Especialistas explicam as experiências e soluções do design estratégico

Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo

Corporate Management Strategy Solution Branding Concept

Com o avanço das novas tecnologias, a concorrência e a necessidade de inovação estão cada vez mais presentes no mundo dos negócios. Na busca por um diferencial competitivo, as grandes empresas têm investido em design estratégico. Muito mais que uma questão estética, os estudos de design e interação com o usuário podem proporcionar soluções mais eficientes e inovadoras.

Gestão estratégica da inovação foi tema de palestra da Semana Acadêmica de Gestão 2021, promovida pela Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios. A série de debates online aconteceu entre os dias 4 e 7 de outubro. A live de abertura recebeu os convidados Adriana Betiol, fundadora da Interfácil, empresa de consultoria e pesquisa em UX; Daniel Kröker, diretor da ARBO Design, escritório de desenvolvimento estratégico de produto premiado internacionalmente, e Valkiria Fialkowski, diretora de inovação da ARBO.

Um dos principais objetivos do profissional de design é promover a melhor experiência para as pessoas nos serviços e produtos físicos ou digitais. É uma técnica chamada de User Experience – UX, ou Experiência do Usuário. Adriana diz que o estudo dessa estratégia começou nos anos 1990 e desde então ganhou cada vez mais importância dentro das empresas.

“Hoje, a área de UX é muito boa, pois as empresas perceberam o quão importante é ter o usuário no centro do projeto. É importante fazer pesquisas e conversar com o usuário para entender quais são as necessidades dele. Assim, descobrimos novas oportunidades e não ficamos simplesmente repetindo o que o concorrente faz”, explica.

O design estratégico pode ser aplicado em qualquer empresa, de qualquer segmento. Essa metodologia é multidisciplinar, baseada em diversas áreas de conhecimento do designer. O projeto é desenvolvido a partir de análises dos concorrentes, incluindo a visão do consumidor, dentro da lógica de tendências e tecnologias, alinhadas à coerência e posicionamento da marca.

“O papel da pesquisa com o usuário é trazer a visão dele, mas que precisa ser combinada com a visão estratégica da empresa, com a viabilidade de colocar aquilo em prática. Então, o designer passa a ter esse papel tão importante quanto de outros stakeholders [colaboradores envolvidos] dentro de uma empresa. Por isso, hoje tem a necessidade de o designer ter uma formação que entenda de negócios, pois toda a decisão desse profissional vai impactar nas métricas da empresa, nas métricas de negócio e nas decisões estratégicas. Então, ter uma formação complementar é essencial”, pontua Adriana.

Como entender o cenário de tendências e se reinventar?

Valkiria diz que um ponto crucial para desenvolver novas soluções é estar em consonância com o mercado. “É entender que as pessoas estão mudando, que a sociedade está mudando. Presenciamos um movimento de grande ruptura na sociedade, principalmente na área digital, e agora também na pandemia. Entendo que o público que a empresa já atendia continua sendo o mesmo, mas é preciso perceber as movimentações que estão acontecendo no comportamento e nas ações desse público para continuar em consonância com ele, trazendo as novas tendências em relação ao design”, afirma.

“Dentro do processo da Arbo, a gente está sempre ligado a vários institutos de macrotendências pelo mundo, que se dividem em várias outras pequenas microtendências. Desta forma, fazemos análises de quais são os pontos dentro do projeto para entender o ponto de contato entre o usuário, o produto e a macro e microtendência. Mapeamos quais são os pontos possíveis de se atuar e direcionamos um caminho para fazer a estratégia”, relata Daniel.

Valkiria dá o exemplo de dentro da própria Arbo, que possui clientes do ramo de eletrodomésticos. Devido à pandemia da Covid-19, com isolamento e o home office, as famílias estão passando mais tempo juntas em casa. Neste contexto, como desenvolver produtos mais eficientes e que garantam uma melhor qualidade em sua função?

“No caso de uma geladeira, devemos pensar na capacidade de refrigeração e nas formas de manter o alimento fresco, e até na necessidade de um freezer maior. Um fogão, por exemplo, desenvolver um design que se adapte para o uso de adolescentes e até crianças, em caso de utilidades mais simples. Vale pensar na questão de sustentabilidade e na economia de água e luz, que são muito importantes atualmente”, exemplifica.

O design estratégico no cenário de pandemia       

Daniel diz que a Arbo foi fortemente afetada na pandemia, pois muitos de seus clientes são da China. Por isso, o diretor da Arbo desenvolveu junto com sua equipe um sistema chamado de Venture Design – que é a utilização das estratégias de design com foco no investimento de empresas. Isso é muito comum na cultura de startups.

O diretor afirma que desta forma criou-se um “ambiente societário”, onde a Arbo é sócia das empresas, atuando na estrutura estratégica de seus parceiros. “Ao invés de investir dinheiro em uma empresa, investimos em ferramentas de design. A gente já vinha desenvolvendo esse projeto e durante a pandemia modificamos e criamos esse sistema, com o objetivo de gerar novos negócios e viabilizar os projetos externos de pequenos e médios clientes. E assim nos tornamos sócios dessas empresas”, diz.

No caso da Interfácil, Adriana comenta que a principal mudança foi na forma de fazer pesquisa com clientes. Antes da pandemia, a fundadora revela que só fazia pesquisas e entrevistas com usuários presencialmente, mas com as medidas de distanciamento social, houve a necessidade de migrar os processos de pesquisa para o digital.

“Num primeiro momento, as pessoas tiveram dificuldade em se adaptar à tecnologia e entender como funciona o Zoom [ferramenta de videoconferência]. Muita gente nunca tinha feito uma videoconferência antes, principalmente os usuários. Mas, à medida que as pessoas foram sendo obrigadas a entrar online, elas foram se adaptando e entendendo”, diz Adriana.

“Então, se antes a gente tinha que alugar uma sala e chamar o cliente, e às vezes as pessoas precisavam viajar até o local, hoje fazemos pesquisas até pelo WhatsApp, entrevistando os participantes remotamente. Eu, por exemplo, participei de um projeto onde o cliente estava na França, o cliente dele estava na China e os participantes estavam espalhados em várias cidades do Brasil e a pesquisa foi feita via Zoom. Então, foi uma mudança positiva”, declara.

Essa discussão foi realizada na Semana Acadêmica de Gestão 2021, que você pode conferir na íntegra clicando aqui. O evento contou com participação de alunos, trazendo depoimentos dos estudantes em vídeo, que relataram as vantagens de ser um aluno Uninter. A live foi mediada pelo professor Jaime Ramos e houve sorteio de brindes aos participantes.

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Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König


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