A erradicação de doenças transmissíveis é pauta da Agenda 2030

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

De acordo com as Nações Unidas Brasil, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) “são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e prosperidade”. O conjunto de 17 áreas que envolvem questões de todo o planeta Terra é um plano de ação para mudar o mundo até 2030.

Dentre os assuntos discutidos está a ODS 3, sobre Saúde e Bem-estar. Dentro do tema, um dos itens mais importantes a serem transformados é o 3.3. Este conta como meta “até 2030 acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis”.

Para entender melhor as doenças de maior destaque, profissionais da área da saúde, que atuam como professores em cursos de Pós-graduação da Uninter, apresentam os principais pontos sobre a realidade de cada uma delas e os avanços que estão sendo vistos.

  1. AIDS

A AIDS foi reconhecida pela primeira vez em 1984, infecção que acontece pelo vírus HIV. Até hoje não há uma vacina para combate o vírus. O uso contínuo da medicação pode prolongar a vida do infectado em até 30, 40 anos, além de diminuir o risco de infecção de outras pessoas, por baixar a carga viral. O Ministério da Saúde aponta que, só no Brasil, cerca de 112 mil pessoas possuem AIDS, mas não sabem que carregam a doença.

“Nós temos aí três casos de cura, sendo dois casos de pacientes de HIV que receberam transplante de medula cujo doador era resistente ao vírus HIV. Existe um caso na Universidade Federal de São Paulo de uma paciente que recebeu tratamento com um coquetel antirretroviral atualizado e parece ter sido curada. Outros casos na Inglaterra, nos Estados Unidos, que estão sendo acompanhados, foram submetidos a esse novo coquetel que parece evoluir para a cura. Essa é uma luz no final do túnel, uma cura definitiva para os mais de 40 milhões de pessoas infectadas por HIV no planeta Terra”, conta o professor Daniel de Christo.

  1. Tuberculose

Já no caso da tuberculose, Daniel diz que não há notícia de alguém que seja resistente, mas ao contrário da AIDS, existe vacina e tratamento com antibiótico, que evolui para a cura. A patologiacausada pela bactéria mycobacterium tuberculosis, foi reconhecida em 1882, e a vacina existe desde 1921. Ainda assim, em 2019 a doença registrou 78 mil novos casos no Brasil. O grande desafio nesse caso diz respeito aos próprios pacientes, que veem a melhora já nas primeiras semanas e abandonam o tratamento.

“O paciente interrompe o tratamento, não eliminou a infecção, continua transmitindo e isso só agrava o problema dessa epidemia. Então cabe a nós, profissionais da saúde, esclarecer, informar a população. No caso de ter um paciente conhecido, acompanhar de forma que faça o tratamento de forma adequada até o final”, aconselha.

  1. Doenças tropicais negligenciadas

Essas são doenças transmissíveis que costumam ocorrer em áreas tropicais e subtropicais, com prevalência em 149 países, incluindo o Brasil. São chamadas de negligenciadas devido ao atraso em relação a tratamentos e erradicação. Além de acometer pessoas mais vulneráveis em relação à falta de saneamento básico e acesso a serviços de saúde, também há problemas em avanços relacionados à pesquisa e desenvolvimento. Entre as patologias estão a dengue, a hanseníase, a malária, doença de chagas, doença do sono, entre outras.

A professora Ana Paula Coimbra destaca a situação da malária, principalmente no Brasil. “A gente acaba tendo um ciclo vicioso em que nós temos muitas vezes um grande aporte de recurso para tentar erradicar essa doença e, quando os casos diminuem, as pessoas parecem esquecer a doença ou deixam de lado. A Fio Cruz publicou que em 2019 cerca de 99% dos casos de malária no nosso país aconteciam na região amazônica. Essa é a região, de longe, mais afetada para nós e onde a gente tem que concentrar os esforços para que consiga essa erradicação”, salienta.

O desenvolvimento de doenças para além da saúde humana

Senão todas, muitas dessas doenças não dependem só da saúde e são agravadas por fatores ambientais. A professora Pricila de Souza afirma que muitas delas vêm principalmente “da imigração da população, que antes era focada em áreas rurais e hoje estão migrando para as áreas urbanas”. Muitas dessas pessoas vão em busca de um emprego e melhoria de vida, mas estas áreas industriais nem sempre estão adaptadas para receber esse crescimento desordenado, sobretudo em relação a saneamento básico.

“Há uma tendência e esse processo de urbanização acelerado também tem que visar a controlar fatores de risco ambiental que podem vir a causar doenças negligenciadas. É uma realidade que o Brasil, devido a sua extensão geográfica, vivencia com frequência”, ressalta Pricila.

Pensando nisso, o professor William Sales destaca a importância de se pensar na saúde única, que integra as saúdes humana, animal e ambiental. “Se eu quebro o equilíbrio, se eu quebro essa tríade, eu abro margem para instalação de vários processos patológicos, para o surgimento de várias doenças negligenciadas. Nós precisamos manter esse equilíbrio. No momento atual que nós estamos vivendo, nas abordagens da ODS de um modo geral, precisamos pensar único, precisamos pensar em saúde única e tentar encontrar um equilíbrio entre essas três áreas.”

Os profissionais debateram sobre o assunto na terceira live da Maratona de Pós-Graduação da Uninter, intitulada “Transformando nosso mundo”. A transmissão foi realizada através do canal do Youtube do Grupo Uninter, com tema sobre Saúde e Bem-estar, apresentado e mediado pela professora Joice Diaz.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pixabay e reprodução


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