Projeto de inclusão promove estudo da música em braille

Autor: Milena Souza - Estagiária de Jornalismo

Pessoas cegas ou com limitações de visão podem se tornar grandes musicistas. No entanto, ainda hoje têm acesso limitado a partituras e outros conteúdos necessários à formação artística e profissional. A musicografia em braille tem como foco a inclusão para pessoas com deficiência visual, promovendo o seu desenvolvimento e possibilitando o acesso à cultura na sociedade.

Esse foi o assunto do programa Inclusão em Rede, promovido pelo Sianne (Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais e Especiais) da Uninter. A live intitulada Projeto Música Tátil foi transmitida via YouTube no dia 23.jul.2021, e contou com apresentação da coordenadora de setor, Leomar Marchesini, que conversou com o musicista e professor Luiz Amorim.

“Essa minha baixa visão me fez vir ao mundo pra provar a reflexão da diversidade. Me vejo como um ser humano com suas próprias características”, afirma Luiz. O musicista conta que começou a se interessar pela música por causa da influência de amigos na adolescência. “Fui pra música pra ficar perto deles. Até então não tinha nenhuma vivência musical, apenas como ouvinte”, relata.

Mais tarde, teve contato com a teoria musical. Ele conta que teve a oportunidade de estudar em uma escola para deficientes visuais e ter aula com um professor cego, e pôde então estudar as músicas em braile. “A minha iniciação musical com instrumentos também foi em aulas com colegas e professores deficientes visuais. E usávamos a partitura em braille nas nossas práticas musicais”, relata.

Atualmente ele faz mestrado em música e já participou da Oficina de Música de Curitiba (PR). Uma de suas grandes conquistas foi em 2019. “Consegui criar um curso dentro da oficina de música pra pessoas com deficiência. É o curso de musicalização pra pessoas com deficiência visual, com aulas em que ocorre a prática conjunta de forma inclusiva pra pessoas com ou sem deficiência”.

O projeto Música Tátil foi criado como uma iniciativa voluntária de Luiz e tem como proposta a inclusão. “A gente vê aqui em Curitiba a ausência de espaços de educação formal em música, principalmente envolvendo a partitura em braille. Eu quis conciliar essas dimensões e construir em Curitiba esses benefícios. Eu tenho oferecido curso de teoria musical com duração de 2 anos”, explica.

O projeto, além de envolver a teoria musical, busca envolver a sociedade, criando oportunidades para que os alunos toquem publicamente. “Através dessas oportunidades, o Instituto Curitiba implementou em alguns concertos um serviço de acessibilidade. Pessoas nos recebem para que a gente possa tocar os instrumentos e eles passaram a nos contratar para as apresentações em braille”.

Através desse projeto, Luiz conseguiu inúmeras oportunidades e conquistou credibilidade junto ao poder público de Curitiba. Eles perceberam que o trabalho de inclusão estava sendo bem feito e abriram portas pra outras oportunidades e apresentações.

* Foto: Turma do 1º semestre de 2017 do Curso de Teoria Musical e Solfejo do Projeto Música Tátil, no hall de entrada para a sala de concertos da Capela Santa Maria em Curitiba, no final do concerto do dia 11 de agosto de 2017. Participantes: Aldrin LimaDebora TonioloHellen Mieko Hamada,
Isair Borges, Márcia G. Dias, Tais Penner de Lima e Vera Cristina. Foto cedida ao projeto por Marcia Squiba, do ICAC.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Milena Souza - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Marcia Squiba


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *