar com a participação de fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores. As farmácias e drogarias precisam disponibilizar recipientes coletores para o descarte dos resíduos, observando a legislação vigente.

O Centro de Informação de Medicamentos (CIM) do Rio Grande do Sul apresenta nove dicas de boas práticas de descarte de medicamentos:

  • 1 – Não descartar medicamentos vencidos na pia da cozinha ou no vaso sanitário;
  • 2 – Não descartar no lixo seco ou orgânico;
  • 3 – Não guardar junto com os outros medicamentos da casa;
  • 4 – Guardar em local separado, mas seguro, fora do alcance de crianças;
  • 5 – Se não houver serviço de coleta próximo, procurar a vigilância sanitária;
  • 6 – Comprar medicamentos apenas quando necessário;
  • 7 – Comprar a quantidade exata ou a mais próxima do tratamento prescrito;
  • 8 – Não interromper o tratamento por conta própria;
  • 9 – Antes de ir ao médico, conferir os documentos que já possui para ver se é possível usá-los se necessário.
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Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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