A escrita feminina como forma de arte

Autor: Izadora Alves - Estagiária de Jornalismo

Palavras dão asas à imaginação, e da soma de revoadas nasce a literatura. Para que as palavras ganhem os céus, existe um caminho difícil a ser percorrido, principalmente quando falamos sobre a escrita das mulheres, quando essas ganham notoriedade por não permitirem que a poesia da vida se perca com versos resumidos sobre as suas histórias.

Na “escrevivência” das mulheres negras que são protagonistas da sua história, encontram-se a experiência e o sentimento de poder ampliar e empoderar o potencial de tornar realidade tudo aquilo que se possibilita pensar, refletir e denunciar. Tal resposta surge como reação à ideia de sermos somente as que zelam pelo lar e pela família, sem perceber que, dia após dia, o espaço almejado na literatura e na sociedade se tornou necessário e urgente para a representatividade feminina.

Fortes e resistentes, de poemas intimistas até relatos de observação, escritoras como Clarice Lispector (também jornalista), Carolina Maria de Jesus (relatando com sensibilidade sobre a vida na periferia) e Conceição Evaristo (primeira autora negra a ser indicada para Academia Brasileira de Letras) trouxeram olhares diversificados, pluralizando as diferentes culturas dentro da sociedade e trazendo ainda mais o protagonismo por meio da leitura, enraizando e inspirando dentro de seus contos e romances as próximas gerações que enfatizavam a busca incessante pela liberdade em poder agir, falar, sentir e escrever.

O meu olhar não é seu

A perspectiva da luta dessas e demais mulheres fez com que a coragem e o desafio de poder direcionar olhares e críticas à realidade para além do lar também se destacasse quando crenças, ações e modos comportamentais eram mencionados, fazendo com que mais histórias ganhassem espaço para externalizar anos de censura e submissão. Os tempos atuais, com o impacto da pandemia de Covid-19, ocasionaram um olhar mais sensível, atento e cuidadoso no ato de escrever, permitindo à autora uma introspeção maior para buscar em sua essência o feminino e a arte.

No programa Chave Interdisciplinar, da Rádio Uninter, que foi ao ar no dia 5.mai.22, a professora da Escola de Educação Larissa Hildemberg ressalta a responsabilidade e atemporalidade da escrita. “Quando escrevo por mim, também escrevo por você e escrevo por todas as outras mulheres que estão ao meu redor, que vieram antes de mim e que ainda virão depois de mim. Quando faço isso, deixo de ser este ‘segundo sexo’ [em alusão à obra de Lispector]”, afirma. “Para estar em primeira pessoa, estar no domínio da minha vida e no domínio das minhas emoções, de tudo que está ao meu redor e das minhas relações sociais, seria interessante pensar por aí o caminho da escrita feminina.”

As asas nem sempre estarão em nossas costas, assim como as palavras hão de faltar à ponta da pena, mas a interação com o universo, por ações ou poesias, sem perder a essência que nos move, pode ser o essencial para a liberdade feminina na palavra e na vida.

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Autor: Izadora Alves - Estagiária de Jornalismo
Edição: Arthur Salles - Assistente de Comunicação Acadêmica
Créditos do Fotógrafo: RF._.studio/Pexels e reprodução


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