Como o Brasil enfrenta as questões ambientais?

Autor: Milena Souza - Estagiária de Jornalismo

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), 90% dos estados brasileiros enfrentam problemas ambientais, pois há anos o país vem sofrendo com muitos desmatamentos, queimadas e ações que contribuem para a destruição do meio ambiente. Por isso, é cada vez mais importante saber como agir e quais os motivos estão levando o Brasil a esse cenário.

Esse foi o tema debatido na última edição do programa Brasil: nosso país em transformaçãoexibido no dia 15.jun.2021 pela Rádio Uninter. O programa teve como tema o panorama das questões ambientais no Brasil e contou com a apresentação da professora Sandra Lopes, coordenadora do curso de Pós-graduação em Meio Ambiente da Uninter. O convidado para o bate-papo foi o professor Francisco Castelhano, que falou sobre a posição do nosso país perante as questões ambientais.

O Brasil, por mais que seja falho em desenvolvimento social e econômico, possui um papel de protagonista nas questões ambientais. “Dentro do nosso território está a maior reserva de biodiversidade do planeta. Esperamos que o nosso país assuma esse papel no âmbito das políticas internacionais”, afirma Castelhano.

O professor ressalta que não é de hoje que interesses ruralistas são de grande importância na política nacional, pois boa parte dos políticos têm uma herança dentro das oligarquias rurais procuram defender seus interesses na arena política, muitas vezes entrando em conflito com a causa ambiental. Francisco explica  que esse cenário veio se modificando principalmente no final dos anos 1980, a partir da redemocratização. Nesse momento surgiu um movimento do governo brasileiro para alterar a imagem que o país tinha de ser um pais rural e sem consideração pelo meio ambiente.

“A gente sabe que a discussão entre o desenvolvimento econômico de um lado e a preservação ambiental do outro sempre acabou sendo a grande protagonista no cenário político, em que o interesse financeiro se sobrepõe à questão ambiental”, destaca Castelhano.

Para o professor, a extensão territorial e as grandes diferenças entre as regiões brasileiras colocam dificuldades na hora de cumprir as políticas ambientais. Centralizar certas políticas ambientais sem levar em conta a condição territorial de cada região ou estado não vem produzindo resultados satisfatórios. Por isso é necessário descentralizar políticas ambientais por meio das secretarias estaduais e municipais.

Castelhano destaca que é preciso pensar coletivamente. “Um dos principais problemas quando discutimos questões ambientais é que  muitas vezes ela acaba sendo muito limitada a ações individuais, mas o que temos que levar em conta é que a preservação ambiental é muito mais que isso. Estamos falando de uma ação política, da voz do cidadão dentro de uma democracia, falando da economia e do  tipo de política que o país segue. A preservação ambiental não depende somente das ações individuais, mas é antes uma questão política muito complexa”, comenta.

Pra concluir, o professor ressalta que no que diz respeito à conservação do meio ambiente, o Brasil regrediu nos últimos anos. “Os números de desmatamentos e queimadas cresceram no Brasil, estamos com uma série de problemas nos institutos federais e estaduais no âmbito das fiscalizações e monitoramento, e dificuldades de aplicar a legislação ambiental dentro do pais’’.

O professor ainda garante que os motivos para isso são de questão política, afirmando que enquanto um lado dos políticos são das bancadas ambientalistas, outros estão alinhados com os interesses de empresários que ainda não enxergam a preservação ambiental como forma de desenvolvimento. “Com o passar dos anos, o meio ambiente ainda é visto como obstáculo para o mundo econômico, e isso é um grande problema, pois precisamos que o desenvolvimento ande em conjunto com as questões ambientais, portanto temos um longo caminho a percorrer”, conclui.

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Autor: Milena Souza - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: CBM/RO


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