Formação continuada de professores debate aspectos da educação pós-pandemia

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

A educação 5.0 não põe em pauta apenas discussões sobre quais são os meios digitais importantes para a aprendizagem de estudantes das novas gerações e como aplicar em sala de aula, mas também de que forma unir isso tudo às competências pedagógicas. O tema ainda traz à tona um questionamento atual para todos profissionais da área: o que será da educação pós-pandemia?

A Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter busca responder essa e outras questões na II Formação continuada de professores para educação 5.0, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Educação da Lapa (PR) e com os seus polos de apoio presencial (PAP) espalhados por todo o Brasil.

Entre os dias 19 e 21.jul.2021, os professores Viviane Schueda, Bruno Simão, Mônica Caetano, Andréia Rocha, Rita Turmann, Maria Tereza Xavier, Daiane Batista, Thaisa Mileo, Simone Zampier e Kátia Soares debateram sobre três temas principais: Gestão de sala de aula; Desenvolvimento de competências e O papel do educador no novo contexto escolar pós-pandemia.

Viviane afirma que as temáticas são fundamentais para a formação de profissionais que já atuam na área e também para aqueles que vislumbram a carreira docente. “Todos esses assuntos fazem com que o profissional da educação reflita sobre suas responsabilidades, planejamentos e ações, para a primazia do seu trabalho em todas as dimensões educacionais”, complementa.

A docente salienta ainda que a promoção de eventos como este evidencia a função social da ESE, “com a democratização da aprendizagem, por oportunizar acesso ao conhecimento teórico e prático de profissionais especialistas nas áreas afins, para a ampla escala de pessoas interessadas em suas formações”.

As lives, transmitidas ao vivo por meio da página de Educação e canal da ESE, contabilizam quase 6 mil acessos. Para maior inclusão, todas as apresentações contaram com a tradução do intérprete de libras Renato Pajewski, integrante do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Sianee) da Uninter.

Gestão de sala de aula

No primeiro dia de evento, Mônica Caetano, Andréia Rocha e Bruno Simão expuseram a importância do processo de aprendizagem. Os profissionais compartilharam as diferentes aprendizagens que obtiveram durante a vida e experiências marcantes com as práticas dentro de sala de aula. Da mesma forma, os espectadores também puderam dividir lembranças e métodos pelos quais obtiveram sucesso na profissão.

De acordo com Mônica, há sete elementos essenciais que provocam a aprendizagem: motivação, estímulo, afetividade, segurança, escola do método, organização do espaço e tempo. O primeiro tópico parte muito dos estudantes, que podem já possuir o desejo de aprender determinados temas. No entanto, o papel do professor é fundamental quando se trata de outros pontos, como o estímulo e a segurança.

“Aqui entra muito o papel do professor. Não basta o aluno desejar. Às vezes, ele nem está desejando tanto e nós, enquanto professores, conseguimos sim estimular, incentivar para que essa aprendizagem ocorra”, explica.

Quando se fala em gestão de sala de aula, Andréia aponta que os elementos norteadores são o sentir, compreender, definir, argumentar, discutir, transformar, perceber e dialogar. Isso para que os profissionais investiguem a realidade da comunidade em que estão inseridos e pensem em um ideal que possibilite a construção sócio histórica para os estudantes. Para que aconteça uma aprendizagem significativa, é preciso trabalhar com o conhecimento, organização da coletividade e relacionamento interpessoal, necessários para a estruturação de conhecimento.

A profissional conclui que, o que a gestão de sala de aula traz é “o aprendizado significativo que vai buscar um tema gerador de interesse dos alunos. Depois, vai sistematizar todo o conhecimento adquirido pela sociedade. Dessa sistematização, vem a construção e a síntese que o nosso aluno vai colocar em prática social. É o que muda a visão de mundo, que traz ele como um ser social, histórico, crítico, feliz em sua criticidade”.

O debate completo sobre o tema pode ser acessado por meio deste link.

Desenvolvimento de competências

Muitas questões surgem para os profissionais quando se trata das competências, como o que são e o que desenvolver com os estudantes. A professora Rita Turmann explica que são “ações, como operações que utilizamos para desenvolver as nossas relações com os vários aspectos da nossa vida, entre objetos, situações do cotidiano, fenômenos. Essas operações mentais mobilizam uma incorporação de novos conhecimentos”.

Para que as competências sejam estruturadas, precisam ser significativas. Com isso, surgem as habilidades, o saber fazer, que é articulado com a prática pedagógica. “É um processo de construção, apropriação, mobilização de todos os saberes. O papel da escola, juntamente com o nosso papel de professor, está relacionado para que este desenvolvimento seja de fato efetivado”, complementa a docente.

A professora Maria Tereza Xavier, coordenadora da Educação para Jovens e Adultos (EJA) da Uninter, afirma que o período de pandemia evidencia a importância do docente como um mediador de conhecimentos, já que não adianta ter acesso a informações, como na internet, e não saber como utilizar.

“Trazer a prática e modificar alguma situação, é isso que a competência faz. A responsabilidade da educação das crianças é um todo, o desenvolvimento das competências também. Um todo da família, da sociedade, do Estado. Não existe culpa ou benefício mais de um ou de outro, é um conjunto que faz com que as competências sejam desenvolvidas”, completa.

Nesse contexto, os professores têm como objetivo avaliar e buscar as competências para atividades de ensino-aprendizagem. Enquanto os estudantes buscam alcançar os objetivos propostos pelos profissionais. Para este desenvolvimento, é necessário conhecimento, habilidade, atitude, valores e emoção, que formam a sigla CHAVE. O processo “envolve muitos aspectos psicológicos também para que o aluno possa aprender”, garante Maria Tereza.

Daiane Batista salienta que “quando eu não consigo aprender de forma significativa, apenas memorizo, decoro e depois não consigo voltar esse aprendizado e colocar em prática. Essa competência não foi desenvolvida”.

As dez competências apresentadas pelas docentes são:

  • organizar e dirigir situações de aprendizagem;
  • administrar a progressão das aprendizagens;
  • conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação;
  • envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
  • trabalhar em equipe;
  • participar da administração escolar;
  • informar e envolver os pais;
  • utilizar novas tecnologias;
  • enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
  • administrar a própria formação.

A competência de número 11, um bônus complementar de todas as outras, é a “ação do professor enquanto um ator coletivo no sistema de ensino, enquanto um direcionador do movimento dos educadores no sentido da profissionalização e da prática reflexiva sobre o seu próprio fazer”.

Maria Tereza e Daiane ainda passaram por tópicos sobre o currículo escolar baseado nas competências e de que forma trabalhar com estudantes com necessidades especiais neste período de pandemia. O bate-papo segue disponível para livre acesso.

O papel do educador no novo contexto escolar pós-pandemia

Para encerrar o evento de três dias, Thaisa Mileo mediou a apresentação de Kátia Soares e Simone Zampier sobre a organização do trabalho pedagógico, com um debate sobre os elementos consolidados e aqueles que se transformam durante e após o período pandêmico.

Um componente consolidado, apontado pelas docentes, independentemente dos diferentes contextos e modelos de ensino (híbrido, presencial, remoto, telepresencial), é o currículo escolar, um central permanente. Além dele, também o projeto político pedagógico, que dá norte, é sempre intencional e tem como finalidade a efetivação do processo de ensino-aprendizagem; o planejamento, que pode ser a instituição geral, de ensino e de aula; e a avaliação, interna ou externa, da instituição, do ensino e da aprendizagem.

Se antes da pandemia o ato avaliativo já era envolto em dúvidas, no contexto atual foi um desafio para todas as instituições redimensionarem as práticas. “Nesse momento, tem como eixo norteador o que chamamos de diagnóstico. Só que teve um ponto interessante, porque nós tivemos que, ao mesmo tempo, diagnosticar, encontrar soluções e apresentar novas ideias. Aspectos que, historicamente, nós abordamos de forma mais pontual, em fases distintas”, pontua Simone.

Kátia aponta as metodologias como um elemento transitório, já que se adequam ou ajustam ao contexto histórico, econômico e cultural. “Posso sim utilizar uma metodologia diferenciada. O professor modifica a metodologia com um objetivo: de que o aluno aprenda, para que chegue ao meu estudante determinado aprendizado”, afirma.

As profissionais acreditam que o período pós-pandemia exige repensar a organização do trabalho pedagógico. Nesse contexto, o formato das aulas é redimensionado, seguindo as determinações sociais, no momento as sanitárias. Para o trabalho docente, são apontadas as necessidades de domínio científico, domínio relacional e domínio didático.

Confira ao debate mais aprofundado clicando neste link.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Katerina Holmes/Pexels e reprodução


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