O ciberespaço como terreno fértil para a formação de leitores

Autor: Flavia Alves de Brito*

Há algum tempo as tecnologias digitais e redes sociais vêm sendo incorporadas como parte da rotina da população brasileira. Neste contexto, o surgimento de uma pandemia e, consequentemente, a necessidade de distanciamento social intensificaram e tornaram centrais o uso do ciberespaço – ou seja, os espaços que ocupamos virtualmente na internet – para estudo, trabalho e lazer. Nesse sentido, as redes sociais têm cumprido um papel importante para a construção de comunidades virtuais, especialmente se considerarmos o campo educacional.

Deste modo, embora o movimento de migração do mundo físico para o digital exija adaptação, aprendizagem e aplicação de novas práticas de ensino, uma breve análise dos conteúdos produzidos sobre literatura na internet indica o potencial do ciberespaço como um terreno bastante fértil para a formação de leitores – exemplos disso são os canais de Youtube “Vá Ler um Livro” e “Cabine Literária”, que atualmente contam com 183 e 167 mil inscritos, respectivamente. Considerando os números apresentados e o fato de que o Youtube possui 98 milhões de usuários somente no Brasil, podemos concluir que o campo da formação de leitores ainda tem muito espaço a ser conquistado na internet.

No entanto, levando em consideração que o método expositivo por si só não é suficiente para formar o gosto pela leitura e promover a formação do pensamento crítico, é crucial que o tratamento da literatura na internet evolua para além da explicação de enredos e da apresentação de resenhas. É, portanto, neste cenário que se torna evidente a importância da participação do professor como mediador e guia das leituras realizadas no ambiente do clube de leitura, buscando, através de uma atuação didática, a formação de leitores.

Assim, a alternativa ideal seria a construção de espaços de discussão em que os leitores possam trocar conhecimentos, influenciando e sendo influenciados por terceiros através de comunidades virtuais – um clube de leitura virtual, em essência, como alguns que já existem na rede. Ainda, sem esquecer a realidade do distanciamento social e visando a democratização do acesso ao conhecimento e às obras literárias, os acervos virtuais gratuitos como o domínio público, a biblioteca mundial digital, o projeto Gutemberg, entre outros, podem e devem fazer parte deste tipo de iniciativa.

Por fim, o professor-mediador atuaria tal como o personagem Crispiano do conto “Um General na Biblioteca”, de Ítalo Calvino: evitando expor diretamente uma interpretação acadêmica já aceita dos textos em discussão, instigando o público do clube de leitura a refletir sobre os livros e produzir suas próprias análises, indicando novos livros e discussões de acordo com os interesses individuais ou coletivos dos participantes, passo a passo ampliando o repertório cultural e promovendo a transformação de cada leitor através da literatura.

* Flavia Alves de Brito é assistente de Operações Acadêmicas da Escola Superior de Educação da Uninter.

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Autor: Flavia Alves de Brito*
Créditos do Fotógrafo: Vlada Karpovich/Pexels


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