Sílvio Tapajós, um exemplo de como manter a arte viva

Autor: Barbara Carvalho - Jornalista

A arte está intimamente ligada à história e à evolução do ser humano. Desde a época das pinturas rupestres, podemos observar que tais tipos de manifestações estão presentes como forma de expressão dos sentimentos e ações. Além disso, sabemos que a arte pode trazer vários benefícios ao indivíduo, como promover flexibilidade, ampliar horizontes e aumentar as conexões com as pessoas e o mundo.

São motivos como estes que fizeram Sílvio José Costa Alves, ou Sílvio Tapajós, 41 anos, entrar no mundo das artes e nunca mais sair. Morador da cidade Itaituba, sudoeste do estado do Pará, Sílvio é aluno do curso de bacharelado em Artes Visuais da Uninter e está no terceiro período. Artista nato, ele conta que sua ligação com tudo isso surgiu ainda criança.

“As artes sempre me acompanharam, desde muito novo com os desenhos que fazia e uma veneração por HQ’s, que me acompanham até hoje. Na adolescência, busquei me capacitar fazendo um curso de desenho artístico e publicitário, fui aprimorando a técnica, fazendo os trabalhos escolares como cartazes, reprodução e ampliação de imagens para ilustrar os seminários (pois, na época, não tínhamos projetor de imagens) e etc”.

E foi a área dos desenhos que levou Sílvio a descobrir sua verdadeira vocação como artista no campo da atuação. “Foi quando pintei umas camisas para uma companhia teatral e fui convidado a conhecer a companhia, que estavam montando um espetáculo, no Sesc. Daí em diante tive a certeza do meu propósito de existência”, lembra.

Desde então, Sílvio não parou. Foi treinando até que resolveu dar um passo a mais na carreira e tentar algo diferente. Aceitou o desafio e essa força de vontade o levou a participar do Primeiro Festival de Monólogos do Cinepalco, evento totalmente online promovido pela Escola de Artes do Rio de Janeiro. “Era um desafio, por isso resolvi participar. Precisava sair da minha zona de conforto com as atuações coletivas e ser avaliado isoladamente, por profissionais qualificados”.

Um monólogo é aquele tipo de apresentação onde o texto é produzido para ser lido ou interpretado por apensas uma pessoa. Essa forma de apresentação, onde o ator faz o discurso para si mesmo, resulta no público uma sensação de estar lendo a mente do interprete.

O talento é tanto que, apesar de ter sido sua primeira apresentação de um monólogo, ele foi vencedor em sua categoria, uma batalha disputada com outros atores de todo o Brasil. O roteiro apresentado é do do escritor Fael Vellso, intitulado Eu assim. Conta a história do desabafo de uma pessoa que optou por se realizar profissionalmente para deleite de outros, enquanto sua satisfação profissional seria outra totalmente oposta. Todavia, essa pessoa não desiste e dedica-se em dupla jornada para concretização do seu sonho.

“Onde pensava em receber apenas uma certificação de participação, para agregar ao meu portfólio e apresentar junto ao Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão) e retirar meu registro profissional, acabei levando o prêmio. Estou muito feliz com o resultado. Está me rendendo frutos até agora”, diz. Com o prêmio, Sílvio levou para casa certificado e troféu de campeão.

Apesar do talento estar sendo reconhecido nacionalmente, Sílvio não obtém renda de sua arte. Atualmente, trabalha na área da saúde e tenta conciliar o horário dos plantões no hospital com os ensaios e espetáculos. “No teatro, atuo e dirijo o grupo, por isso tem como conciliar (pois fica na minha responsabilidade os ensaios), mas sempre dá aos finais de semana e feriados”, relata.

No momento estamos em meio a uma pandemia que instalou uma quarentena, impossibilitando as pessoas de assistir a peças de teatro. Porém, a internet vem ajudando quem está com saudade desse tipo de magia. A tecnologia proporcionou a realização do Festival Cinepalco, dessa forma, contribui para a reinvenção da arte, mantendo as cortinas sempre abertas.

“Nesse momento caótico em que vivemos, ela [a arte] esteve se reinventando para poder contribuir com a saúde mental de todos. Dessa maneira, é positiva minha avaliação sobre a utilização dos meios tecnológicos para manter a “chama acesa”. Afinal, estamos no século 21”, opina Sílvio.

E o talento de Sílvio não se limita aos monólogos. Nas artes cênicas, ele fez apresentações de palhaçaria, peças teatrais de cunho evangelístico e culturais. Na parte visual, já trabalhou com intervenção urbana de mensagens reflexivas em placas das árvores da sua cidade e ainda, pretende participar de um vernissage (evento cultural com exposição de peças de pintores, fotógrafos e escultores).

Além do Festival de Monólogos do Cinepalco, Sílvio também participou do Festival On-line Minuto de Esperança, concorrendo a uma bolsa de estudos. E toda essa história tem futuro. Para Sílvio, manter a arte viva é fundamental, e ele pretende continuar sua jornada na carreira artística.

“É minha vida! Já venho atuando no teatro há algum tempo e também em projetos sociais, porém no momento pretendo realizar algo próprio. Pretendo construir um registro histórico local. Com isso tenho o desejo de ter minha própria escola-teatro e escrever um livro contando a trajetória dessa linguagem artística, em minha cidade”, conta.

Sílvio foi um dos alunos que participaram da campanha 1 minuto de talento e também participou do programa Conversa com o Reitor, na Rádio Uninter. Para conferir sua participação na campanha, acesse o link.

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Autor: Barbara Carvalho - Jornalista


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