Estigma do HIV se repete com a Monkeypox

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo

Após constatar a alta incidência da varíola dos macacos (monkeypox) entre “homens que fazem sexo com homens”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, no início de agosto, para que gays e bissexuais reduzam contato com seus parceiros sexuais.

Após as declarações da OMS, o alto número de comentários preconceituosos em redes sociais fez com que a desinformação e o medo fossem os temas principais entre os médicos virologistas.

As falas proferidas por Tedros Adhanom, presidente da OMS, criaram uma indisposição com a comunidade LGBTQIA+, que acredita ser alvo de perseguição similar a ocorrida na década de 1980, com o início da epidemia de HIV.

Especialistas ainda não decifraram se a Monkeypox é transmitida pela penetração ou pelo sêmen do indivíduo. Entretanto, por ter um comportamento similar ao de uma DST, o vírus vem sendo relacionado a relações sexuais promíscuas. O Brasil já teve 1.860 casos confirmados até 1º de agosto, segundo o Ministério da Saúde. Enquanto os diagnósticos aumentam, os casos de preconceito seguem a mesma tendência.

A história se repete

Com o estouro da epidemia de HIV em 1983, os olhares do mundo caíram sobre homossexuais e usuários de drogas injetáveis, grupos com maiores taxas de contaminação.

O vírus vindo do continente africano foi chamado por nomes pejorativos em relação a gays e bissexuais, mesmo sem qualquer veredito vindo da comunidade médica.

Como comprovado ao longo dos anos, o vírus HIV afeta células do sistema imunológico chamadas linfócitos T4, responsáveis pela produção de anticorpos. Com isso, ocorre a Destruição do sistema imunológico do indivíduo, facilitando o desenvolvimento de infecções e demais doenças.

Especialistas também observaram que a doença era transmitida pelo sangue, e não só por relações sexuais e que, de fato, não existe doença sexualmente transmissível que poupe determinado sexo ou orientação sexual.

O editorial publicado na Revista Brasileira de Enfermagem no início de agosto alerta para o risco disso de repetir com o surto de varíola. O olhar discriminatório ao paciente contaminado pode prejudicar o tratamento, protelando o diagnóstico e a procura por cuidados com a saúde.

Segundo o coordenador do curso de Biomedicina da Uninter, Benisio Ferreira, relacionar a orientação sexual com o vírus Monkeypox não faz qualquer sentido.

“O vírus não está nem aí para o seu preconceito e nem para a sua opção sexual. Isso pode acontecer com qualquer pessoa. Essas falácias não têm fundamento “, afirma.

O tema foi abordado durante o programa Saúde em Foco, transmitido pela Rádio Uninter em 16 de agosto. Comandado pela jornalista Barbara Carvalho, o programa recebeu o coordenador do curso de Biomedicina da Uninter, Benisio Ferreira, para debater mais sobre a Monkeypox.

Assista ao programa Saúde em Foco pelo canal de Youtube da Rádio Uninter.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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