A era dos dados pede um Governo 4.0

Autor: Fillipe Borba - Estagiário de Jornalismo

Existem tecnologias que perpassam a vida das pessoas e elas já naturalizaram sua existência. Um exemplo delas é a inteligência artificial, que está presente nas redes sociais que acessamos diariamente direcionando o conteúdo que consumimos por meio de algoritmos. O Big Data já permite a coleta e o manuseio de volumes imensos de dados a qualquer indivíduo com acesso à internet. O Blockchain, tecnologia que reúne diversas movimentações com segurança em servidores online, é utilizada por moedas digitais como o Bitcoin.

Todas essas tecnologias possuem algo em comum: estão sendo utilizadas por Estados no mundo todo para aliar a tecnologia à gestão pública. Esse movimento é chamado de Governo 4.0, que foi o tema central da segunda noite da 2ª Semana do Administrador Público, evento organizado pela coordenação dos cursos de Gestão Pública e Administração Pública da Uninter. A transmissão da conversa se deu pelo Univirtus.

Além da coordenadora dos cursos de Gestão Pública e Administração Pública, Manon Garcia, estavam presentes os convidados Murilo Bastos, que trabalha há 12 anos no setor de tecnologia desenvolvendo soluções para o setor público e atualmente comanda uma equipe de 20 colaboradores de arquitetos e engenheiros. E Alex Teixeira, que é professor na First Nations University of Canadá, sediado na cidade de Regina.

Manon comentou que o encontro vem em bom momento. “A tecnologia tem um papel cada vez mais relevante na tomada de decisões do setor público. Por isso é importante estar atento às novidades”. O professor Alex, que reside há 2 anos no Canadá, explicou a relação entre o poder público e a tecnologia. “O foco aqui hoje é desenvolver modelos de gestão informacional e inteligente. Os serviços públicos precisam chegar no cidadão, fazer com que ele use os serviços. O ideal é se antecipar às necessidades do cidadão, promover um serviço customizado, com análise preditiva”.

Para Alex, a tecnologia é uma ferramenta para desenvolver qualidade de vida. Ela pode auxiliar diversos setores da cidade a ter uma gestão mais eficaz, por exemplo, o transporte público. Só neste setor já é uma realidade o uso de georreferenciamento para monitorar os ônibus e evitar atrasos, controlar os semáforos para evitar engarrafamentos, entre outras medidas.

“Um grande gargalo no setor público acontece nas licitações. Elas deveriam ser unificadas. A gestão do risco sobre informação e utilização dos dados seria mais fácil”. Manon aponta esse problema e Murilo trouxe sua expertise para vislumbrar possíveis soluções. “O servidor público hoje é a mola mestre do que sai na praça. Eu sinto que às vezes eles não têm o empenho necessário para atender as demandas. Hoje existe uma grande dificuldade de juntar as informações. Agrupar todos esses dados. Quando os dados forem melhor operados, as licitações serão mais eficazes para atender o cidadão”.

Com os dados tomando esse lugar de protagonismo na vida pública, uma preocupação importante é com a privacidade dos dados e dos cidadãos. Murilo explicou que antes de monitorar as pessoas, a tecnologia deve servir a população. “O principal objetivo deve ser diminuir a distância entre o poder público e o cidadão. Mensurar as regiões que vão precisar de demandas, por exemplo. E também facilitar o acesso das pessoas a informações como os gastos públicos. Atualmente, pessoas que são leigas tem dificuldade em acessar os dados”, pontua.

“A previsão no serviço público deve estar rotulada com bom senso. Os dados não podem ser utilizados de forma política, isso vai gerar um problema. Aqui o orçamento é desenvolvido pela câmara dos lordes, eles podem legislar encima de dados. Tudo isso faz parte de um governo eletrônico, que com essas informações, sabe para onde destinar mais verba, onde instalar uma escola nova, um hospital novo. Isso ajuda em um planejamento de longo prazo, para entender onde queremos chegar em dez anos, por exemplo”.

Mesmo com os avanços do Governo 4.0, há um descompasso entre a tecnologia utilizada no setor público e na iniciativa privada. “O que a iniciativa privada usa hoje, o serviço público vai utilizar daqui cinco anos. É mais ou menos isso que eu vivencio. Existem alguns casos em que órgãos de tecnologia entram na frente. Mas quando se pensa em poder judiciário, por exemplo, a implantação de novas tecnologias é mais demorada”, explica Murilo.

Manon finalizou a discussão sentenciando a relevância da tecnologia na gestão pública. “Esse momento de crise nos mostrou que esse cenário de dados e informação é o presente e o futuro, não tem mais volta”. A 2ª Semana do Administrador Público se encaminha para o final. O último dia do evento será transmitido pelo Facebook do curso de Gestão Pública, e você pode seguir a fan page clicando aqui.

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Autor: Fillipe Borba - Estagiário de Jornalismo


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