Uma viagem ao mundo grego através das manifestações culturais, políticas e esportivas

Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia

Marcos de Mileto, Florípedes de Corinto, Maria Thereza de Siracusa, Katiuscia de Olímpia, Alysson Espartano, Jeimily da Creta e Laryssa de Atena. Será que não tem algo errado? Não seria Tales de Mileto, aquele primeiro filósofo ocidental (600 a.C) que observava a natureza, que contribuiu com a matemática e por meio de narrativas procurava entender o surgimento do universo? Vamos explicar.

Os professores da Área de Linguagens Cultural e Corporal da Uninter se transformaram nesses filósofos e pensadores da Grécia Antiga para participar do evento “Arena Cultural – Espaço de manifestações esportivas e culturais”. Uma ação inovadora e multidisciplinar – nas áreas de Artes Visuais, Educação Física e Música. O que permitiu aprendizagem aos estudantes e atividades práticas.

O mundo presente está repleto de referências do mundo grego: nos campos da música, da arquitetura, nas artes visuais. Vários povos (Éolios, Jônios, Dórios) chegaram na península balcânica e formaram a civilização grega, era uma soma de outras culturas. Muitas vezes, consideramos que o pensamento racional tem origem nos gregos, mas outras civilizações, como a egípcia, também apresentava racionalidade no modo de pensar o mundo, mesmo que dentro de concepções religiosas. Entre as contribuições do mundo grego está a democracia. Uma trajetória que não é linear e que sofre alterações ao longo dos séculos.

Maria Thereza David João, historiadora e docente da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter, participou do evento e explicou sobre a democracia grega e sua contribuição para o mundo ocidental. “Quando a gente fala na Grécia, sempre associa à democracia, que é o nosso sistema atual. Só que tem muita diferença entre a democracia dos gregos e o que a gente entende hoje. Porque a gente recebe influências do pensamento liberal da Revolução Francesa e do próprio pensamento cristão. A democracia existia na cidade de Atenas porque não era toda a Grécia que adotou sistema. Era muito excludente. Quem fazia parte do conjunto de cidadãos era um grupo muito pequeno. Era mais ou menos 10% da população”, explica a professora.

“Primeiro, tinha que ser nascido em Atenas, o pai e a mãe atenienses, homem livre e proprietário de terras. Para preencher todos esses requisitos era bem complicado. Hoje temos uma democracia mais ampla, para fazer parte hoje, precisa nascer em solo brasileiro (no caso do Brasil), ou em caso de estrangeiro, ser naturalizado brasileiro. Não é só voto que nos dá garantia da democracia, ela também faz parte de um conjunto de direitos e deveres. A nossa democracia hoje é representativa, mas na Grécia era direta. Eles se encontravam em praça pública, a Ágora, onde se discutia os assuntos importantes da pólis, a cidade-estado grega. Antes disso, tinha um debate”, explica a docente.

Durante essa jornada de conhecimento, os professores simbolizaram a tocha Olímpica, símbolo das Olímpiadas, na medida em que revezavam o objeto durante o encontro.

“Eles realizaram práticas corporais, faziam exercícios físicos, mas, de fato, não eram esportes. Esse conceito veio depois, elas foram importantes na educação e formação do povo grego, principalmente na Antiguidade. Os jogos oficialmente foram registrados no ano de 776 a.C., mas se tem outros registros de até cerca de 2.700 a.C, nos jogos fúnebres, rituais realizados a partir da morte de alguém, e tiveram origem na cidade de Olímpia. Jogos criados em homenagem a Zeus, já eram realizados de quatro em quatro anos, criados para celebrar a paz entre os povos”, comenta a professora do curso de Licenciatura em Educação Física da Uninter Katiuscia Mello Figuerôa.

A educação básica na Grécia era composta pelas práticas corporais, a música e a matemática. Após a conquista do território grego pelos romanos, os jogos olímpicos foram interrompidos. Após isso, os romanos realizavam disputas entre guerreiros, como modo de entretenimento. Os jogos olímpicos só retornaram só na Era Moderna, pelo Barão Pierre de Coubertin em 1896, em Atenas.

A professora Larissa Priscila Bredow Hilgemberg falou sobre a mitologia grega e contribuição do povo helênico para o mundo das artes, três trabalhos principais como as pinturas em cerâmica, a arquitetura e escultura. Muitos dessas obras representavam os deuses da mitologia grega, as práticas corporais, cotidiano, guerra e o fúnebre.

Períodos da arte grega que podem ser divididos em:

  • Arte Micênica (1.500 a.C a 1.200 a.C);
  • Arte Geométrica (900 a.C);
  • Arte Arcaíca (700 a.C a 480 a.C), e na arquitetura a ordem Dórica;
  • Arte Clássica (480 a.C a 323 a.C), e na arquitetura a ordem Jônica.
  • Arte Helenística (323 a.C a 31 a.C), expansão das artes gregas pela Europa e Ásia, após o domínio do Império Romano, e na arquitetura a ordem Coríntia.
  • Arte Período Romano (Século I a.C até 5 d.C), e na arquitetura arte compósita.

“Muito do que foi criado na época, e por outros povos antigos, nós trazemos para a nossa sociedade de hoje. Os gregos têm uma mitologia riquíssima. Muitos conceitos, como o próprio Narciso. O rapaz que não poderia olhar para si próprio, porque ele era a pessoa mais bonita da face da Terra. Um dia, um Deus se enfureceu e fez ele olhar para si mesmo. Ele se olhou no rio, achou tão linda imagem que precisava se tocar, e se afoga no rio. A gente traz esse conceito do narcisismo tão presente nos dias de hoje. As selfies, por exemplo. A gente tem outros tantos personagens mitológicos que trazemos até hoje, na cultura e na psicologia. Existe um olhar da psicologia que compreende cada um dos deuses gregos, que traz um pouco do nosso ser, de como nós somos”.

Logo depois Jeimely Heep Bornholdt, docente do curso de Licenciatura em Música da Uninter, explicou a importância dos gregos para a música, como por exemplo, os “modos gregos” ou “escalas gregas”, e apresentou diversos instrumentos da cultura helênica.  A música era considerada a “arte das musas” (história da epopéia, comédia, retórica, tragédia, dança, poesia lírica, e outros).

Na sequência da transmissão ao vivo, a professora Katiuscia entrevistou Ana Sátila Vargas no quadro “Você na Tela”, estudante de Educação Física da Uninter, que conquistou o primeiro lugar na última Copa do Mundo de Canoagem, em 2020, na modalidade slalom. Atualmente, ela é a terceira colocada no ranking mundial. Ana Sátila tem 25 anos, mas começou a praticar aos 9.  Além de já ter disputado duas edições dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e no Rio de Janeiro, em 2016.

“Iniciei o curso em 2017. Eu tinha como ideia aprender como aquele treino iria me ajudar, uma curiosidade muito grande de aprender porque estava treinando aquilo, tudo o que o meu corpo precisava para se tornar uma atleta melhor, desde a preparação física, mental e nutricional. A Uninter me ajudou muito. A gente vive viajando. Me identifiquei o curso EAD. Ajuda bastante, tornou tudo mais fácil”, comenta a atleta.

Durante a programa ainda foram apresentados os “mascotes”, trabalhos em desenho que foram desenvolvidos pelos estudantes durante a semana. Eles precisavam serem relacionados com a temática do evento. Logo, depois uma atividade prática foi realizada, com participação de Regiane Moreira, professora do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Uninter. A oficina foi realizada com argila, mas também poderia ser executada com massa de modelar. A docente demonstrou passo a passo para a montagem de uma escultura.

“Eu quis um trazer exercício, um pouco em relação à modelagem. Quando gente está falando do corpo, a gente está falando de uma idealização, é um padrão estético que quer ser visto, ser admirado pelos seus contornos. A Grécia está muito atual. O culto ao corpo ainda está em nossa sociedade atual”, comenta a professora.

No fim, o docente Alysson Siqueira tocou um instrumento musical chamado Phominx, da família das Liras. O objeto também foi apresentado pela professora Jeimily. Os alunos enviaram trovas, poemas de quatro versos em redondilha maior, e também enviaram vídeos executando instrumentos musicais, como gaitas ou violão, que foram exibidos na live.

O evento “Arena Cultural – Espaço de manifestações esportivas e culturais” ocorreu no dia 25.mar.2021, contou com transmissão ao vivo pelos no canais no Youtube (acesse aqui) e Facebook da Área de Linguagens Cultural e Corporal (clique aqui). A live também foi realizada nos canais da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter. A apresentação foi de Florinda Cerdeira Pimentel. A iniciativa é um projeto de extensão, e os estudantes participantes recebem certificado de 6 horas complementares, após a realização de atividade no Univirtus.

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Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: A. Savin/Wikimedia Commons e reprodução Facebook


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