Soluções sustentáveis buscam mitigar o impacto de eventos climáticos extremos
Autor: Nayara Rosolen e Rafael Lemos
Os registros de eventos climáticos extremos subiram 222% só na última década, um efeito das temperaturas mais elevadas no planeta. Um estudo inédito realizado pela rede de colaboração, Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, aponta que entre 1991 e 2023 o Brasil teve mais de 26 mil desastres relacionados a chuvas, o que afetou 91 milhões de pessoas.
Exemplo disso são os desastres ocorridos no Rio Grande do Sul. Pouco mais de um ano após a grave crise socioambiental, em 2024, o Rio Grande do Sul (RS) voltou a ser atingido por fortes chuvas. Até o dia 27 de junho de 2025, cerca de 155 municípios foram afetados com enchentes e inundações. Mais de 700 pessoas foram resgatadas, cinco morreram e quase dez mil se encontravam desabrigadas.
A situação preocupa e não é um caso isolado. Diferentes regiões do Brasil e do mundo têm sido impactadas com eventos climáticos semelhantes. A frequência de fenômenos extremos como esse acende um alerta sobre a população, que se vê em insegurança e, muitas vezes, perde tudo o que tem.
Explicações sobre a recorrência e consequências dessas tragédias são indagadas. O doutor em meteorologia, Murilo Lopes, que atua na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirma que esse cenário é resultado do aquecimento global, causado pela emissão de gases de efeito estufa.
De acordo com o profissional, no futuro essas situações tendem a ficar mais frequentes. As chuvas tendem a agravar, em especial nas estações de outono e inverno, com maior volume e concentração de água, em curtos períodos de tempo. Isso é o que gera as cheias repentinas, daí a importância de medidas para proteção da população e preparação da sociedade para que não ocorram mais fatalidades.
Estruturas sustentáveis e inovadoras
As mudanças climáticas já são realidade. A população é desafiada todos os dias a enfrentar as consequências desse cenário, principalmente nos grandes centros e áreas mais densamente povoadas. Assim, surgem projetos e soluções que buscam mitigar esses efeitos, como o uso de estruturas verdes na paisagem urbana. O doutor em Biologia e Conservação e coordenador do tecnólogo em Saneamento Ambiental da Uninter, Augusto Silveira, explica como funcionam.
Muito mais do que aspectos estéticos, essas estruturas têm se tornado instrumentos eficazes na construção de cidades resilientes, sustentáveis e mais preparadas para encarar os desafios desses eventos extremos. No caso do RS, o diretor da empresa de tecnologia Tecta, João Paulo Roberto, salienta que a aquisição de telhados verdes no estado gaúcho cresceu de forma significativa desde a catástrofe do ano passado. Resultado de políticas públicas que dão melhores condições para que a população implemente alternativas.
O programa de incentivo fiscal conhecido como IPTU Verde, por exemplo, é adotado por diversas cidades em todo o Brasil e concede descontos para proprietários de imóveis que aderem à práticas sustentáveis. É necessário um investimento inicial para a implementação das estruturas verdes, entretanto, as vantagens superam o custo.
Como se trata de uma inovação, é preciso que haja conscientização de todos os setores para que as estruturas verdes sejam popularizadas e adotadas tanto por empresas privadas, quanto setores públicos e sociedade.
Autor: Nayara Rosolen e Rafael Lemos
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Igor Horbach