Um legado de Star Wars: a sensacional trajetória de Corradini da terra para as telas

Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo

Assim como os filmes de Star Wars revolucionaram o mundo do cinema nas décadas de 1970 e 1980, André Luiz Delgado Corradini, que tem duas tatuagens inspiradas na franquia desta ópera espacial, já vislumbrava desde 1995 um mundo revolucionário onde pudesse unir suas grandes paixões: a agronomia, a sala de aula e o audiovisual. Mesmo sendo um sonho distante, algo dentro dele já prenunciava o que estava por vir. A fusão do sonho com a realidade se daria numa das esquinas do marco zero de Curitiba (PR). Antes disso, o mundo deu muitas voltas.

Paulistano da zona norte, sua relação com a capital paulista vai muito além da certidão de nascimento e de sua paixão pelo Palmeiras. São Paulo é a cidade onde cresceu e viveu momentos importantes. Mas, apesar do carinho, Corradini não escondia o desejo de se mudar, pois a “rotina maluca” da megalópole o deixava exausto. Quando foi estudar agronomia em Taubaté, em 1983, passou sua primeira temporada fora, ainda que episodicamente. A formatura viria em 1987 (foto do destaque). Como Taubaté fica a 130 km da capital, as cansativas idas e vindas aguçaram ainda mais essa vontade de sair.

Diante desse desejo incontido de mudança, Corradini teve dois momentos de virada em sua trajetória. O primeiro foi quando decidiu sair de São Paulo e se mudar para Curitiba, em 1995, recomeçando do zero. Passado um tempo, acabou retornando. Ficou mais um período na capital paulista, mas resolveu ganhar o mundo novamente, desta vez em definitivo.

O trabalho como engenheiro agrônomo o fez conhecer vários lugares e colecionar experiências valiosas. Trabalhou em fazendas, foi para o sul de Minas Gerais, para o interior de São Paulo, foi produtor rural e também trabalhou fazendo a conservação das principais áreas verdes de São Paulo. Mas, sempre inquieto, Corradini correu atrás do que sempre o moveu: mudança. Foi aí que voltou a Curitiba para trabalhar com produção audiovisual com o Canal Rural, e então descobriu outra paixão: o vídeo.

“A hora em que entrei nesse mundo, eu pensei: isso aqui é sensacional! Eu amo e sempre fui um fanático por televisão e por cinema. Foi a minha primeira experiência profissional no campo audiovisual, e vi que a comunicação é uma área que eu gosto demais”, diz Corradini. Essa paixão vem desde as primeiras lembranças da infância.

Quando pequeno, Corradini ficava grudado na frente da tevê preto e branco e sua mãe tinha de tirá-lo à força. Sua relação com a tevê e o cinema remetem às memórias de uma época especial, a sua infância. Desde então, essa paixão só aumentou. “É diferente a relação da minha geração com o cinema, pois eram cinemas de rua. Meu pai me levava aos domingos de manhã para assistir à sessão matinê, que tinha Tom e Jerry, Os Três Patetas, O Gordo e o Magro. Eu contava os dias para ir assistir”, ressalta (veja o sorriso de satisfação da criança na galeria de fotos).

Ao longo dos anos, vivenciou grandes momentos da ficção científica no cinema, e daí surge sua paixão por Star Wars, que ficou marcado até na pele. “Eu comecei a frequentar muito o cinema, comecei a colecionar filmes, tenho DVDs, bonecos dos filmes. Virou uma paixão. Ter a possibilidade de trabalhar com vídeo, com a edição, e entender o cinema como profissional e não só como espectador, como é produzido e todo o lado técnico, foi muito legal”, conta.

Foi Corradini quem escreveu o livro sobre cinema utilizado como material pedagógico pelos cursos da área de comunicação da Uninter, o que é motivo de um orgulho enorme. “Foi uma possibilidade de colocar a minha paixão pelo cinema por escrito. Eu assisto tudo, sou apaixonado, ficaria o dia inteiro falando do cinema, tranquilamente”, afirma.

A sala de aula

“Gente, isso aqui é fantástico, eu não quero mais sair daqui”. Esse foi o sentimento de Corradini quando entrou pela primeira vez em uma sala de aula como professor. A mãe, os tios e a esposa são professores, mas Corradini nunca tinha pensado em dar aulas. Não havia como ignorar tamanha influência familiar, e então o chamado para a docência gritou alto.

Graças à experiência adquirida na produtora do Canal Rural, surgiu em 2000 uma oportunidade para ser professor de edição de vídeo em um curso técnico da Impacta Tecnologia, em São Paulo. Além disso, Corradini também foi consultor da multinacional Adobe Inc. para o lançamento dos softwares de vídeo no Brasil, principalmente no Nordeste. Foi o insight para começar a planejar a carreira. Buscou pós-graduação e mestrado, procurando conciliar a vida profissional com os estudos.

Era o início do seu segundo ponto de virada, que começaria a se concretizar ao ingressar na Uninter como professor. A possibilidade de trabalhar na instituição surgiu após a conclusão do mestrado em Maringá (PR). Foi onde as coisas começaram a mudar e as portas da academia se abriram. “Fiz mestrado em gestão do conhecimento e há 20 anos venho me especializando em EAD [educação a distância]. Entrei no mundo da comunicação em 1995, já trabalhando em videoaulas, em fitas VHS, quando ainda nem se pensava em videoaulas”, conta.

Além de dar aulas para os cursos de Jornalismo Publicidade e Propaganda, Corradini também trabalha como editor de vídeo na Central de Notícias Uninter, cuja redação fica ao lado da Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba. “A CNU faz um trabalho sensacional, que une a comunicação aos alunos, a extensão, e é um trabalho único. Nenhuma universidade tem algo como a CNU. E aí foi uma delícia, consegui unir a comunicação com cinema, edição, tevê, e agora estão surgindo novas oportunidades. É um prazer enorme estar na CNU, é muito bom fazer aquilo que gosta com quem a gente gosta. Então, sou um privilegiado, só tenho a agradecer”, diz.

Esse trabalho foi um salto para começar a realizar o sonho de duas décadas. Durante a reunião semanal com a equipe da CNU em seu gabinete (antes do início da pandemia), o reitor da Uninter, Benhur Gaio, ficou sabendo que Corradini é engenheiro agrônomo – e dos bons. A conversa foi o embrião de uma ideia que há muito estava em gestação: a criação de cursos nas áreas de ciências agrárias, engenharia agronômica e afins.

“Conversei com o Benhur, com o professor Jorge Bernardi [vice-reitor] e com o professor Tom [Antonio Lázaro Conte, diretor da Escola Politécnica]. Juntos, decidimos criar o melhor curso de ciências agrárias em EAD do Brasil. Sem dúvidas será o melhor , pois a Uninter proporciona isso. Eu entrei como coordenador e nós estamos na fase de desenvolvimento, criando as grades e tudo mais. É um trabalho diário, grandioso, e é muito prazeroso. Isso é a realização de um sonho”, afirma.

Corradini saiu da terra para as telas e agora poderá voltar para a terra levando a agronomia para as telas. “Há 20 anos eu estava na agronomia, e sempre amei a comunicação e a edição de vídeo, sempre quis unir isso tudo, esses amores profissionais. Vim martelando na cabeça, em unir as ciências agrárias e as videoaulas. Hoje, graças aos visionários que existem na Uninter, há a possibilidade de criar cursos de ciências agrárias. Tudo que eu pensava há mais de 20 anos, agora tenho a possibilidade de realizar. Eu fiquei maravilhado”, diz.

Corradini nunca teve medo de recomeçar para fazer o que gosta e, muitas vezes, recomeçar do zero. “Me sinto um privilegiado, pois só trabalhei com coisas que eu gosto; quando não gostava, eu ia embora”, afirma. Já dizia o poeta Leandro Flores: “O sonho é o combustível que move o sentido da nossa vida. É a essência, o adubo que nos vitamina e nos faz crescer. É o produto principal da nossa mente. É a razão para a nossa existência”. Corradini segue em busca dos seus sonhos. “O dia que eu não tiver mais sonho, eu me enterro. Nós vivemos de sonhos”, conclui.

Hoje estabelecidos em Curitiba, Corradini, a esposa, Fátima, e o filho, Victor, encontraram um lugar em que foram acolhidos tanto na vida profissional quanto na vida pessoal, e onde escolheram permanecer. A história dele é “Sensacional!!!”, para usar o bordão que o notabilizou em suas aulas. Para conhecer mais sobre essa história, assista à entrevista que ele concedeu ao programa Memória Viva, da Rádio Uninter.

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Autor: Matheus Pferl - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


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