Cultura das cesarianas e desinformação podem afetar a amamentação
Autor: Ketlyn Laurindo da Silva - Estagiária de Jornalismo
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países que mais realizam partos cesárea no mundo, sendo 84% dos partos realizados pelo sistema privado e 57% realizados pelo SUS. Boa parte das mulheres optam pela cesariana, estimuladas pela falsa sensação de que o processo pode ser mais rápido e menos doloroso, sem considerar o quanto essa escolha pode afetar questões físicas e psicológicas.
O tema foi pauta do programa Saúde em Foco, da TV Uninter, no dia 5 de agosto de 2025. Barbara Carvalho recebeu as professoras da Escola Superior de Saúde Única (ESSU) da Uninter, a enfermeira Thanise Lima, a enfermeira obstetra Lorena Saavedra, e a médica pediatra Camila de Macedo, que é especialista em amamentação. As profissionais falaram sobre aleitamento materno, medos, inseguranças e, principalmente, desafios para as mães de primeira viagem.
Escolher o parto normal pode salvar a vida da mãe. A especialista Lorena explica que em partos agendados, como a cesariana, o corpo da mulher não tem o tempo para liberar vários hormônios necessários, que influenciam não apenas a amamentação, mas também ajudam a prevenir a hemorragia pós-parto, que é umas principais causas de mortalidade materna no Brasil.
Para além das questões fisiológicas, outro fator importante na hora da amamentação é a pega correta, ou seja, a forma que o bebê faz a sucção da mama. “A amamentação não é para ser uma coisa dolorida para a mulher, não é pra ser uma coisa sofrida”, diz a professora Thanise. Ela alerta também sobre a mastite, uma inflamação da mama que pode ocorrer durante o período de amamentação, mas pode ser evitada com as orientações corretas da equipe médica que acompanha essa mãe.
Ainda no âmbito da amamentação, a fórmula infantil é um suplemento alimentar frequentemente utilizado por muitas mães, desde aquelas de primeira viagem até as veteranas no assunto. Isso acontece por diversos fatores. Entre eles, o período de licença maternidade, de apenas quatro meses. O tempo de licença contraria o de amamentação recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que indica apenas leite materno nos primeiros seis meses de vida. Por essa necessidade de voltar ao trabalho, muitas mulheres optam pela fórmula.
Mas essa alternativa é realmente a melhor substituta? A professora Thanise explica: “A fórmula costuma ter mais proteína, às vezes esse excesso de proteína pode ser prejudicial, pode sobrecarregar um pouquinho o rim”. E, diferente do leite materno, não possui anticorpos e vitaminas, essenciais para o sistema imunológico do bebê.
É importante lembrar que cada gestação é única, e o corpo tende a se adaptar para atender as necessidades do bebê. Em casos de recém-nascidos prematuros, por exemplo, o corpo da mãe é capaz de modificar as composições do leite para suprir as necessidades nutricionais do filho.
Dentro de todos esses acontecimentos que sucedem a chagada de um bebê, outra questão se faz presente na maternidade atual, o desmame precoce. “Existe um mito muito grande acerca disso, a gente vem de uma cultura do desmame onde a gente coloca muitas barreiras em relação à alimentação, o que acaba induzindo muitas mulheres a desmamarem de forma precoce”, explica Camila.
Gerar uma vida traz inúmeras inseguranças e dúvidas, mas a melhor e mais segura forma de lidar com as incertezas da maternidade é procurar orientações médicas especializadas, seja do pediatra ou da equipe médica do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para saber mais sobre aleitamento materno, confira a edição completa do programa Saúde em Foco.
Autor: Ketlyn Laurindo da Silva - Estagiária de JornalismoEdição: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: Pexels/Wendy Wei e Reprodução/Youtube






