COPA DO MUNDO FEMININA

Não há lei nem tabu que segure as meninas do Brasil

A Copa do Mundo de 2018 não trouxe o resultado que os brasileiros esperavam para o futebol masculino. O sonho do hexa foi adiado para 2022 no Catar, e muito se foi comentado sobre a performance dos jogadores em campo. Mas, você sabia que em 2019 teremos outra Copa do Mundo? Desta vez do futebol feminino, e a competição irá contar com a participação da seleção brasileira.

As meninas do Brasil vão em busca do seu primeiro título mundial, levando na bagagem um retrospecto de sete títulos na Copa América e três nos Jogos Pan-Americanos. Na Copa do Mundo Feminina, foi terceiro lugar em 1999 e segundo em 2007. Isso tudo em apenas 32 anos de existência da feminina de futebol. Mas, apesar dos avanços e também dos vários títulos, o futebol feminino é um tabu no Brasil, tanto que durante 40 anos as mulheres foram impedidas por lei de jogar futebol e outros esportes que exigiam força.

“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”, dizia o decreto-lei 3.199 de 14 de abril de 1941. Criada durante a Era Vargas, a lei se manteve vigente até 1983.

Para esclarecer um pouco essas questões e mostrar que esse tabu deve ser desmistificado desde pequeno, a professora do curso de Educação Física na modalidade de educação a distância da Uninter Marina Aggio, em ações desenvolvidas junto com a prefeitura de Curitiba, vem realizando palestras em escolas para falar um pouco sobre gênero, empoderamento feminino no futebol, e sobre a mulher no esporte.

“Tudo isso dentro de contexto educacional que a gente procura ao máximo direcionar a fala tanto para os meninos quanto para as meninas, dando o total direito também das meninas praticarem os esportes que elas desejarem dentro da educação física escolar”, diz a professora.

Em campo, a discussão de gênero

A educação física acaba por se tornar espaço fértil para trabalhar essa questão de gênero com as crianças, propiciando momentos em que meninos e meninas possam se sentir à vontade para praticar o esporte que mais lhe agradar. Não há pretexto para a separação por gêneros na prática esportiva. Nem mesmo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional faz esse tipo de recomendação.

Além de uma questão de empoderamento, a prática de esportes pelas meninas é uma questão de funções motora, cognitiva e afetiva. “A mulher é criada dentro de uma bola de vidro onde ela não pode nem sair para brincar no playground, por isso nós perdemos muito tempo da infância e desenvolvimento motor”, explica Marina.

Marina Aggio foi jogadora de futebol durante 20 anos, seis deles atuando fora do Brasil, particularmente em clubes europeus. Hoje, como professora, busca mostrar, através das aulas de educação física, que essa tradição do futebol ser algo masculino se trata de uma sociedade patriarcal que coloca a mulher como o sexo frágil.

“A gente quer como profissionais da educação física fazer essa comparação, nós temos que entender que existe um processo cultural por trás da menina diferentemente do menino, e aí o menino chega na educação física, ele quer chutar, quer jogar, quer se apossar daquele espaço que ele acha que é dele, quando o espaço é de todos, todo mundo tem o direito de usar”, relata Marina.

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Autor: Barbara Carvalho – Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal

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