Uninter forma novos grupos de estudantes para projetos PIBID e Residência Pedagógica

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

No Brasil, existem atualmente pouco mais de 1,5 milhão de estudantes em graduações de licenciatura. Esse é um dado que preocupa profissionais e estudiosos da área, pois faltam profissionais no magistério.

Nos últimos anos, algumas ações políticas de formação e valorização dos docentes foram colocadas em prática. Primeiro, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), em 2007, para estudantes desde a fase inicial da licenciatura. E mais recentemente, o Residência Pedagógica (RP), implementado em 2018, para graduandos com pelo menos 50% do curso concluído. Os dois programas estão inseridos na Uninter e, nas últimas semanas, novas turmas foram formadas.

Dinamara Machado, diretora da Escola Superior de Educação da Uninter, lembra que fazer pesquisa no Brasil não é fácil, tampouco “levantar a bandeira” de um PIBID e uma RP em uma instituição privada. Mas, sabendo do papel social que possui, a instituição assume o compromisso e faz a manutenção anual dos projetos. Para Dinamara, os alunos que participam ganham, além de uma bolsa, um crescimento para a vida toda.

“Nós sabemos que precisamos melhorar o ensino nas escolas públicas, sejam elas estaduais ou municipais, e que uma dedicação maior deve ser dada àquelas escolas ou localidades onde o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] está abaixo da média nacional”, ressalta Nelson Castanheira, pró-reitor de pós-graduação, pesquisa e extensão da Uninter. Ele lembra que “80% dos professores de licenciatura saem das instituições privadas”.

Para dar boas-vindas aos novos integrantes dos programas e homenagear aqueles que participaram das turmas de 2019, foi realizado o VII Seminário PIBID e Residência Pedagógica. O evento, no dia 30.set.2020, foi transmitido ao vivo pela página de Pesquisa Uninter e canal do Grupo Uninter. A professora Desiré Dominschek, coordenadora de pesquisa da instituição, apresentou e mediou todo o bate-papo entre profissionais e aqueles que interagiam via chat, deixando suas impressões e dúvidas acerca do assunto.

“O que nos alegra é que estamos consolidando ações que são fundamentais para o nosso desenvolvimento, o nosso crescimento e, claro, com todas as consequências de que de fato nós estamos produzindo algo muito bom para a realidade do país. Parabéns a todos que estão participando. Estejam certos de que vocês estão dentro de um contexto muito relevante para o crescimento desse país”, salienta Benhur Gaio, reitor da Uninter.

Nilson Cardoso, professor na Universidade Estadual do Ceará (UECE) e presidente do Fórum Nacional de Coordenadores Institucionais do PIBID (Forpibid), também participou da abertura do evento. Ele ressalta o impacto que a participação no projeto exerce para a formação dos estudantes.

“Ao finalizar as atividades de vocês no PIBID e no Residência, vão sair com uma marca que nós professores não tivemos, que é chegar na docência com sentimento de experiência. Nós do Forpibid/RP contamos com a participação e movimento de todos que compõem as lutas e defesas desses programas. É uma luta constante, permanente, a gente tem feito essa defesa e tem tido sucesso, haja vista que nós estamos aqui”, incentiva Nilson.

Os percalços da docência

Sandra Lemos, vice-reitora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), foi coordenadora do PIBID entre os anos de 2015 e 2018 e diz que os programas abarcam três pontos: a formação de qualidade; a integração da pós-graduação com formação de docentes, escolas e alunos de educação básica; e a produção e disseminação do conhecimento. Para ela, essas intersecções são de muita importância, pois trazem uma aproximação entre escola e universidade.

“Não tem como não entendermos o quanto isso qualifica a formação e, por consequência, qualifica a educação, as escolas. Todos saem ganhando se tudo isso for concretizado e é possível concretizar a partir dos programas. O diferencial que o PIBID traz para a Universidade, para a instituição onde ela está, é justamente a possibilidade da inserção do graduando na escola. O PIBID e o RP promovem essa total imersão do aluno na realidade do contexto escolar”, afirma.

Segundo a profissional, é importante problematizar e promover discussões sobre os vários discursos que surgem para desvalorizar a imagem do professor e o papel que ele exerce dentro das salas de aula. Uma das falas que podem gerar essa depreciação da profissão seria a de que “o professor trabalha por amor e não por dinheiro”.

“Essas discussões sobre docência e profissionalismo há muito tempo vêm servindo de contexto para vários eventos de formação, mas também entra na questão das próprias discursividades do dia a dia, serve para alimentar acalorados debates em todas as áreas. Eu poderia elencar aqui vários enunciados que tratam da questão de discutir a docência em todas as dimensões, mas especificamente na parte política ela vem com alguns tópicos, como a importância de o professor ter que buscar o piso [salarial]”, aponta.

Em pesquisa realizada pelo Movimento Todos pela Educação, em 2018, 49% dos docentes dizem que não aconselhariam seus alunos a seguirem a mesma profissão. Muito disso se deve às constantes lutas que precisam enfrentar e à falta de reconhecimento de suas funções. Segundo um levantamento realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 2,4% dos jovens de 15 anos no Brasil têm interesse na profissão docente.

“É um dado que nos preocupa, porque poderemos viver em breve um apagão de professores na escola”, ressalta Sandra. Ela ainda diz que “A formação docente é justamente algo que nos mobiliza para pensar a questão da educação, pensar a importância que ela deveria ter no nosso país. Essas pesquisas nos mostram que há a necessidade de continuidade da formação docente”.

Sandra reforça a luta enfrentada por todos da área de educação e manutenção de pesquisas. Ela afirma que “ser professor em um país como o nosso, nada mais é do que exercer a resistência”.

A docente foi a palestrante do VII Seminário PIBID e RP, e destacou em sua fala o impacto dos programas dentro da instituição na qual atua, além de sanar dúvidas de quem assistia à transmissão ao vivo. O evento continua disponível para acesso, através do Facebook e também do Youtube.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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