Sustentabilidade também está ligada à igualdade de gênero

Autor: Maurício Geronasso - Estagiário de Jornalismo

Ao falarmos de sustentabilidade, pensamos automaticamente em meio ambiente, preservação da natureza, métodos que possibilitem vivermos em um mundo com menos poluição etc. Pouca gente sabe que as próprias relações humanas também estão ligadas a esta questão.

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou, em 2016, um estudo referente aos impactos das mudanças do clima no mundo, concluindo que os principais afetados seriam principalmente os mais pobres e aqueles que vivem em países subdesenvolvidos. Dentro desses grupos mais afetados, as mulheres encontram-se em posição ainda mais vulnerável. Por esse motivo, a promoção da igualdade de gênero é um dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável que fazem parte da Agenda 2030, concebida pela ONU.

A professora Bettina Heerdt foi convidada pela 2° Maratona da Sustentabilidade, promovida pela Escola de Saúde, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter, para falar sobre o tema “Igualdade de gênero”. Pesquisadora em questões de gênero na educação científica, ela entende que “é muito importante pesquisarmos e discutirmos esse tema, pensando na relação entre questões de gênero e ciência, para que possamos construir um mundo pacífico, próspero e sustentável”.

As mulheres atualmente correspondem à metade da população mundial. O avanço nas condições de vida das mulheres e na igualdade de direitos reflete na melhoria de vida global para todos. Se não combatermos a desigualdade, não chegaremos a uma ideia global de sustentabilidade. Não basta apenas querer mudar, adverte Bettina, é necessário entender o que é a desigualdade de gênero e como ela está definida em nossa sociedade para que possamos promover mudanças.

Dentre os problemas mais evidentes nessa questão está a violência contra a mulher, fruto do machismo estrutural que ainda se faz presente em nosso país, como aponta o Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2020. Os números mostram que durante a pandemia os registros de violência doméstica caíram em torno de 10% no primeiro semestre de 2020, em comparação com o ano anterior. Mas esses dados apenas refletem a maior dificuldade na procura de ajuda devido ao isolamento social, sendo que os agressores são na grande maioria os companheiros e familiares. Isso se reflete nos índices de feminicídio, que aumentaram.

É necessário que os avanços em prol da igualdade também cheguem ao mercado de trabalho, pois persiste em nossa sociedade uma grande diferença nas médias salariais entre os gêneros. Mulheres em cargos similares a homens ainda ganham em média 23% a menos. Outro problema aqui é o acúmulo de atividades domésticas, ainda majoritariamente realizadas pelas mulheres, o que gera mais estresse e afeta os índices de produtividade no trabalho.

É necessário que haja um investimento em políticas públicas para que essas desigualdades sejam superadas, por parte de empresas e órgãos governamentais. Mas, sobretudo, é preciso mudar a forma como as mulheres são vistas e tratadas cotidianamente em nossa sociedade. “A mulher deve reelaborar seus próprios conceitos, não aceitando ser propriedade e objeto de ninguém, lutando sempre pela igualde de direitos e por um mundo mais sustentável”, conclui Bettina.

Você pode assistir à palestra completa clicando aqui.

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Autor: Maurício Geronasso - Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pikisuperstar/Freepik


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