Mude o tempo: você já está nas tendências de 2023?

Autor: Giselle Luzia Dziura (*)

Mudanças ocorrem diariamente na vida das pessoas. Ao longo do tempo, as pessoas alteram os hábitos e seus comportamentos, o modo de pensar, de interagir, de se alimentar, de trabalhar, de se divertir e de se deslocar, além de tantas outras atividades inerentes ao desenvolvimento humano. Em 2022, ocorreu uma profusão de mudanças econômicas e geopolíticas, resquícios da pandemia, reflexões do cinquentenário sobre a crise ambiental, a guerra na Ucrânia e o clamor por novos direitos civis, que deram origem a movimentos globais. São desafios que interferem na vida das pessoas, impactam a rotina das cidades e como as pessoas interagem com os edifícios e ambientes construídos.

Sendo assim, é necessário que os profissionais de arquitetura e design de interiores compreendam essas transformações em tempo suficiente para favorecer a maior qualidade de vida, saúde e bem-estar das pessoas e o desenvolvimento sustentável em prol do planeta. Portanto, estudar as tendências é uma estratégia em prol do ser humano e do planeta.

Em relação às tendências para arquitetura e design de interiores em residências, destacamos para 2023 os sentidos humanos, no que pese o conforto, saúde e bem-estar alinhado com a sustentabilidade. A saúde ganha o entendimento de que é a somatória da estrutura física, emocional, mental e espiritual. Faz parte da vida saudável conviver em espaços com iluminação e ventilação naturais, vegetação e temperatura adequadas. Valorizar os espaços e objetos com as cores, formas e texturas para que sejam significativas de acordo com as características de cada usuário.

Sobre cores e texturas, as tendências para 2023 na arquitetura e no design vão além do sentido da visão, contemplam o tato, o paladar, a audição, o olfato e a cinestesia (percepção dos movimentos). Com os avanços da neurociência aplicada à arquitetura e ao design, torna-se cada vez mais próximo compreender as percepções humanas a partir do impacto das cores, formas, texturas e proporções, entre outros elementos.

Neste primeiro caso, podemos citar as pesquisas e análises de dados realizadas pela WGSN sobre consumidores e indústria, definindo cores para 2023: digital lavender (lilás), luscious red (vermelho), sundial (amarelo-ouro), tranquil blue (azul) e verdigris (verde). Mais do que tons relacionados à natureza, estimulam os sentidos do paladar e olfato. Por exemplo, o tranquil blue lembra os elementos da água e do ar que representam a tranquilidade e a leveza, trazendo a sensação do mar calmo. O luscious red emana o fogo e traz como significado a energia, a busca pela criatividade e a expressão em momentos que requerem atividades intensas.

minimalismo, entendido aqui como essencialismo, ter o essencial para viver com equilíbrio, é outra tendência. Não precisamos acumular o que não precisa. E, para isso, espaços extras não são necessários, com foco em sustentabilidade. A sensação de liberdade é buscada por meio de móveis compactos, espaços abertos – permitindo o movimento e sentido da cinestesia, limitação em detalhes decorativos, expressão por materiais naturais e luz.

É preciso ter simplicidade nos espaços para que a flexibilidade aconteça rapidamente, seja para momentos de lazer, descanso ou trabalho em home office, se for necessário. Conforme aponta pesquisa da PwC e do PageGroup sobre modelos de trabalho pós-pandemia, “67% dos colaboradores em território nacional preferem regime integral de home office ou modelo híbrido com uma ou duas idas ao escritório na semana”. Assim, tais espaços contribuem para o livre movimento físico e criam uma atmosfera significativa.

Para melhorar a experiência dos usuários, cresce a tendência na automação residencial, principalmente estimulada pela audição. Provocar a ação de abertura de uma porta, acendimento de luz, aumento ou diminuição de temperatura, desenrolar de persiana, solicitação de compra no mercado ou pedido de uma música torna-se cada vez mais próximo da realidade para 2023.

No final das contas, as tendências estão cada vez mais próximas à coletividade, quando pensamos no todo, em prol das ações globais para um planeta mais sustentável e igualitário. E, ao mesmo tempo, na individualidade, enquanto autoexpressão associada à estética de cada pessoa, construída por meio dos hábitos, comportamentos, viagens, experiências e histórias.

*Giselle Luzia Dziura é arquiteta e urbanista (PUCPR/Erasmus École Paris La Seine), doutora em Arquitetura e Urbanismo (FAU USP), coordenadora de cursos de pós-graduação do Centro Universitário Intenacional Uninter.

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Autor: Giselle Luzia Dziura (*)
Créditos do Fotógrafo: Andrea Piacquadio/Pexels


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