Tecnologias em sala de aula são sinônimo de melhoria?

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo

A velocidade do mundo em que vivemos promove mudanças frenéticas na interação humana e em como a sociedade opera suas atividades cotidianas. Isso porque é cada vez maior o número de tecnologias digitais presentes nos mais diversos segmentos.

Na educação, por exemplo, a utilização de celulares, computadores e tablets é bastante encorajada por profissionais da área de tecnologia com a promessa de avanços significativos no modo de aprendizado dos alunos. Mas, que avanços seriam esses?

De fato, a presença das tecnologias em sala de aula levanta inquietações. A temática foi o foco de estudo dos pesquisadores e mestres em Filosofia Thiago David Stadler e Deleon Oliveira Santos em 2022.

No artigo “Tecnologias digitais: uma nova “Ágora” ou um mero agora?”, publicado pela Revista Intersaberes, os acadêmicos buscam refletir sobre o impacto das tecnologias digitais no processo educacional.

Afinal, será que as tecnologias não são utilizadas como meras atualizações de práticas pedagógicas já envelhecidas? A inserção de tecnologias em sala de aula é sinônimo de melhoria da qualidade do ensino?

Dados do Censo Escolar 2020, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam a realidade da educação brasileiras frente ao uso das tecnologias digitais como ferramentas pedagógicas.

No ensino fundamental, a rede escolar dos municípios é a que tem a menor capacidade tecnológica. Somente 38,3% dispõem de computador de mesa, 23,8% contam com computadores portáteis, 52% possuem internet banda larga e 23,8% oferecem internet para uso dos estudantes.

Os dados disponíveis no site do Ministério da Educação também apresentam as conclusões dos pesquisadores sobre o uso de tecnologia digital na educação em diferentes regiões do país. O Centro-Oeste, por exemplo, revelou ter 83,4% das escolas de ensino fundamental com internet banda larga. Em seguida, estão as regiões Sudeste (81,2%) e Sul (78,7%).

As conclusões preocupantes se referem às regiões da porção norte do país. Nestes locais, os índices de aprimoramento tecnológico ainda são baixos. A região Norte (31,4%) e o Nordeste (54,7%) são os que têm a menor conectividade.

O levantamento mais recente do Mapa da Conectividade na Educação aponta que pelos menos 30 mil escolas municipais não estão conectadas à internet no país. Isso evidencia o ainda dificultoso avanço tecnológica nas metodologias de educação.

“Como professores do ensino público brasileiro, devemos atentar que na maioria de nossas instituições de ensino as tecnologias se apresentam como um tema ainda delicado e vivenciado apenas teoricamente”, afirmam os alunos no artigo.

Ao explicarem sobre o propósito de seu trabalho acadêmico, eles contam que acreditam ser mais interessante levantar questões sobre até que ponto e como as tecnologias podem exercer um papel de mediação pedagógica de forma significativa. Educar para o uso consciente dessas tecnologias também é fundamental.

Os alunos escrevem que “o tempo da instrução e da educação não acompanha a velocidade das tecnologias, pois edificar a razão e a sensibilidade demanda tempo e permanente interesse”.

Para ambos, não basta apenas afirmar que vivemos numa cultura tecnológica. É necessário elaborar um planejamento do uso das tecnologias em sala de aula capazes de atender as exigências do processo de aprendizagem e de educação de qualidade.

Pedagogia e tecnologia digital

A influência das redes sociais na formação do debate público é um grande exemplo de como as tecnologias digitais impactam a vida contemporânea. Mas diferente do que muitos pensam, nem toda tecnologia ou plataforma exerce uma função estritamente educacional.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels/Julia Cameron


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