Reiki pode ser aliado diante dos sintomas do tratamento contra o câncer de mama
Autor: Icaro Palha - estagiário de jornalismo
O câncer de mama, além de ser uma das principais causas de mortalidade feminina no Brasil, segundo dados do INCA, carrega consigo um peso emocional e social que transforma profundamente a vida das pacientes.
No Brasil, os números são alarmantes: mais de 66 mil novos casos foram registrados recentemente, com forte incidência na Região Sul e no Estado do Paraná. O levantamento foi divulgado no artigo “Práticas integrativas: uma comparação da qualidade de vida de mulheres com diagnóstico de câncer de mama” sobre qualidade de vida das mulheres com diagnóstico de câncer de mama. O estudo foi publicado no dia 23 de março de 2025 na Revista Brasileira de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde pelo grupo de pesquisa com Géssica Tuani, Letícia Pezzini, Rafaela Thomé e Franciele Nascimento.
Embora os avanços da medicina tenham ampliado as chances de sobrevivência, os tratamentos convencionais, como a quimioterapia, ainda trazem consigo uma série de efeitos colaterais que vão muito além do físico, incluindo fadiga, insônia, ansiedade e medo. Nesse contexto, cresce a busca por alternativas que complementam o cuidado médico e ofereçam suporte integral às mulheres em tratamento.
Entre as práticas integrativas reconhecidas pelo SUS, o reiki desponta como uma terapia capaz de devolver equilíbrio e qualidade de vida às mulheres que enfrentam a quimioterapia. O reiki busca restaurar a energia vital e proporcionar bem-estar físico e mental. Sua aplicação, baseada na imposição das mãos, é descrita como uma experiência de relaxamento profundo, capaz de reduzir tensões e favorecer a recuperação emocional. Ainda que não substitua os protocolos convencionais, essas práticas vêm sendo estudadas como aliadas na melhoria da qualidade de vida, abrindo espaço para uma abordagem mais humanizada e integral no enfrentamento do câncer de mama.
Para investigar o assunto, os autores do artigo realizaram uma pesquisa experimental, não randomizada, com abordagem qualiquantitativa, desenvolvida com seis mulheres, em colaboração com uma organização social dedicada ao apoio de pacientes oncológicos no estado do Paraná.
Com o avanço das sessões de reike, as pacientes relatam mudanças perceptíveis em seu cotidiano, especialmente no que diz respeito ao sono e ao controle da ansiedade. No início, muitas descrevem noites mal dormidas e despertares frequentes, acompanhados de pensamentos negativos e preocupações constantes. Após a prática, surgem relatos de noites mais tranquilas e reparadoras, como sensação de descanso real.
A ansiedade, que antes se manifestava em forma de irritabilidade e medo, pode ser substituída por maior serenidade e capacidade de lidar com os desafios do tratamento de maneira mais equilibrada. Além disso, sintomas físicos como dor de cabeça, fadiga e fraqueza apresentam redução significativa, permitindo que algumas mulheres retomassem pequenas atividades da rotina que haviam sido interrompidas. Essa melhoria não se restringiu ao corpo, mas também ao aspecto emocional, já que muitas participantes afirmaram sentir-se mais fortes e confiantes para enfrentar o processo de cura.
O reiki, nesse contexto, não apenas amenizou sintomas, mas também favoreceu o aspecto emocional, já que muitas participantes afirmam sentir-se mais fortes e confiantes para enfrentar o processo de cura. A prática devolveu às pacientes uma sensação de controle e esperança, elementos fundamentais para atravessar o tratamento oncológico com dignidade e qualidade de vida.
Os dados coletados durante a pesquisa reforçam essa percepção, mostrando que após as sessões de reiki houve melhora significativa na escala de desempenho funcional das pacientes. Antes da prática, muitas estavam classificadas como incapazes de realizar atividades normais sem esforço ou necessidade de ajuda frequente; depois, observou-se avanço para níveis de maior autonomia e capacidade de autocuidado. Essa evolução ainda que não represente a cura da doença, demonstra o potencial da terapia em oferecer qualidade de vida em meio ao tratamento.
Os relatos apontam para uma redução expressiva de sintomas como náuseas, dores de cabeça e ansiedade, que costumavam persistir por dias após a quimioterapia. Dessa forma, a terapia integrativa não se limita a aliviar desconfortos momentâneos, mas contribuiu para que as mulheres se sentissem mais preparadas emocionalmente para enfrentar os próximos ciclos. Essa sensação de fortalecimento interior foi descrita como essencial para manter a esperança e a disposição, elementos que muitas vezes se perdem diante da dureza do tratamento convencional.
Os autores do artigo destacam que as práticas integrativas estão sendo cada vez mais utilizadas no complemento ao tratamento convencional, mas elas devem ser orientadas por profissionais e coordenadas com a equipe médica para garantir segurança, visando a uma abordagem mais holística, melhorando a qualidade de vida e o enfrentamento da doença.
Autor: Icaro Palha - estagiário de jornalismoEdição: Larissa Drabeski
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