Encontro de periódicos da Uninter debate o funcionamento das publicações científicas

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

No último dia 31.março.2021 ocorreu o IV Encontro de Periódicos Científicos da Uninter, evento que contou com a coordenação da professora Cleci Elisa Albiero, do curso de Serviço Social, e com a participação especial do professor Lucas Massimo Tonial Antunes de Souza, de Ciência Política. A conversa abordou o tema “Por que entender os periódicos como instituições”.

Além das presenças já citadas, a abertura do evento contou com a participação do pró-reitor de pesquisa da instituição, Nelson Castanheira, e do diretor da Escola de Saúde, Rodrigo Berté, além da apresentação da coordenadora de pesquisa, professora Desiré Luciane Dominschek.

Castanheira afirma que uma pesquisa científica segue uma série de processos organizados, que os pesquisadores utilizam para desenvolver seu trabalho, com base nos procedimentos da ciência. “A pesquisa nada mais é do que a aplicação prática de uma série de processos, processos metodológicos de investigação, que são utilizados pelos investigadores para desenvolver o seu estudo. Esses processos são organizados passo a passo e de maneira intencional para a produção de conhecimento. Nenhuma pesquisa nasce por acaso, sempre há um ou mais objetivos a serem perseguidos pelo pesquisador, a intenção de esclarecer algo, com caminhos teóricos e práticos, obviamente baseados na ciência e em tudo aquilo que a ciência já produziu”, completa.

Outro aspecto abordado foi a natureza das publicações científicas. Um periódico científico é definido como um “tipo de publicação seriada, que se apresenta sob a forma de revista, caderno, boletim, anuário etc.” É através da comunicação científica que os estudiosos e pesquisadores registram seus trabalhos e permitem que suas pesquisas sejam conhecidas e estudadas por quem tiver interesse. Não se trata de comunicação restrita ao meio científico, mas sim aberta a qualquer um que possa interessar. Esses trabalhos são publicados em cadernos e revistas, dentro de cada área específica dentro da instituição.

Berté afirma que a ciência muitas vezes é apresentada tardiamente aos nossos jovens, e que isso se torna um grande desafio. “Os jovens só conhecem a pesquisa científica quando ingressam na graduação ou pós-graduação, então isso é um grande desafio para a ciência. O outro grande desafio é atravessar o momento atual em que o cenário é totalmente desacreditado, existe uma falta de investimento na pesquisa e um negacionismo que engessa a capacidade de produção do conhecimento científico de uma forma geral”, completa.

Ele ainda afirma que as inspirações da pesquisa vêm do cotidiano, e que é necessário buscar essa motivação para a produção do conhecimento: “Não existe ciência se nós não conhecemos também a forma do cotidiano. Nenhum pesquisador escreve se não sofre uma inspiração, faz parte do processo de pesquisar, estar inspirado. A pesquisa é a fonte produtora do conhecimento”, ressalta.

Lucas Massimo fala sobre por que devemos entender os periódicos como instituições. “Os periódicos científicos têm papéis próprios de um sistema de instituições, sendo figura central nos programas de pós-graduação. Eles também qualificam a produção intelectual, e uma das características que distinguem seus textos de outras revistas de grande circulação, é o processo de arbitragem, processo de emissão de pareceres científicos. Com o sistema de arbitragem, à medida que os periódicos existem, eles estão conferindo uma chancela, de que esse é um texto que possui qualidade e merece ser publicado. Se avalia o trabalho e não o pesquisador”, completa.

‘Periódico’ é algo que acontece periodicamente. Esse é o desafio. Quando se fala em um projeto, a previsão é que ele acabe um dia, mas os periódicos foram feitos para serem infinitos. Quando um projeto atinge seu objetivo, o passo seguinte é a publicação desses resultados, isso é o que fazem os periódicos científicos. Dessa forma, entende-se que os periódicos são instituições.

Massimo ressalta que “A dificuldade que se apresenta é de que forma é possível criar incentivos para que leitores leiam textos que foram escritos por pesquisadores, por qual razão um autor vai procurar o meu periódico? Um dos critérios é o Qualis (sistema brasileiro de avaliação de periódicos) que nos ajuda a fazer essa escolha. Os periódicos desempenham esse papel central, que é estar a todo momento atualizado, trazendo a público o resultado das pesquisas científicas”, finaliza.

As instituições são dispositivos normativos, conjuntos de regras que têm como finalidade acoplar valores a rotinas, nas quais o papel dos editores é definir regras: “As revistas passam a ser entendidas como instituições na medida em que os autores obedecem a essas regras. Isso se aplica desde como se faz uma referência bibliográfica, até mesmo o que vem a ser missão de um periódico, são as regras”, acrescenta o docente.

É importante entender que a missão aponta para onde o periódico vai, qual é a finalidade que aquele periódico tem, e que conter o elemento de utopia é necessário: “A missão mostra qual o futuro daquele periódico, para onde vai. É algo que orienta os próprios editores, a todo momento é preciso estar ciente da missão. Já o escopo, ou instruções aos autores, é algo externo. Serve para orientar os autores acerca de qual periódico eles vão escolher para submeter o seu trabalho”, reitera Lucas.

Para finalizar, o professor ressalta o que leva um periódico a funcionar como uma instituição. “Devemos entender os periódicos como instituições a partir do momento em que eles se perpetuam no tempo e no espaço. Quando nós, editores, estipulamos regras, e quando elas são observadas pelos autores, com essa dinâmica, com esse funcionamento ao longo do tempo, nós temos as revistas funcionando como instituições”, afirma.

O encontro de periódicos nasceu a partir da organização dos editores científicos da Uninter, que possui 8 revistas científicas ligadas às áreas da instituição, dos cursos nas áreas de negócios, humanidades e saúde, educação, jurídica e na politécnica. Todas as áreas têm periódicos científicos, tanto as revistas científicas, para divulgação de trabalhos de mestres e doutores, quanto também os cadernos, onde existe a participação dos alunos.

Você pode conferir a gravação completa do evento pelo Facebook ou pelo Youtube.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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