Libertadores 2022! A predominância brasileira e o modelo europeu na competição

Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo

A tarde do sábado, 29 de outubro, foi marcada pela batalha de dois clubes brasileiros em busca de um título. Flamengo e Athlético Paranaense se enfrentaram pela final da Copa Libertadores da América 2022, com vitória para o time carioca. Fãs de futebol por todo o Brasil pararam em frente à televisão para acompanhar a disputa. 

Quando se fala nessa disputa, é preciso entender o peso de levantar a taça. Afinal, a Copa Libertadores é a principal competição entre os clubes da América do Sul. Levando em consideração sua importância, é normal que novas normas e modelos surjam com o passar do tempo, um exemplo disso foi a adesão do modelo de final única – sem jogo de volta – há quatros anos.  

Mas afinal, é vantajoso para as equipes? O professor Emerson Micaliski explica que, “esse já é um modelo utilizado na Europa. A própria Champions League tem final única. Mas se olhar para a Europa, a logística para chegar até a cidade ou país sede da competição, é muito fácil e melhor que a nossa. Então com certeza isso deve ser revisto. Não só a questão da final única, mas a escolha da cidade em que vai ser sediada”. 

A cidade escolhida para sediar a competição desse ano foi Guayaquil no Equador. Para o professor, uma final única no Estádio Maracanã no Rio de Janeiro ou em qualquer outro do nosso país, envolvendo dois clubes brasileiros como foi a última, “seria muito charmoso, uma final única como é a Copa do Mundo”.  

Ele pontua que a torcida faz a diferença. “A distância ficou complicada para os torcedores, muitos trabalham e teriam que fazer uma programação. Outras situações também atrapalharam. A cidade não comportava todas as pessoas que estimavam para a final e a cidade vive uma onda muito forte de violência, muitas pessoas não pensaram nisso. Eu acho charmoso a final única, mas a cidade sede deve ser melhor avaliada”, comenta. 

Outra questão levantada pelo professor é o deslocamento das próprias equipes. Como em todo esporte, o clima influencia muito nos resultados. 

Times em campo. Como foi o desempenho? 

As equipes entraram em campo com uma única motivação: levar a taça para casa. Flamengo, com a memória ainda fresca da derrota do ano passado contra o Palmeiras nessa mesma competição, buscando conquistar seu terceiro título pela Libertadores. E o Athlético Paranaense em busca de levantar a taça pela primeira vez.  

O time curitibano começou com mais força no ataque. Três ataques com chance de gol em onze minutos. E embora o Flamengo tenha demorado para responder, ainda no primeiro tempo, logo após a expulsão do jogador Pedro Henrique do furacão, veio o gol que decidiu a partida. Aos 49 minutos de acréscimos, Gabigol garantiu a vitória do time carioca. 

Para o professor Willian Maia, a expulsão pegou ambas as equipes de surpresa. Embora não se possa colocar a culpa de uma derrota em apenas um jogador, a expulsão foi determinante. Não apenas pelas estratégias de jogo, mas pela pressão psicológica que envolvem uma final. 

“Se vai Athletico-PR e Boca Júnior para a final, você já espera uma ou outra expulsão. É um jogo mais parelho, mais truncado. Agora quando é uma equipe que você já enfrentou duas vezes no ano e já conhece o estilo de jogo, esse contato não é esperado e o Athletico não soube absorver”, explica o professor. 

Ele complementa que, “até por isso, no segundo tempo, temos o Athletico naquela proposta: vou recuar, vou marcar bem e jogar por uma bola. Só que essa bola não veio”. 

O time carioca, por outro lado, se manteve na estratégia de segurar resultado e “cozinhar” o jogo. Afinal, o gol para a vitória eles já tinham. Levando em consideração também o cansaço dos jogadores, já que a temperatura em Guayaquil era de 33°C. 

E o que se espera em qualquer partida é que o time com um a menos seja mais agressivo, ataque mais, algo que não aconteceu. Esse atraso do Athlético Paranaense em responder, foi o que facilitou para que o Flamengo mantivesse maioritariamente a posse de bola até o final da partida. 

“Você pode ver que é isso [estratégia do Flamengo e clima], porque essa posse de bola de 74% do Flamengo não reflete no restante dos dados. Os chutes a gol, por exemplo, foram 4 do Flamengo contra 3 do Athlético-PR. Finalizações foram 15 do Flamengo contra 9 do Athlético-PR. Foram números muito parelhos, essa posse de bola não foi efetiva, foi para cozinhar o jogo”, diz o professor Willian.  

Segundo o professor Emerson, “esses dados mostram aquilo que já estávamos falando, a baixa técnica para uma final. Você [torcedores] investir R$ 20.000,00 para ver o time jogar e quando chega lá se depara com três chutes à gol. Acho que o medo de errar é muito grande, mas os jogadores deveriam sim ser mais agressivos pensando no espetáculo”. 

Para o professor, é compreensível que os times tenham receio de correr riscos. Mas ressalta que não pode deixar de fazer essa crítica se baseando em jogos anteriores.  

Já o professor Willian, criticou que dois times do mesmo país disputem a final. “Antes existia uma regra. Eram organizadas as chaves para que isso não acontecesse e a final era outro jogo. Nesse cenário você não conhece a equipe com a qual vai jogar, um Boca Júnior ou River Plate por exemplo, pode ver vídeos, mas não conhece. E isso dá um ar de espetáculo”. 

Apesar de ser um ponto importante, é um cenário difícil de reverter no momento devido à predominância do futebol brasileiro nas últimas edições. O Brasil vem com uma hegemonia tanto na Libertadores quanto na Copa Sul-Americana, “como se fossem séries A e B da CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de Futebol)”, explica o professor Emerson.  

“Esse é um ponto preocupante também. A gente vê ali essa dominância e aí uma final fraca. E então paramos pra pensar ‘nossa, qual o nível do futebol sul-americano?’. Será que o nível do futebol sul-americano, hoje, proporciona o ambiente para fazermos uma final com modelo europeu? É o que deve ser repensado também”, complementa o professor Willian.  

Outra questão levantada pelos professores é o enfraquecimento da competição pela taça por parte dos demais países. Fazendo um recorte das últimas treze edições da Libertadores, só o Brasil teve nove conquistas, a Argentina três e a Colômbia uma. As finais estão se encaminhando para a permanência da disputa entre clubes brasileiros.  

Uma dose de Copa do Mundo na Libertadores? 

Pedro, camisa 9 do Flamengo, recebeu o anel de melhor jogador da competição com 12 gols. As expectativas para que ele faça parte da Seleção Brasileira pela Copa do Mundo de 2022 são grandes. Apesar do protagonismo do Gabigol na decisão, Pedro se destacou durante toda a campanha.  

“O Pedro já não é uma revelação. Ele já teve momentos em que não servia tão bem, mas eu acredito que isso era muito por causa dos treinadores que trabalhavam com ele. Não davam as oportunidades que ele merecia. Aí vem o Dorival Jr que arruma esse esquema para mostrar todo o potencial do Pedro. Então quanto à seleção não resta nem dúvidas, ele vai para a Copa com certeza”, finaliza o professor Emerson. 

 A avalição da disputa e desempenho dos jogadores foi tema do Entre no Jogo! programa transmitido pela Rádio Uninter. Para isso, Evandro Tosin e Gustavo Henrique Leal receberam os professores da área de Educação Física da Uninter, Emerson Micaliski e Willian Maia. 

Assista à transmissão completa clicando aqui. 

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Autor: Daniela Mascarenhos - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Marcelo Cortes/ Flamengo


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