Aprendizagem das crianças é o foco nas pesquisas da área de educação

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O período escolar da criança, principalmente nos primeiros anos, é fundamental para seu desenvolvimento em uma sociedade. Os aprendizados e estímulos que recebe impactam diretamente na sua forma de pensar, se comportar e agir no meio social. É na escola que ela começa a ter os primeiros contatos com outros seres e a descobrir o mundo.

Muito se diz que hoje os pequenos não têm limites e não respeitam mais as regras que antes eram atendidas prontamente, mas a verdade é que os tempos são outros e eles também têm seguido o avanço que acontece em todos os âmbitos da vida. Naturalmente, aparecem novas demandas e a necessidade de mudança na forma como lidar e ensinar as gerações mais recentes.

“Não é só mudanças de conceito, mas principalmente de atitude diante desse ser humano que precisa ser respeitado dentro dos seus limites. Precisamos, sim, ter a criança em foco. A criança não é um adulto em miniatura, precisa ser respeitada, precisa ser ensinada”, afirma a professora Dinamara Machado, diretora da Escola Superior de Educação da Uninter.

Visando essas transformações, a área de Educação realizou, no dia 03.nov.2020, um Seminário Multidisciplinar com o tema Educação especial e inclusiva, a criança em foco. O evento é uma parceria com o departamento de egressos da Uninter, sob comando de Sidney Lara. O setor é um espaço de acolhimento e inserção de estudantes e egressos no mercado de trabalho. Também atua na promoção e apoio em produções e publicações de pesquisas.

O debate teve sua primeira noite centrada no tema Criança em foco, com a exposição de estudos realizados por egressas do curso de licenciatura em Pedagogia. As pesquisas foram publicadas no Caderno Intersaberes intitulado Criança em foco: contribuições para docência. Este ano os egressos passaram a integrar os grupos de pesquisa da instituição, com estudos acerca dos aprendizados que receberam durante a formação e suas experiências profissionais.

O aprendizado desde o berçário

Ao contrário do que se imagina, os estímulos direcionados às crianças podem ser realizados desde o primeiro contato escolar, para aquelas que ainda estão no berçário. A egressa Evelyn Rosário percebeu, a partir de uma experiência profissional, que a maioria dos educadores que trabalham nesse setor atuam mais como cuidadores do que com atendimento pedagógico.

Através de pesquisas sobre o assunto, a professora observou que quase não havia informações a respeito dessa atuação. Com isso, decidiu realizar o estudo O atendimento pedagógico na educação infantil. Evelyn diz que a maior experiência nessa fase é o brincar, pois isso gera interesse em aprender e descobrir novas coisas por parte das crianças.

A profissional diz que desde que começou a estudar e produzir o artigo, percebeu que o pensamento e as práticas de atuação têm avançado. Ela, que no começo do curso não tinha pretensão de atuar com educação infantil, observou a evolução das crianças a cada dia com suas práticas e passou a se interessar pela área. Hoje, Evelyn acredita que esses anos iniciais são “a base de tudo”.

“O que eu coloco bastante em prática são os estímulos nos trabalhos de simulação com eles, através da brincadeira. Estímulo cognitivo, motor, visual, que nós precisamos trabalhar desde bebês. A contação de histórias, que não pode faltar em qualquer etapa da vida da criança. Adaptamos para eles, fazemos de uma forma diferenciada, não necessariamente todos juntos, no mesmo momento. E apresentação dos livros para eles estarem manuseando também, aprendendo a ter esse gosto desde pequenos”, conta a egressa.

O método Montessori

Juliana Rosa é professora de educação infantil e optou por realizar uma pesquisa sobre o processo do desenvolvimento cognitivo através de materiais apresentados por Maria Montessori. O artigo desenvolvido pela egressa é O método Montessori e o desenvolvimento cognitivo da criança.

“Montessori era uma educadora muito importante para os nossos dias, ela criou materiais sensoriais, exercícios de vida prática, em que a criança se desenvolve de uma forma prazerosa. A criança vai trabalhar com aquele material e vai desenvolvendo o lado cognitivo, o lado social, vai desenvolver independência”, explica.

As grandes protagonistas nesse método são as crianças, enquanto os profissionais atuam mais com a observação e mediação de objetos com forma, cores e texturas diferentes. Esses materiais permitem que as crianças aprendam através do toque. Por exemplo, em um alfabeto de lixa, que elas tocam, mexem e aprendem as letras com o tato.

Juliana diz que “o aprendizado da criança é do concreto para o abstrato”. O professor Bruno Simão, que atua na ESE, completa e afirma que “esses estímulos enriquecem de tal forma a prática da criança, que elas têm um despertar para o aprendizado, diferente daquilo que nós esperamos ou até projetamos para a criança”.

A importância da contação de história para o desenvolvimento infantil

Contação de história é o tema central da pesquisa realizada pela egressa Tatiane Dias. Com o tema A arte de contar histórias como prática pedagógica, a profissional quis associar o trabalho de conclusão de curso com o desenvolvimento dos alunos com os quais atuava. Ela acredita que a prática pode contribuir com as crianças “fortalecendo vínculos sociais, educativos e afetivos”.

“Eu queria desenvolver a criatividade, a imaginação e a oralidade. Eu gostaria de desenvolver todos esses aspectos cognitivos justamente através da contação de histórias. E também trazer o contato da criança com o lado lúdico, porque é uma característica de extrema importância para o desenvolvimento”, explica.

Tatiane conta que através da realização do artigo e sua aplicação prática, ela conseguiu apresentar a parte lúdica de contar histórias como algo mais prazeroso para os alunos. Ao mesmo tempo, foi capaz de criar um hábito de leitura para eles, desde a educação infantil, como algo que faz parte do dia a dia e não como uma obrigação da escola.

A professora lembra que as famílias vivem realidades diferentes e que muitas não têm acesso a materiais, ou mesmo tempo para desenvolver esse lado das crianças, pois trabalham a maior parte do dia para garantir o sustento da casa.

“Dentro da sala de aula, nós temos que ver que nós somos responsáveis por esse desenvolvimento. Por isso, a gente precisa buscar, pesquisar histórias, inúmeras maneiras de trazer a ludicidade. Muitas vezes em casa isso não acontece”, salienta.

Qual é o papel dos pais na educação dos filhos?

Suelen de Castro, através do estágio que realizou em uma creche, foi instigada a pesquisar sobre a presença dos pais na vida escolar das crianças. Ela observava que muitos apenas deixavam os filhos de manhã e buscavam a tarde, mas pouco se interessavam em participar ou mesmo conversar com os professores.

Sendo assim, o artigo intitulado A importância da participação dos pais na educação infantil tem o intuito de mostrar como os educadores podem aproximar os pais das instituições. “Uma pequena porcentagem tem interesse realmente em acompanhar o ensino escolar das crianças”, afirma a egressa.

Suelen lembra que começou os estudos enquanto atuava da educação infantil e teve a confirmação de sua percepção quando passou para o ensino fundamental. De acordo com ela, a mesma situação pode ser observada em todas as fases dos estudantes. Hoje, como mãe, ela percebe uma importância ainda maior no acompanhamento de cada fase das crianças.

“Nós somos os mediadores da aprendizagem dessa criança e nós vamos ter que ser esses agentes organizadores. Nós, pais, professores, estamos ali para conduzir esse processo”, conclui.

O professor Bruno diz que o primeiro ponto é perceber as ações dos filhos. “É ter um olhar mais atento para aquilo que está acontecendo. As nossas crianças, principalmente da educação infantil, têm uma forte tendência a nos dizer algo sem falar, apenas nas ações. E a nos mostrar algo que nós não estamos vendo concretamente, é algo mais empírico. Então, nós temos que apurar este olhar”.

As egressas e os professores da área da Educação debateram sobre os assuntos na primeira noite de evento, realizado virtualmente, através de transmissões ao vivo. O bate-papo completo segue disponível para acesso na página de Educação e canal da ESE.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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