Aula inaugural do curso de História propõe reflexões sobre a atuação profissional

Nesta sexta-feira (02/09), acontece a aula inaugural do curso de História da UNINTER, com a participação da doutora em História e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcella Guimarães. A convite do coordenador do curso, André Cavazzani, e da professora Mariana Trevisan, a palestrante discutirá temas como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o desafio de fazer história medieval no Brasil, além de apresentar sua trajetória enquanto professora, pesquisadora e escritora de livros infantis.

Em suas pesquisas, Marcella propõe interfaces entre a História Medieval e a Literatura do período, com destaque para as produções da Baixa Idade Média (prosa e poesia).  Com intensos estudos na área, também é militante da BNCC, fato pelo qual foi convidada a conversar, pessoalmente, com o Ministro da Educação, José Bezerra Filho, em Brasília.

Na proposta original, a Base prevê a reformulação do currículo de todas as escolas brasileiras de educação básica e, em virtude disso, levantou polêmicas ao propor padronizar 60% dos conteúdos a serem apresentados aos alunos dos ensinos Fundamental e Médio, ano a ano — os outros 40% serão definidos pelas próprias instituições e redes de ensino, contemplando particularidades regionais. Com isso, a iniciativa deverá impactar também a confecção de livros didáticos, processos de avaliação e, até mesmo, os cursos de licenciatura.

Segundo a professora, alguns aspectos fomentaram polêmicas na primeira versão, de setembro de 2015. “Ela excluía a história medieval e priorizava a história nacional. Em nome da pretensa valorização do nacional, as elites continuariam a ter acesso ao patrimônio cultural amplo, enquanto muitas crianças que só têm em suas bibliotecas familiares o livro didático teriam acesso apenas a uma parte do conhecimento a que têm direito como cidadãs”, explica.  Ainda de acordo com Marcella, as alterações propostas impactarão, diretamente, no exercício profissional. “No futuro, os hoje alunos precisarão programar as aulas com base neste guia, onde  a historia antiga e medieval será ministrada apenas no 6º ano, quando os alunos estão com idade próxima a dez e 11 anos”, esclarece.

Além de provocar uma reflexão sobre o assunto, a palestrante também abordará o desafio de se fazer história medieval no Brasil. “Além de estar longe dos arquivos, os pesquisadores brasileiros ainda sofrem muito preconceito, principalmente, por parte de colegas estrangeiros. Contudo, nossos estudiosos têm alcançando tanto ou mais êxito que grandes nomes internacionais, uma vez que são conscientes da grande necessidade de foco ao realizarem suas pesquisas. Como exemplo, cito a professora da UNINTER, Mariana Trevisan, que realizou um belíssimo trabalho de pesquisa em Portugal, trabalho que conheço bem por ter integrado sua banca de defesa”, destaca.

Graduada em Letras e com mestrado em Literatura Portuguesa, Marcella também falará sobre o atual trabalho no projeto A circulação da informação entre os reinos ibéricos e a França nos séculos XIV e XV.  Outro tema a ser discutido será o desafio de se comunicar com crianças e adolescentes de forma didática. “Como pesquisadora, vejo que é um compromisso da universidade conversar com a sociedade como uma forma de propagar o conhecimento. Enquanto escritora, trabalho na produção de material didático, escrevendo livros para as crianças de todo lugar do Brasil. Para isso, sempre penso nas especificidades e limitações geográficas, pois muitas vezes o meu livro é o único recurso que muitos têm”, diz.

Diante do exposto, o objetivo de Marcella é propor uma apresentação sobre esses assuntos, inerentes ao dia a dia do futuro profissional, bem como estimular reflexões acerca do que é o próprio ensino, o que inclui repensar a estrutura em diferentes aspectos.

 

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